sábado, 31 de maio de 2014

Le Meurice, do estrelado Chef Alain Ducasse é o segundo restaurante mais caro do mundo

O repórter Bruno Agostini, de O Globo, publicou hoje (31), uma excelente reportagem sobre o restaurante Le Meurice, do estrelado Chef Alain Ducasse, segue a peça:


Afrescos, lustre de cristal e queijos no salão do Le Meurice
Foto: Bruno Agostini / O Globo
Afrescos, lustre de cristal e queijos no salão. Foto: Bruno Agostini / O Globo

Em Paris, um jantar no Le Meurice, de Ducasse, o segundo restaurante mais caro do mundo

Estrelado restaurante, que ganhou destaque na lista do site especializado The Daily Meal, tem serviço impecável

PARIS - A luz do final da tarde da primavera parisiense ainda entrava pela janela, iluminando o salão do Le Meurice, de frente para o Jardin des Tuileries, e a sua decoração suntuosa, com afrescos, lustres de cristal e estuque dourado. Foi quando cheguei para jantar no restaurante mais chique do clássico hotel da Rue de Rivoli, que desde o ano passado tem o chef Alain Ducasse como maestro, e Christophe Saintagne liderando a cozinha — que não tem três estrelas Michelin à toa. Ninguém tem.

O serviço parece um balé bem coreografado, e cada um sabe a sua função específica. Os pratos não são menos que impecáveis em termos de sabor, textura, apresentação e matéria-prima. O menu degustação custa € 380 (€ 130 no almoço). A harmonização de vinhos tem preço variável (entre € 120 e € 200). Le Meurice foi eleito recentemente o segundo restaurante mais caro do mundo, atrás apenas do Kitcho, em Kioto, no Japão, por um site especializado, “The Daily Meal".

Mas nós não pagamos. Essa história começa há cerca de três anos, quando entrevistei Ducasse, de passagem pelo Rio. No finalzinho do ano passado, como se fosse um presente de Natal, recebi uma carta, assinada por ele, convidando para um jantar no restaurante, que acabara de assumir, levando para lá o seu pupilo, Saintagne, que chefiava o restaurante do Plaza Athénée, fechado para reforma até 1º de agosto.

Minha reserva estava marcada para as 20h30m. Cheguei com meia hora de antecedência vestindo jeans, camisa social e sapato. A moça que me recebia, com delicadeza, perguntou se eu poderia aceitar um paletó. A exigência não constava no site. Aceitei a oferta, e ela foi buscar a vestimenta, no meu tamanho, passada e perfumada pela lavagem recente. Em seguida, fui conduzido à mesa enfeitada com um ramo de cenouras amarradas sobre uma tábua de madeira e potinhos de cerâmica com flor de sal. O sol invadindo o salão realçava os relevos da paredes e os tons dourados da decoração. E o que se seguiu foram horas de prazer, e de surpresas. Na coreografia do serviço, a garçonete de vestido escuro e elegante traz a água, e logo o sommelier oferece uma taça de champanhe. Como negar?

— Este é o Selection Alain Ducasse Brut, feito especialmente para o chef — diz.

A minibaguete, besuntada de manteiga, salpicada de flor de sal, causa compulsão. Come-se enquanto houver. Pedi para não servirem mais. Ainda me divertia com os pães, quentinhos, estalando de crocantes e perfumados, quando chega a amuse-bouche de aparência curiosa. Conchas de ostra, vazias, abrigam uma daquelas telhas, geralmente servidas no café, de amêndoas e caramelo. Mas, no caso, a tuile era de vinagre, e envolvia uma ostra carnuda e fresca, com umas folhas de salada.

Foi um belo e saboroso prelúdio, ocorrido logo após o sommelier perguntar se eu tinha alguma restrição.

— Nenhuma, como de tudo, e não tenho alergias conhecidas — respondi.

— Já temos um menu degustação em mente, mas na realidade pergunto sobre os vinhos. O senhor tem alguma restrição a algum tipo? Não gosta de algum estilo ou região? Tem alguma coisa que goste muito? Fale-me de suas preferências — replicou.

— Gosto de provar coisas novas. Mas adoro a Borgonha, e também sou fã dos vinhos do Rhône. Aprecio vinhos de estilo particular, como Jura. Sou amante de vinhos malucos e originais — comentei.

Nunca tinha visto isso, um sommelier fazer um breve questionário para, a partir dele, escolher os vinhos. Logo chegou o primeiro, o Côtes de Provence Cuvée Clarendon 2011, do Domaine Gavoty, branco seco, mineral e perfumado, que envolveu o primeiro prato da noite, “légumes à la croque au sel”. Bonita composição, uma panela de ferro com uma crosta de sal grosso coberta por vários vegetais, orgânicos, naturalmente, e produzidos nas redondezas: cebola, cenoura, vagem... Uma espécie de aioli de gosto intenso, mais escuro e marinho, vinha ao lado, para acentuar o sabor.

— O que busco é a simplicidade, e a identidade original de cada ingrediente — foi uma das frases que Ducasse disse na entrevista de 2011.

O mesmo vinho acompanhou com brilhantismo a etapa seguinte, um retângulo de dourado, de carne clara, rosada e crua, servido com uma colherada de caviar e beterraba, raiz e brotinho.

Em seguida, o sommelier apresentou um belo branco do Rhône, já atendendo às minhas preferências. Era o Saint-Joseph Mairlant 2010, do Domaine François Villard, opulento, profundo e denso, vinho de pequena produção, feito 100% com a uva marsanne. Ele chegou à mesa junto ao prato de aspargos, com os vegetais instalados sobre um creme de pistache, junto a pedaços de queijo tostados.

Era a vez da Borgonha: um branco suntuoso, Chassagne-Montrachet Clos Saint-Jean 2008, de Michel Niellon. Para ele, nada menos que lagosta com “pommes de mer”: nacos do crustáceo servidos com um molho denso e muito aromático, com uma espécie de tortinha crocante de batatas que crescem junto ao mar.

O passo seguinte foi o “bar, olives, agrumes”, um robalo de pele crocante preparado em molho de frutas cítricas, com uma espécie de tapenade de azeitonas pretas, e finas lâminas de pomelo e laranja desidratados. Para acompanhar, novamente o Rhône, agora um raro Châteauneuf-du-Pape Boisrenard 2007, do Domaine Beaurenard, um branco rico e vigoroso.

Quando chegou o Nuits-Saint-Georges 1er Cru Aux Thorey 2005, do Domaine Dubanc, exuberante tinto da Borgonha, não imaginava que ele iria escoltar um dos melhores pratos de minha vida inteira, uma tortinha de ris de veau (o timo de vitela), delicado e untuoso, feito com espinafres e molho rôti, com uma saladinha verde. O prato de queijos veio a seguir, e pedi os mais fortes e fedorentos. Para eles, o Côtes du Jura Vin de Paille Château d’Arlay 1988.

Hora das sobremesas. Primeiro, tortinha de framboesas com um cabernet sauvignon doce da Alemanha (vinhos malucos, lembra?), safra 2008, do Weingut Lunzer. Depois, baba au rhum, servido com um copo do próprio. C’est fini. Se o jantar vale os cerca de R$ 1.156, fora as bebidas? Não sei. Sei que foi uma das melhores refeições da minha vida toda.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Os fascistas estão voltando à França?



Milhares de estudantes franceses se reuniram nesta quinta-feira em manifestações contra o partido de extrema direita Frente Nacional (FN), após o sucesso obtido pela sigla nas eleições europeias.

Em Paris, 4 mil estudantes saíram em passeata, com protestos menores ocorrendo ao mesmo tempo em Toulouse, Bordeaux, Nantes e do lado de fora do Parlamento europeu em Strasbourg.

