Costumo dizer que esta única expressaão de Jean-Jacques Rousseau resume a França como a conhecemos hoje apesar de todas as marcantes diferenças entre classes, seja por distinções econômicas, étnicas, religiosas ou até geográficas.
O meu ponto é que em pouquíssimos países se percebe um lema nacional tão levado a sério, como notei desde a minha primeira aqui, no ano de 1978, quase no final do Governo Geisel.
Nesta época, comunistas – ao menos para mim – comiam criancinhas. Por essa razão me recordo bem que, logo após desembarcar do moderno DC-10 da Varig em Orly Sud (é, definitivamente, o tempo passa) e pegar um táxi para casa, o Rafael, meu cunhado à época, por pura diversão, perguntou ao taxista qual era a sua preferência política.
Veio a resposta: ele era comunista, e eu, com treze anos, logo pensei que fosse me devorar, o que felizmente não aconteceu.
Mas me fez, após crescer no Brasil do “Ame-o ou deixe-o”, começar a ver as coisas de maneira mais aberta. Aqui, naquela mesma época, vi minha primeira passeata e vivi a minha primeira greve.
Agora, já estou de volta aqui há quase dois anos e tenho tido excelentes oportunidades ao tentar me habituar a um dia-a-dia normal, de um habitante da cidade e não mais de um turista ou visitante.
Confesso que o que mais me espanta são dois pontos distintos: o primeiro é o custo de vida, que é muito, mas muito mais barato que do Rio ou São Paulo e olha que estamos falando de Paris, que é disparada a cidade mais cara da França.
E o segundo é a facilidade das coisas da vida privada, como colocar a conta de luz em meu nome para ter um comprovante de residência, fazer o seguro de saúde da família e dos cachorros, abrir uma conta num banco, assinar uma TV a cabo, internet e telefones fixo e celular e até comprar um carro.
Para a conta de luz bastou passar um fax com o contrato de locação, e pronto. E o mais fantástico é que, baseado no consumo do cliente anterior, pude escolher o quanto vou consumir e pagar de energia para os próximos doze meses: se for a mais ou a menos, ao final do contrato recebo créditos ou pago a diferença.
Minha TV a cabo tem – pelo preço que eu pagava à similar no Brasil – mais de 200 canais ativos, internet sem fio para a casa toda e ainda um telefone fixo que liga de graça para mais de cem – vou repetir – cem países, contanto que para outro fixo.
O seguro de saúde complementar que contratei para a família toda foi escolhido através de um site que compara as nossas necessidades nas principais seguradoras, por nível de cobertura e preço, que aliás é exatamente o que eu pagava no Brasil. Só que apenas para mim.
A escolha do seguro dos cachorros foi exatamente igual ao da família, ao custo da metade da consulta que eu pagava em terras cariocas, e cobre internações, exames e consultas.
Querem saber dos celulares? Pois bem, eu mesmo montei o plano de acordo com as necessidades familiares de falar entre si, dados e texto. O custo? É melhor não contar.
Aqui há liberdade de escolha, igualdade entre os serviços e uma mão fraterna cuidando de todos de forma efetiva porque quem tem mais contribui para quem tem menos, e vê o resultado.
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