Um dos manifestantes, Kevin Motillon, disse à agencia AP que "por trás da retórica anti-União Europeia [do FN], está um discurso xenófobo, de ódio e de rejeição ao outro, que parece estar desconectado da realidade no mundo atual".

A Frente Nacional venceu as eleições da semana passada, com 25% dos votos de eleitores franceses, o que lhe garantiu 24 assentos no Parlamento.

A vitória - seu maior triunfo na história - é atribuída à política de "desintoxicação" conduzida por Marine Le Pen desde que ela assumiu o comando do partido, em 2011.

Mas seus inimigos ainda não se convenceram de que a FN tornou-se uma força política normal ou aceitável.

No meio político, o FN é visto como um típico partido da visão nacionalista extrema, que se aproveita dos problemas econômicos para insuflar o ódio ao imigrante.

Depois da vitória do FN, a ministra de Finanças alemã, Wolfgang Shaube, disse que não há dúvidas que o partido é "fascista e extremista".

E, no Reino Unido, Nigel Farage, do partido UKIP, disse que nunca se aliará à Le Pen por causa do passado "sujo e antisemita" de seu partido.

IDENTIDADE MUTANTE

Como definir o FN tornou-se um assunto delicado na França.

Se alguém desconsiderar seus elementos extremistas - e falar apenas sua modernização, sua abertura crescente e seu evidente apelo a uma parcela cada vez maior do público -, esta pessoa pode acabar sendo acusada de ter comprado a propaganda do partido.

Se fizer o oposto e tratar os membros do partido como neonazistas, estará caindo na armadilha da caricatura fácil e preguiçosa.

A verdade é que a dificuldade em definir o FN vem do próprio partido, que vem mudando numa transição ainda incompleta e é inconsistente internamente, visto de formas diferentes pelos diversos grupos que o apoiam.

Além disso, a França que vota no FN é uma massa de pessoas em mutação e ainda incerta sobre seus próprios sentimentos e identidade.

Um aposentado da cidade de Rouen pode, por exemplo, conhecer e lidar com pessoas da comunidade árabe, provavelmente de forma mais intensa do que um intelectual de Paris. Mas isso não o impede de temer a "islamização" e votar na extrema direita.

Hoje, o FN tem uma agenda oficial que pode alarmar a alguns, mas que não lhe confere o título de racista e neofascista.

Sim, ele pede por controles sobre a imigração, mas a maioria dos partidos europeus faz o mesmo. O que varia é a intensidade desses pedidos.

SOMBRA DO PASSADO

O FN exige que a imigração legal seja reduzida de 200 mil pessoas para 10 mil por ano; e um fim automático à "unificação familiar"; a expulsão de imigrantes ilegais; e a supensão do Tratado de Schengen, que estabeleceu o fim dos controles de fronteira entre 26 nações da Europa.

O partido também propõe políticas de "preferência nacional" para que os franceses tenham prioridade na seleção para vagas de emprego - apesar de deixar claro que trata de franceses "de todas as origens".

São políticas duras, e obviamente é argumentos fortes contra elas. Mas não são cruéis ou fora da realidade.

O problema do FN é que, não importa o quanto ele tente agora se tornar apresentável publicamente, seu passado é onipresente. O partido não surgiu do nada. Ele é fruto da instável história política da França.

Sua origem está na direita católica e monarquista que nunca aceitou a república.

Essa parte da política francesa fez campanhas antisemitas, lutou contra os comunistas nos anos 1930, foi contra a maçonaria e os judeus, se junto ao regime colaboracionista Vichy durante a Segunda Guerra Mundial, lutou contra a independência da Algéria.

Num país ainda fixado nos horrores cometidos no século passado, essas associações comprometem a extrema direita.

Seus críticos estão corretos quando dizem que o FN tem uma contradição mal resolvida em seu cerne. O partido pode buscar sua popularização, mas suas crenças mais radicais - um retorno revolucionário aos "valores nacionais" - nunca se desfizeram por inteiro.

Le Pen sabe que estas visões ideológicas nacionalistas atraem apenas uma pequena parcela dos franceses.

Então, ela deixou isso para trás e trata de moldar seu apelo ao demonstrar uma preocupação com a realidade atual. Como consequência, mais do que a imigração, seu foco está na economia.

'FRANÇA INVISÍVEL'

Os franceses sabem que seu modelo econômico está fracassando. O pessimismo está em alta. Trabalhadores estão sem emprego. Negócios estão fechados suas portas, engolidos por taxas e regulamentações.

A resposta do FN é essencialmente a mesma da extrema direita - a Europa foi tomada por forças liberais e capitalistas.

Então, é hora da França exercer seu poder soberano e proteger quem lhe conferiu esse poder - o povo. Pelos resultados da eleição, está claro que esses argumentos ressoam profundamente.

De acordo com o geógrafo social Christophe Guilluy, há uma nova divisão nacional na França: entre os "metropolitanos" e a "periferia". Os eleitores do FN estão na "periferia".

São pessoas do campo, de cidades pequenas e dos distantes subúrbios residenciais de cidades como Paris.

Cada vez mais, aqueles que vivem nas cidades, diz Guilluy, são trabalhadores liberais e abonados e os imigrantes: duas classes que se beneficiam da globalização.

Na periferia, estão os perdedores - pessoas com renda modesta que "não estão mais integradas economicamente, socialmente e culturalmente na vida da nação". E eles formam 65% da população.

"Ao contrário do que a elite segue dizendo a eles, os franceses tem uma ideia bem clara do que aconteceu na sociedade francesa, porque eles vivenciam isso", afirma Guilluy.

"Por 30 anos, a mesma mensagem vem sendo repetida - que eles se beneficiarão com a globalização e o multiculturalismo. Mas isso não ocorre. Sua análise é racional, relevante e, acima de tudo, é a visão da maioria."

Le Pen personifica os sentimentos dessa "França invisível". Eles a vêem como uma deles.

Agora, a levaram à vitória na Europa. Mas podem levá-la mais longe, ao poder em Paris?

EM RUÍNAS

Até agora, tudo conspira para que isso seja possível.

Os socialistas nunca foram tão desprezados. As repetidas promessas do presidente François Hollande se revelaram um discurso vazio.

Ele está um pouco à esquerda, um pouco à direita, e não satisfaz a ninguém. Enquanto isso, os índices econômicos se tornam mais e mais assustadores.

O partido UMP, de centro-direita, deveria estar colhendo os frutos desta situação, mas em vez disso está se autoimplodindo. Seus líderes se odeiam, e mais um escândalo financeiro ameaça seu salvador Nicolas Sarkozy.

É como escreveu o colunista Gerard Courtois no jornal Le Monde nesta semana: "Diante da esquerda que se encontra em ruínas e do campo minado que é a direita...ser o único partido que não é associado com a administração do país é também ser o único que não está desacreditado por seus fracassos".

"Nesse clima estarrecedor, a inexperiência do FN é uma vantagem, sua virgindade, um atrativo."

Em outras palavras - não ache que as eleições europeias são o auge do FN.

Por diversas vezes, vozes experientes e sábias disseram que o FN não chegaria além de determinado ponto. Por diversas vezes, elas estavam erradas.

Com informações da BBC Brasil e da Folha Online.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Manifestação contra a extrema direita reúne milhares de jovens na França

Com lemas como "Acorda França!", "A ameaça da FN permanece" e "Não à F-Ódio", milhares de jovens participaram de uma manifestação na França contra a Frente Nacional (FN), depois da vitória histórica do partido de extrema direita de Marine Le Pen nas eleições europeias.



A maior passeata, em Paris, reuniu de 4.200 (de acordo com a polícia) a 8.000 (segundo os organizadores) estudantes, que gritavam as palavras de ordem tradicionais das manifestações contra a extrema direita, como "A juventude incomoda a Frente Nacional", "F de fascista, N de nazista" ou ainda "Primeira, segunda, terceira geração: somos todos filhos de imigrantes".

Centenas de jovens também participaram de manifestações em Lyon (centro), Toulouse (sudoeste), Estrasburgo (leste), Marselha (sul) e em outras cidades, convocados por sindicatos de estudantes, mas também por movimentos das juventudes socialista, comunista e ecologista.

A adesão a esses atos ficou bem abaixo das registradas nas manifestações gigantescas de abril de 2002, depois da chegada de Jean-Marie Le Pen, pai de Marine e fundador do partido, ao segundo turno da eleição presidencial. Mas o então presidente, Jacques Chirac, foi facilmente reeleito.

Naquela época, 1,3 milhão de pessoas saíram às ruas na França, incluindo cerca de 500.000 na capital.

A Frente Nacional obteve uma votação histórica no último domingo (25) nas eleições europeias, com 25% dos votos. Cerca de 30% das pessoas com menos de 35 anos que foram às urnas votaram no partido de extrema direita, de acordo com as pesquisas.

A FN ganhou força com a crise econômica persistente na França, os altos índices de desemprego e a impopularidade recorde do presidente socialista François Hollande. O partido é contra a integração dos países europeus, a moeda única e a imigração.

Com informações da AFP e da Folha Online.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

A Catedral de Notre Dame e sua eterna vigília por Paris

A Catedral de Notre-Dame de Paris, construída no Século XII - em 2013 celebrou seus 850 anos - e que recebe 14 milhões de pessoas por ano não tem descanso em sua eterna vigília pela Cidade Luz e pela França e, como se isso não bastasse, guarda no seu interior diversos tesouros e segredos.

Clique aqui e assista um pequeno vídeo sobre a Catedral de Notre-Dame de Paris.

A catedral tem dez sinos em funcionamento

Um de seus famosos gárgulas

Seu órgão é o mais importante da França e tem cinco teclados

Para admirar essa paisagem temos que subir 91m por uma escada minúscula



























terça-feira, 27 de maio de 2014

Mozza & Co, uma trattoria sobre rodas em Paris



Mozza & Co é uma trattoria itinerante montada em um triciclo motorizada que foi idealizada por dois parisienses apaixonados pela Itália.

A bordo podemos encontrar as melhores variedades de mussarela, com seus nomes carinhosamente adaptados e servidos com rúcula e um fio de azeite, ou uma focaccia - um pão especial com speck, pimentão, presunto e orégano. E tudo bem em conta, com preços a partir de 5 euros.

Durante todo o verão, nas ruas da Rive Gauche - mas atenção, é sempre melhor rastrear a localização em mozzaandco.it

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Extrema direita sacode a França e a União Europeia



No artigo "Hollande: naufrágio à vista", publicado nesta mesma Rive Gauche em 14/08/2012, portanto há mais de 20 meses atrás, escrevi que François Hollande seria o melhor eleitor da extrema direita na França.

E assim tem sido, como o foi nas eleições legislativas, depois nas municipais e agora nas europeias, onde o partido de extrema direita francês, Front National (FN), de Marine Le Pen vai ter 24 deputados - uma grande representação no Parlamento Europeu: mais assentos que os socialistas e que os conservadores.

Desta forma não posso deixar de dividir a excelente peça publicada hoje pela Deutsche Welle que mostra o FN como o símbolo mais forte do avanço da direita populista na UE e que eleva o partido de Marine Le Pen como a maior força política da França.

Um resultado perigoso não só para Hollande, mas com consequências para outros países-membros da UE.

Segue a peça:

"Um dia após as eleições europeias, os jornais franceses estampam manchetes em tom dramático. “Terremoto”, titulou o conservador Le Figaro com uma foto da líder do partido de extrema direita Front National (FN), Marine Le Pen. O jornal liberal de esquerda Libération foi às bancas em tom ainda mais alarmista: “Toda a França pela Frente Nacional” em negrito sobre uma foto de Le Pen com pose de vencedora.

O balanço de jornalistas e políticos é de que a França foi atingida por um terremoto político. Pela primeira vez na história do país um partido de extrema direita conseguiu conquistar em uma eleição de âmbito nacional a maioria dos votos. O FN estará representada em Bruxelas e Estrasburgo com 24 deputados, à frente dos conservadores (20) e socialistas (13).

O FN já havia tido êxito nas eleições municipais do final de março. Ao realizar uma campanha negativa, o partido capitalizou o medo dos eleitores e lançou propostas como a saída da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan); o fim do direito ao livre-trânsito nas fronteiras europeias (Tratado de Schengen) e a anulação do acordo de livre-comércio com os EUA.

“Os franceses têm um grande medo da globalização. Existe uma tendência protecionista do eleitorado, e é exatamente isso o que o Front National oferece”, afirma o cientista político Emiliano Grossman, do instituto parisiense Sciences Po. “A Europa representa, na verdade, apenas um dos vários outros temores que os franceses podem ter.”

Partidos tradicionais ameaçados

As consequências para os partidos tradicionais são preocupantes. O Partido Socialista, do presidente François Hollande, que há dois anos ganhou as eleições presidenciais com mais da metade dos votos, obteve apenas 14% no pleito europeu. Agora, apenas alguns pontos separam os partidos tradicionais dos centristas e verdes.

“Foi um voto avassalador contra o presidente”, afirma Grossman, lembrando ainda que os problemas domésticos na França, que sofre uma alta taxa de desemprego, contribuíram para o pífio resultado nas urnas.

Porém, ainda está incerto se os “primeiros passos no longo caminho para o poder”, como costuma dizer Marine Le Pen, serão seguidos de outros avanços de seu partido. Certo é que, neste momento, o FN se estabeleceu de vez na cena política francesa, e as outras legendas terão, em breve, que se reorganizar.

O fato de o ex-presidente Nicolas Sarkozy, apenas alguns dias antes das eleições, ter se posicionado de forma crítica ao Tratado de Schengen, pode ser encarado como uma prova de como o FN mudou o discurso político no país, principalmente dos conservadores, que já vivem uma clara guerra de trincheiras entre suas alas. Já os socialistas, tradicionalmente divididos sobre questões europeias, poderiam sofrer uma ruptura iminente de sua unidade.

E Marine Le Pen previu exatamente esses pontos fracos seus adversários. “Ela é muito interessada em apresentar o partido como apto a governar. E vê a si mesma mais como uma nova alternativa conservadora para os eleitores do que como um partido de extrema direita – o que, claro, é muito complicado, já que no partido existem muitas personalidades de extrema direita, que atualmente estão mais ou menos sob controle”, afirma Grossman.

Menos votos, mais impacto

No entanto, a vitória nas urnas parece mais impressionante do que possivelmente foi. Enquanto Le Pen nas últimas eleições presidenciais, há dois anos, conseguiu reunir cerca de seis milhões de franceses, apenas 4,5 milhões de eleitores votaram nas eleições europeias na Frente Nacional.

O partido se favoreceu muito da baixa participação dos eleitores, e também terá que enfrentar um desafio considerável: o FN não possui nem lideranças qualificadas em quantidade suficiente nem possíveis futuros talentos políticos.

Com o antigo fundador do partido, Jean-Marie Le Pen, sua filha Marine e seu companheiro Louis Aliot, três membros do clã Le Pen terão assento no Parlamento. E no Legislativo comunitário, até aqui, eles foram marcados mais pela ausência. “Isso acontecerá também no futuro, pois o partido vai perceber que, mesmo com seu sucesso fenomenal, não vai mudar muito o Parlamento Europeu”, afirma Grossman.

Nem sequer ainda está assegurada a criação de uma nova coalizão. O número necessário de 25 deputados Marine Le Pen pode até obter, mas ainda não se sabe se ela conseguirá atrair para a sua bancada deputados de outros seis países da União Europeia, como manda regra.

Cautela em Berlim

Ainda que o resultado das eleições europeias eleve um pouco a tensão na política francesa, ele não deve mudar a direção do governo François Hollande. Há poucas semanas, o presidente já havia trocado seu primeiro-ministro e grande parte de seu gabinete. E o alto endividamento do Estado e seus compromissos com a UE deixam poucas alternativas para uma mudança em curto prazo.

"A melhor forma de se descrever o que está acontecendo é 'muito barulho por nada'", opina Grossman. Segundo ele, o governo deve prosseguir – como deixou claro o primeiro-ministro Manuel Valls na véspera da eleição europeia – com as reformas planejadas e esperar que os índices econômicos melhorem o mais rapidamente possível.

Em longo prazo, não só a política da França, mas a também a europeia, deve ser reordenada. Com os socialistas franceses com apenas 14% de representação no Parlamento Europeu, sobretudo a relação de Paris com seu maior parceiro do euro, a Alemanha, deve ser influenciada.

"A França já tem, hoje, uma posição bem fraca na Europa. Isso possivelmente levará Angela Merkel a olhar em volta em busca de parceiros. Até porque, na Europa, já há tempos não há sugestões claras por parte de Paris", conclui o especialista.

domingo, 25 de maio de 2014

As comemorações do oitavo centenário de Saint Louis

O ano de 2014 marca o oitavo centenário de nascimento de Louis IX - o único rei canonizado da França e que por isso é hoje mais conhecido como Saint Louis - e também os cem anos do órgão que administra as construções históricas do país, o Centre de Monuments Nationaux.

Por isso diversos monumentos e sítios históricos franceses ligados à Saint Louis como castelos, igrejas e fortalezas prepararam uma programação especial para este verão (no Hemisfério Norte), com exposições, shows e horários prolongados. Listamos aqui sete deles, a saber:

Catedral de Notre Dame

A igreja gótica que inspirou Victor Hugo - e onde Louis IX foi batizado - oferece aos turistas a chance de visitá-la fora do horário de funcionamento normal. Entre julho e agosto, às sextas e sábados, até as 23h00, será possível passar pela galeria das Chimères até a torre sul. Além disso, entre às 18h00 e 19h00, começam os tours em inglês ou francês para pequenos grupos que percorrem a igreja e sobem os 400 degraus até o topo das torres, de 69 metros de altura, com uma bela vista da cidade.



Sainte-Chappelle
Famosa por seus vitrais, a Sainte-Chappelle recuperou - após oito anos de restauração - o arcanjo Miguel na fachada no final de 2013. A bela igreja construída por Louis IX funciona, de maio até setembro, até mais tarde às quartas-feiras, até as 21h30.



Muralhas de Aigues-Mortes

A fortaleza e as torres de Aigues-Mortes, na região de Languedoc, sul da França, abrigam uma completa exposição sobre a história de Louis IX, figura-chave no período das Cruzadas. O nobre usou como base a cidade, cujo nome significa "águas mortas", e partiu de lá em duas expedições para o Oriente. A mostra fica em cartaz até 31 de dezembro.



Château de Azay-le-Rideau
O castelo de Azay-le-Rideau, perto da cidade de Tours, no Vale do Loire, ficará aberto o dia inteiro, de 9h30m às 23h00 no período de 11 de julho a 24 de agosto. Todos os dias têm eventos especiais. Nas segundas, quartas e nos domingos, o monumento é iluminado por mais de mil velas no pôr do sol. Nas terças, entram na pauta os produtos e ingredientes locais. As quintas e sextas têm programação musical e os sábados, eventos voltados a crianças.



Château de Angers
Também no Vale do Loire, o Castelo de Angers foi construído pelo jovem Louis IX com 17 torres no Século XIII para proteger as fronteiras. O monumento abre a exposição "Anjou, florão da coroa de Louis IX" no dia 10 de outubro e a mantém até 25 de janeiro de 2015, com obras de arte dedicadas ao rei santo. Além disso, reconstituições em 3D vão explicar em detalhes as mais recentes descobertas sobre a construção e a arquitetura da fortaleza.



Mont Saint-Michel
Louis IX peregrinou duas vezes até a abadia do Mont Saint-Michel, que, no dia 5 de julho recebe um concerto do grupo Diabolus in Musica com canções do Século IX. De 11 de julho a 30 de agosto, de segunda-feira a sábado, haverá uma apresentação especial de luzes e sons entre 19h00 e meia-noite.



Concièrgerie
O prédio da Concièrgerie, no 1er arrondissement, abre no dia 8 de outubro sua homenagem a Louis IX, abordando as duas facetas da figura lendária. A exposição fica em cartaz até 11 de janeiro de 2015.

sábado, 24 de maio de 2014

Os castelos do Loire

A apenas uma hora de TGV de Paris e com a marca de 6,4 milhões de visitantes ao ano, o Vale do Loire recebe sete mil turistas brasileiros. A região que reúne mais de mil castelos e destes, 140 podem ser visitados e 21 estão entre os maiores e recebem mais de 50 mil visitantes durante o ano todo. A seguir listamos seis castelos imperdíveis desta região.

Chenonceau

Conhecido por ser o castelo das damas, comandado por mulheres que, por sua vez, deixaram sua marca. Da Renascença, foi Catherine de Médici (esposa de Henri II, filho de François I) quem ampliou as dependências da propriedade sobre o rio para poder acomodar mais visitantes durante as festas que promovia. No Século XVIII, sob a administração de Louise Dupin, filósofos, artistas e escritores frequentavam o castelo. No período do Natal (do início de dezembro ao início de janeiro), 15 árvores decorativas enfeitam os salões do castelo.



Royal Amboise
O Château de Royal Amboise, construído sobre um rochedo com vista para o Vale do Loire, abrigou importantes eventos políticos e religiosos na história da França. François I foi proclamado rei lá e a capela do castelo guarda a sepultura de Leonardo da Vinci, por exemplo. Sendo uma das residências de François I na região, também é considerado patrimônio mundial pela Unesco. Na visita aos jardins panorâmicos, a paisagem para o Rio Loire se destaca. Quem o visita se surpreende ao encontrar o retrato de uma princesa brasileira: Francisca de Bragança, filha de D. Pedro I, que nasceu no Rio de Janeiro e se casou com o príncipe de Joinville. Ela deu nome à cidade homônima no Estado de Santa Catarina.



Clos Lucé
O local se orgulha de ter sido a última residência de Da Vinci. Lá estão montados um parque e um museu com inventos desenhados por Leonardo. Conta-se por lá que ele chegou ao castelo, levando “La Gioconda”, o que explicaria o fato de a obra hoje estar no Louvre. Leonardo se mudou para o palácio em 1516 a convite de François I. E levou três de suas obras favoritas. Uma delas, “o retrato de uma dama florentina, pintado ao natural, encomenda de Julião de Médici, já falecido”, conta o folheto de visitas do castelo. As outras duas telas seriam “A virgem e o menino com Santa Ana” e o “São João Batista”, finalizado em Clos Lucé. O quarto do artista pode ser visitado.



Chambord

O mais exuberante dos castelos do Loire, é patrimônio mundial listado pela Unesco, foi iniciado por François I e finalizado por Louis XIV, com a escadaria dupla e seu imenso parque verde. Nos terraços, a vista sobre o parque dá a dimensão da imensidão da propriedade. Os aposentos de François I e as coleções de arte (pinturas, tapeçarias, mobiliário) são os destaques de seu interior. Seu amplo bosque preserva animais da região que podem ser vistos em visitas guiadas. No inverno, as visitas são feitas de carro e, no verão, de bicicleta.



Royal de Blois
O Château Royal de Blois mostra quatro diferentes estilos arquitetônicos em suas construções desde a Idade Média ao Século XVII. Foi residência de sete reis e dez rainhas da França. O aposento real é o cômodo mais famoso do castelo, que abriga uma coleção de 30 mil peças entre tapetes, esculturas e pinturas. Na visita à área medieval, telas em 3-D mostram detalhes da construção do castelo.



Chaumont-sur-Loire
Suas famosas mostras de arte contemporânea fazem dos jardins um surpreendente museu ao ar livre. Algumas obras estão em exposição temporária, como a escultura de David Nash, recolhida na semana passada. Mas outras, integradas aos jardins, são permanentes, como peças de Patrick Dougherty, Pablo Reinoso, Luzia Simons, Patrick Blanc, entre outros. O castelo organiza o festival internacional de jardins e neste ano de 2014 o tema será “pecados mortais”, com obras de artistas do Brasil, Japão e México.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Original de Tintim é vendido por 2,5 milhões de euros

Ilustração de Tintim e seu cachorro Milu, do acervo da Fundação Hergé Moulinsart


Um original do Tintim desenhado por Hergé em 1937 marcou um novo recorde mundial para uma história em quadrinhos, ao ser vendido por 2,5 milhões de euros em um leilão em Paris dedicado ao desenhista belga realizado pela casa Artcurial.

Esse lote número 1, avaliado inicialmente entre 700 mil e 900 mil euros, é uma página dupla feita com nanquim destinada à folha de rosto para os álbuns de Tintim publicados entre 1937 e 1958.

O recorde anterior também era de um outro Hergé, a famosa capa de "Tintin en Amérique", de 1932, e vendida por 1,3 milhão de euros (cerca de R$ 3,9 milhões) em junho de 2012, pela mesma casa de leilões.

Nas folhas leiloadas neste sábado, o desenhista belga representou Tintim e seu cão Milu em 34 situações diferentes ligadas a um momento importante de alguns dos álbuns –do "Lotus bleu" (lótus azul) ao "L'Oreille cassée" (a orelha quebrada).

O famoso repórter aparece vestido de vaqueiro, de explorador, com uma armadura de cavaleiro, montado a cavalo, no deserto, ou de avião, entre outras situações.

O leilão deste sábado também contou com outros desenhos excepcionais, como a capa em nanquim de "L'île noire" (a ilha negra), de 1942, avaliada entre 600 mil e 800 mil euros, assim como sua coloração em guache, estimada entre 70 mil e 90 mil euros, acrescentou Artcurial.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Evento da Amfar em Cannes leiloa viagem ao espaço com DiCaprio



A tradicional festa beneficente Cinema Contra Aids, uma espécie de leilão organizado pela associação Amfar em meio às estrelas do Festival de Cannes, bateu seu recorde de arrecadação na noite de ontem ao alcançar a expressiva marca de US$ 35 milhões.

O item que chamou mais a atenção das celebridades presentes no leilão foi a venda de uma passagem para o espaço, a última vaga no voo da Virgin Galactic com Leonardo DiCaprio, vendida por US$ 1 milhão, acrescentaram os organizadores.

Apesar das do assédio em cima dos atores e atrizes do cinema mundial, o principal destaque da noite foi o esqueleto de um mamute de três metros de altura apresentado em uma "colossal" vitrine de aço, assinado pelo artista britânico Damien Hirst e que foi arrematado por US$ 15 milhões.

A obra, intitulada "Gone But Not Forgotten", se tornou a peça mais cara já vendida no evento, informaram os organizadores em comunicado.

A festa, que teve Sharon Stone como apresentadora, contou com as atuações de Robin Thicke, Lana Del Rey, Aloe Blacc e Andrea Bocelli, além de um leilão de moda organizado por Carine Roitfeld, ex-redatora-chefe da revista "Vogue" em Paris.

No desfile, desenhos de Alexander Mcqueen, Altuzarra, Calvin Klein, Chanel ou Christian Dior apresentados por modelos como Alessandra Ambrosio, Ana Beatriz Barros, Maria Carla Boscono, Katharina Damm e Saskia De Brauw.

Outro dos pontos altos da tradicional noite de arrecadação, cerimônia criada a partir de uma iniciativa de Elizabeth Taylor, foi o leilão de um colar Bulgari que combinava ouro branco e diamantes em formato de serpente. Apresentado pela ex-primeira dama francesa Carla Bruni-Sarkozy, a peça foi arrematada por US$ 550 mil (cerca de R$ 1,2 milhão).

O ator mexicano Gael Garcia Bernal, a ucraniana Milla Jovovich, as modelos Heidi Klum e Bar Refaeli, os atores John Travolta, Willem Dafoe, a cantora australiana Kylie Minogue, a atriz espanhola Paz Vega e a artista Dita Von Teese estavam entre os ilustres convidados da noite.

Também assistiram Kenneth Cole, o cantor canadense Justin Bieber, o ator americano Adrien Brody, as francesas Catherine Deneuve, Carole Bouquet e Marion Cotillard, as americanas Jessica Chastain e Jane Fonda, a diretora Sofia Coppola e o presidente do júri do festival, Jane Campion, entre outros.

França tem o segundo maior salário mínimo do mundo



Segundo dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a França oferece o segundo maior salário mínimo do mundo, com rendimentos de US$ 10,6 por hora, ou seja, cerca de US$ 1,6 mil por mês, equivalentes à R$ 3,7 mil.


País / SMUS$ / hora
Luxemburgo10,7
França10,6
Austrália10,2
Bélgica10,0
Holanda9,5
Irlanda9,0
Nova Zelândia8,6
Reino Unido7,9
Canadá7,9
Estados Unidos7,1

terça-feira, 20 de maio de 2014

Toda Paris em uma pequena mala

Arte dentro de uma pequena mala: descubra as maravilhosas criações de Yin Xiuzhen, um artista chinês que criou uma série de obras que cabem em uma pequena mala e que foram concebidas para retratar as grandes cidades do mundo, como Paris, Sydney e Nova York.


Paris dans une valise


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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Dez curiosidades sobre o 67º Festival de Cinema de Cannes



Desde a última quarta-feira (14) até o próximo domingo, 25 de maio, o Festival de Cannes reúne mais uma vez celebridades internacionais, representantes da indústria cinematográfica e personalidades mundiais na Côte d'Azur.

Mas você saberia dizer quantas folhas tem o troféu Palma de Ouro ou mesmo quem já o conquistou mais de uma vez? Não? então vejamos a seguir uma série de dez fatos, números e curiosidades sobre um dos maiores eventos cinematográficos no mundo.

Palma de Ouro
O grande prêmio do festival, a Palma de Ouro, tem o formato de uma folha de palmeira e suas 19 folhas, que parecem estar em movimento, são confeccionadas manualmente com ouro de 18 quilates. Esse é também um dos motivos por que o troféu para o melhor filme é tão cobiçado.

Cenário de cinema
Desde 1952, o festival é realizado todo mês de maio, na chique cidade balneária de Cannes, na Côte d'Azur. O bom tempo do litoral mediterrâneo francês faz parte do espetáculo: uma atração certa são as sessões de fotos ao ar livre, diante de cenários históricos.

Problemas financeiros
Fundado em 1946, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, o Festival de Cannes não pôde se realizar por duas vezes, em 1948 e 1950, por falta de dinheiro e de patrocinadores.

Corrida para a glória
O tapete vermelho sobre que desfilam as celebridades do cinema internacional tem 60 metros de comprimento e que são 24 os degraus que levam até a entrada do Palais des Festivals de Cannes.

Homenagem cobiçada
Atores e realizadores são celebrados e homenageados durante o evento. O prêmio principal, um dos mais cobiçados da indústria cinematográfica, é a Palma de Ouro, entregue desde 1955 ao filme considerado pelo júri como o melhor do festival.

Primeira mulher à frente do júri
Cerca de 60 filmes serão exibidos em Cannes neste ano. Destes, 18 concorrem à Palma de Ouro e 20 disputam na mostra paralela, Un Certain Regard. À frente do júri principal está, pela primeira vez, uma cineasta: a neozelandesa Jane Campion.

Intermináveis sessões de cinema
Na fase preliminar da seleção, 1.700 filmes foram vistos pelos jurados. Produções não escolhidas para a competição também são exibidas durante o festival. É o caso de Welcome to New York, sobre o escândalo de Dominique Strauss-Kahn, ex diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI). O papel principal é interpretado pelo ator francês, naturalizado russo, Gérard Depardieu.

Bicampeões
Oito diretores já receberam duas vezes a Palma de Ouro: Francis Ford Coppola, Shohei Imamura, Bille August, Emir Kusturica, os irmãos Luc Dardenne e Jean-Pierre Dardenne, Michael Haneke e Alf Sjöberg.

Marché du Film
São esperados 12 mil participantes para a feira Marché du Film, que transcorre paralelamente ao Festival de Cannes e que reúne produtores, executivos de estúdios de cinema, investidores e demais profissionais do ramo cinematográfico.

Imprensa
Acompanhando o que acontece sobre e para além do tapete vermelho, 4.580 jornalistas acompanham o Festival de Cannes deste ano. Imagine que na edição de 1966 estavam presentes apenas 600.

Com informações da DW.

domingo, 18 de maio de 2014

Morre Philippe-Gérard, autor de músicas cantadas por Montand e Piaf



O compositor Philippe-Gérard, que escreveu canções para Yves Montand e Edith Piaf, morreu hoje aos 89 anos e, de acordo com seu filho, o músico lutava há muito tempo contra uma doença, que não foi revelada.

Nascido no Brasil, em São Paulo, Philippe-Gérard, que tem como verdadeiro nome Philippe Bloch, iniciou sua carreira com Piaf, para quem ele compôs a música de "Pour moi toute seule", em 1945, e então "Marie la Française", "Avec ce soleil", "Miséricorde" e "Le chevalier de Paris".

Traduzida para o inglês com o título "When the world was young", essa última música se tornou um hit nos Estados Unidos, sobretudo, na voz de Frank Sinatra.

"Edith Piaf também apresentou meu pai a Yves Montand, que confiou nele ao longo de sua carreira", lembrou seu filho.

A música de Philippe-Gérard também foi interpretada por Eddie Constantine, Henri Salvador, Cora Vaucaire, Juliette Gréco, Jeanne Moreau, Maurice Chevalier e Sacha Distel. Ele ainda compôs a trilha para vários filmes, em especial, do diretor francês Alain Resnais - morto em março deste ano aos 91 anos.

"Era um músico maravilhoso que possuía o dom de colocar as notas certas nas palavras dos letristas", disse à ministra da Cultura da França, Aurélie Filippetti.

sábado, 17 de maio de 2014

Os vinhedos do Beaujolais Nouveau, ao norte de Lyon

O repórter Bruno Agostini, de O Globo, publicou nesta última sexta, (16), uma excelente reportagem sobre o Beaujolais Nouveau, segue a peça:


Vista da região a partir da antiga aldeia de Oingt
Foto: Bruno Agostini / O Globo
Vista da região a partir da antiga aldeia de Oing. Foto de Bruno Agostini / O Globo

O famoso vinho Nouveau inspira um roteiro pelos sabores de Beaujolais, ao norte de Lyon

Em novembro, a safra 2014 chega às prateleiras do mundo todo

BEAUJEU - O almoço no restaurante panorâmico La Terrasse du Beaujolais, em Chiroubles, tinha todos os ingredientes necessários para o deleite completo. A mesa junto à parede de vidro garantia uma vista especial sobre os campos repletos de vinhedos da região, ao norte de Lyon. Estamos na área que é um parque de diversões para os amantes da boa gastronomia. O cardápio do chef Marc Rongeat tinha execução precisa e bons ingredientes, memorável desfile de receitas locais, como o trio de terrines com foie gras e o ovo “en meurette”, feito em molho de vinho tinto e bacon. A cereja do bolo, no caso, era líquida, e tinha até mesmo a cor desta fruta, e os perfumes dela: era uma respeitável seleção de vinhos de Beaujolais. Depois do rigoroso inverno deste ano, as tardes de sol alegram e colorem a região, fazendo despertar as parreiras de sua hibernação durante os meses mais frios. Os brotos verdes deixam viçosa a paisagem, que agora em breve terá as plantas em floração, que acontece em junho. Logo as frutas vão surgir, crescer, ganhar cor, amadurecer... A colheita acontece em setembro. E pouco depois alguns vinhos de 2014 já estarão sendo vendidos, celebração que corre o mundo.

Desde meados do século passado é assim: todos os anos, sempre na terceira quinta-feira de novembro (ou seja, exatamente daqui a seis meses) o lançamento do Beaujolais Nouveau é marcado por uma festa, e um impressionante sistema logístico que faz com que as garrafas cheguem a várias partes do mundo, inclusive o Brasil, no mesmo dia. Discussões à parte a respeito da qualidade deste vinho jovem, frutado, fresco e sem grandes pretensões, o fato é que de agora até a chegada do Nouveau às prateleiras é o melhor período para se passear por lá, acompanhando o trabalho nos vinhedos e aproveitando as temperaturas amenas.

O nome da área, e também do vinho em questão, é derivado da pequena cidade de Beaujeu, a antiga capital da região, onde encontramos uma estrutura modesta, como são as vinícolas locais, quase todas familiares, muitas abertas aos turistas.

Beaujolais é mignon. E o filé, em termos de cenário “urbano”, é a pequena aldeia de Oingt, com suas construções medievais em pedra dourada, um casario gracioso que é destino fundamental em qualquer roteiro pela região.

Apesar de seu estilo que mais parece uma vinícola da Califórnia do que da França, o Hameau Duboeuf é outro ponto de referência, essencial nos roteiros. Com o seu jeito de Disneylândia enófila, o complexo turístico desse que é um dos principais nomes de Beaujolais tem um museu muito interessante, e recursos audiovisuais nem tanto, com uma rica coleção de pôsteres etílicos, com cartazes de bebidas do século passado. No final do tour, prova de vinhos, ao som de uma trilha sonora eclética que pode incluir “Chorando se foi” em homenagem aos brasileiros, ou “Chevaliers de la table ronde", um clássico da cancioneiro popular (e embriagado) da França.

Cidades. Pedras douradas, azeites e aulas de cozinha

A visita começa na área de produção, onde são extraídos os óleos dos frutos. Pistaches, avelãs, amêndoas, nozes e pinoles, entre outros , passam por processos artesanais. Por mais que Jean-Marc Montegottero, dono da Huilerie Beaujolaise, se esforce, é preciso provar para crer.

- A região tem forte tradição na produção de azeites de castanhas. Mas depois da Segunda Guerra Mundial os moinhos acabaram. Havia 30 deles, três só aqui em Beaujeu. Restamos nós - diz o produtor.

Depois de acompanharmos parte do processo de produção, hora de subir para a lojinha bem cuidada, onde encontramos ainda uma seleção de vinagres e frutas, como manga e framboesa, ou vinho, como Banyuls. Degustar os óleos é impressionante, pela concentração de sabor, pelo perfume fino.

- Basta usar duas ou três gotas para cada prato. O de pistache enriquece muito uma receita de camarão, enquanto o de amêndoas vai bem com sopas - indica Jean-Marc, que faz questão de receber os visitantes.

A região é formada por vários pequenos lugarejos, como Beaujeu, que tem pouco mais de 2 mil habitantes. Na maioria dos casos as cidadezinhas estão nas planícies ou vales, com suaves elevações, que marcam a paisagem, acompanhando o traçado de algum rio, onde muitos moradores ainda pescam.

O ritmo da população corre lento como essas águas fluviais preguiçosas. A praça da prefeitura, Place de l’Hôtel de Ville, recebe torneios de pétanque, uma espécie de bocha adorada pelos franceses, especialmente nessas áreas, incluindo cidades mais ao sul, na Provence.

O calendário de festas se intensifica a partir de agora. Tem quermesse nos dois últimos fins de semana. Não faltam construções históricas, como a Église St-Nicolas, toda de pedra, material muito usado, em diferentes matizes, para as edificações dali.

No alto de uma colina, Oingt é uma daquelas cidadezinhas de sonho, listadas entre “les plus beaux villages de France”, ou seja, uma das mais belas da França. Merecidamente, que se diga. O cenário é marcado pelas construções de pedras douradas, as “pierres dorées”, que nesta época do ano se tornam ainda mais belas com as flores que colorem aquelas fachadas antigas que abrigam um comércio interessante como a cave Terroir des Pierres Dorées, que reúne vinhos e produtos gastronômicos locais.

Tanto charme e beleza atraíram uma grande população de artistas que enfeitam Oingt com seus ateliês e lojinhas de artesanato, como a pequena tecelagem de Christine Poirier, com belas roupas femininas. No dia 17 de julho a vila promete fervilhar, quando o Tour de France passa por lá.

Saint-Amour é uma das dez denominações de “cru” do vinho de Beaujolais, a que está mais ao norte. Seu vinho é deliciosamente delicado, cheio de fruta, condimentado. Um tinto delicioso para o verão. Mas a verdade é que, com um nome desses, o lugar acabou mais famoso mesmo entre casais apaixonados.

- Muita gente vem até a região, principalmente os japoneses, para se casar, ou renovar os votos de casamento. Ou, pelo menos, fazer uma foto na frente da igrejinha de Saint-Amour - diz Thierry Letortu, da Alliance des Vignerons Beaujolais, entidade que reúne cerca de 600 produtores da região. - Sem falar que o vinho Saint-Amour é um dos mais consumidos no dia de São Valentim - lembra ele, sobre 14 de fevereiro, data do Dias dos Namorados no mundo todo, menos no Brasil.

Existem vilas tão miúdas que mal aparecem nos mapas, como Le Perréon, cortada pelo Rio Vauxonne, que ali faz uma bifurcação. Para quem viaja com interesses gastronômicos, uma aula de cozinha no espaço La Cuisine de Fred é um dos programas mais divertidos que se pode fazer por lá. E saborosos. O chef Frédéric Valette recebe pequenos grupos em sua cozinha bem equipada para aulas de culinária que exploram o cardápio local.

- Na cozinha não existem segredos, o que há é cuidado, atenção e técnica. Nossos cardápios variam de acordo com a estação, e também com o gosto dos turistas, e com o tempo que eles podem se dedicar à aula - conta o chef, que me ensinou, entre outras cosias, a fazer um delicioso frango caipira com molho de bisque e ècrevisse (um tipo de camarão de rio).

Vinhos. Famílias e parque à la Disney

Embora existam várias denominações de alta qualidade em Beaujolais, como Fleurie, Côte de Brouilly, Morgon, Moulin-à-Vent e Saint-Amour, a região é mais famosa mesmo pelo seu “Nouveau”. Beber um desses pode até ser divertido, mas quem se dedicar a provar os vinhos dos “crus” locais pode se surpreender pela variedade de estilos e pela qualidade. Muitos produtores fazem vinhos em várias áreas, e em uma mesma vinícola é possível perceber, didaticamente, essas diferenças.

Pouca gente sabe, mas Beaujolais também produz um vinho branco, muito fresco, fácil de beber e de gostar, feito com a uva Chardonnay.

Os enófilos provavelmente terão mais prazer em visitar os pequenos produtores, ou aqueles não tão miúdos assim, mas com atendimento familiar e cortês, muitas vezes através do próprio enólogo que faz os vinhos, como acontece em propriedades como o Domaine du Clos des Garands, em Fleurie; o Château de Bellevue, em Morgon (ambos também são hotéis); e o Domaine Ruet, em Cercié.

Mas fazer um tour pelo Hameau Duboeuf é um programa desses imperdíveis. Se Walt Disney fosse fazer uma atração ligada ao vinho em seus parques, seria algo assim. O espaço está celebrando 20 anos. A visita inclui um belo acervo digno de um grande museu, com cartazes de bebidas espalhadas em uma sala e uma coleção de peças históricas que enriquece o programa. Um filme com Paul Bocuse e uma animação em 3D são perfeitamente dispensáveis, mas podem agradar às famílias. Terminamos num belo salão, com clima entre o faroeste e o cancã, com um bar que serve toda a linha da casa, onde é possível gastar um bom tempo, comparando cada terroir de Beaujolais (a maison também produz em outras áreas, como Rhône e Borgonha). Sabendo que um grupo do Brasil visitaria o lugar, fomos recebidos ao som de “Chorando se foi”. Simpático, mas eu preferia o hino do Flamengo, ou então alguma música francesa mesmo. No final, no melhor estilo parque temático, saímos através da lojinha que de tudo vende.

Quem gosta de vinhos mais encorpados pode procurar os de Moulin-à-Vent ou Morgon, talvez o mineral Côte de Brouilly. Mas, para quem tem pouco tempo e pretende ir direto ao ponto, Fleurie é o lugar. Segundo o crítico inglês Hugh Johnson, este é “a epítome de um Beaujolais cru: devem ser vinhos frutados, perfumados, sedosos e vigorosos”. Fato. Entre os bons nomes da região, que aceitam visitas em sua propriedade, está Jean-Paul Champagnon, autor de belos vinhos, e um Fleurie de respeito, dos melhores que já provei. São belos rótulos, com preço entre € 10 e € 16. Porque esta é uma grande virtude de Beaujolais: a tal relação qualidade-preço.

Restaurantes. Ponto estrelado no mapa gastronômico

Beaujolais está em um ponto privilegiado do mapa gastronômico mundial, uma confluência de estrelas. Em Roanne, um pouco a oeste, está a Maison Troisgros. A leste, em Vonnas, encontramos Georges Blanc e, um pouco mais ao sul, nos arredores de Lyon, ninguém menos que Paul Bocuse. Isso para falar apenas deste trio mítico, cada qual com as suas três estrelas Michelin. No meio disso tudo, Beaujolais, que pode servir de base para algumas das refeições mais memoráveis de sua vida.

Isso não significa que seja preciso sair de lá para se comer (muito) bem. Comer mal é difícil. Dos restaurantes com maiores pretensões gastronômicas até um simples “bouchon”, que significa rolha, e que é como eles se referem aos lugares que servem as especialidades locais, bebíveis e comestíveis, em ambiente tradicional, com preços atraentes. São dezenas deles espalhados pela região.

Um bom lugar para uma refeição é o Le Pré du Plat, em Cercié, que serve pratos como a salada lyonnaise, com ovo, bacon e croûtons.

Para um jantar elegante, com direito a perninhas de rã e ris de veau, o Château de la Barge, misto de hotel e restaurante, é uma das melhores indicações. Além da cozinha que já faz valer a visita, o lugar tem mesas externas para lá de agradáveis.

Hoje a maior cidade do pedaço é Villefranche-sur-Saône. Por grande entenda uma população de aproximadamente 35 mil pessoas. Para os que desejam explorar a região, tem posição geográfica estratégica, junto à principal estrada, além de uma boa infraestrutura de hotéis e restaurantes, como Le Juliénas, que ostenta estrela Michelin, do chef Fabrice Roche, para se provar as iguarias locais com tratamento fino.

E Fleurie, como emblema do vinho de Beaujolais, tem Le Cep, há quatro décadas um ícone da cozinha local.

Bruno Agostini viajou a convite da InterBeaujolais

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Silencio, de David Lynch, reúne o melhor de Paris


Um dos ambientes do clube, inspirado no filme “Cidade dos Sonhos”: público não pode tirar fotos
Foto: Divulgação
Um dos ambientes do clube, inspirado no filme “Cidade dos Sonhos”.  Foto: divulgação

Carol Luck, que escreve na página Transcultura, publicada às sextas-feiras no Segundo Caderno, publicou hoje um artigo sobre o exclusivo clube Silencio, de David Lynch onde, por coincidência, estive no sábado retrasado (3) - segue a peça:

Uma visita ao clube Silencio, de David Lynch, em Paris
Noite teve show do grupo de rap carioca Pearls Negras, só para membros

PARIS - De longe é possível ver o movimento de pessoas querendo passar pela pequena porta do número 142 na Rue Montmartre, prédio construído pelo mesmo atelier que projetou a Torre Eiffel onde funciona desde 2011 o Silencio, clube do cultuado diretor americano David Lynch que foi inspirado na insólita boate de seu filme “Cidade dos sonhos” (2001). Porém, nem metade consegue entrar.

Não há nenhuma indicação na porta do clube, que funciona de terça a domingo, das 18h às 6h, mas onde o acesso antes de meia-noite é exclusivo para membros (cuja adesão custa em torno de básicos € 780 anuais, além de ser preciso provar suas “credenciais artísticas”). Os membros têm acesso exclusivo a shows, estreias de cinema, palestras, exposições e performances que acontecem por lá, e depois da meia-noite a entrada para o público em geral é liberada e o lugar é agitado por ótimos DJs e um bar que não para de servir drinks elaborados, sempre com um grande fluxo de clientes famosos. Mas, se você não é membro, é preciso caprichar muito no look, senão dificilmente o host/juiz de estilo vai permitir a sua entrada.

Após a difícil tarefa de atravessar a concorrida porta é preciso descer seis lances de escada onde só se ouve o barulho dos passos — silêncio! — e passar por um túnel dourado com minimandalas que parece te levar a outro mundo. Não um mundo com personagens bizarros ou pessoas falando de trás pra frente — pelo menos até que os drinks começassem a fazer efeito. Mas um mundo superchique e exclusivo, em que as pessoas esquisitas se restringiam a fashionistas com looks espalhafatosos.

O lugar é tomado por parisienses, empresários, artistas (ou pelo menos pessoas que se vestem como tal), turistas curiosos e celebridades fugindo de paparazzi. Lá as fotos são proibidas, com exceção do corredor dourado, onde flashes de celulares pipocam a noite inteira com pessoas querendo postar no Instagram que estiveram por lá.

O clube definitivamente tem alguns de seus elementos marcantes, mas parece errar quando se trata de coisas essenciais como uma pista de dança toda espelhada e um bar com luzes fluorescentes um tanto brega. A área de fumantes é a mais interessante: com árvores feitas de fibras ópticas, escura e intimista, mas onde, graças à estreita relação entre os parisienses e seus cigarros, depois de alguns minutos os olhos começam a arder, sendo impossível ficar lá por muito tempo.

Por coincidência, o show da noite em que estive lá era do trio de rap carioca Pearls Negras, que saiu das ruelas do Vidigal para o mundo. Mas infelizmente, como diz o filme, no hay banda — pelo menos para os meros mortais que, como eu, não são membros do clube e não puderam conferir a performance antes de meia-noite.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

França tem casa avaliada em € 500 milhões




A Villa Leopolda, construída pelo Rei Leopoldo II da Bélgica em Villefranche-sur-Mer, na Cote D'Azur, ao sul da França, é considerada a casa mais cara do mundo, já pertenceu a Gianni Agnelli - magnata e industrial italiano - e hoje é propriedade da socialite e bilionária brasileira Lily Safra, viúva do banqueiro libanês naturalizado brasileiro Edmond Safra.

A mansão quase foi vendida para o empresário russo Mikhail Prokhorov, por 500 milhões de euros (cerca de R$ 1,65 bilhão) mas o magnata acabou desistindo do negócio e, por decisão da Justiça de Nice, não teve direito a reaver os 39 milhões de euros que havia pago como entrada.

Construída em estilo belle époque, ocupa uma área de 80.000 m², cercada por jardins e bosques onde estão plantadas mais de mil oliveiras e árvores frutíferas.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Há 404 anos era assassinado Rei Henri IV, fundador da dinastia dos Bourbon na França



O nome do rei Henri IV é lembrado até hoje numa marca de queijo e também no local onde ele morreu: no número 11 da Rue de la Ferronnerie, em Paris, foi posta no chão uma placa com uma flor-de-lis. Ela marca o lugar onde o monge fanático François Ravaillac assassinou o rei no dia 14 de maio de 1610.

Henri IV é o fundador da dinastia dos Bourbon na França e conhecido como um rei afeito a prazeres, mas também como um soberano muito ligado a seu povo.

Até hoje, os franceses ainda gostam de citar uma frase sua: "Uma galinha em cada sopa". Uma outra frase do rei mostra a outra face do seu poder: "Paris bem vale uma missa!". Protestante, o rei teve dificuldades para subir ao trono. Com o falecimento da sua mãe, a rainha de Navarra, em 1572, seguido da morte do seu irmão, em 1584, Henrique tornou-se o herdeiro legal do trono real.

Reconhecimento tardio

Mas ele era protestante e portanto a Santa Liga não o aceitava. Somente em 1589, após uma guerra impiedosa contra os representantes do catolicismo no próprio país, é que ele foi reconhecido por Henri III como seu sucessor.

Contudo, a luta ainda não havia terminado. Durante nove anos, Henrique 4º teve ainda de enfrentar a Liga em torno do duque de Mayenne e do velho cardeal de Bourbon. Seguiram-se batalhas e mais batalhas, mas Chartres e Noyon ofereceram enorme resistência.

Mas, de repente, a transformação: Henrique abdica das suas convicções religiosas. A vitória é muito importante. "Paris bem vale uma missa!" Henrique 4º, o huguenote, transformou-se em Henrique 4º, rei dos franceses, aderindo ao catolicismo numa missa solene em Paris.

Roma reagiu em 1595, quando o papa Clemente 8º revogou seu banimento da Igreja. Mas, no fundo, Henrique permaneceu mais protestante que católico. A ele interessava pelo menos uma convivência das religiões.

Tolerância religiosa

O Edito de Nantes, em abril de 1598, reconheceu a crença da minoria protestante, os huguenotes. Um edito que entrou para a história da tolerância na Europa. A partir de então, os huguenotes podiam praticar abertamente a sua religião, mas continuavam banidos do centro de Paris, num raio de cinco milhas.

Com o edito de tolerância, a paz interna também foi restaurada pouco a pouco. Henri IV transformou-se uma vez mais: de senhor da guerra em um monarca sábio, com o objetivo de construir a França. Para os historiadores, o primeiro rei da dinastia dos Bourbon criou os fundamentos do Absolutismo.

Prosperidade

Apoiado pelo seu ministro de Estado Sully, um protestante, ele levou holandeses para a França, aproveitando os seus conhecimentos sobre proteção costeira e drenagem de pântanos. Da Itália, Henri IV buscou tecelões e artesãos. Surgiram as obras mais importantes de tapeçaria e a fábrica de tapetes de Savonnerie.

O crescente bem-estar dos franceses foi assegurado através de acordos de comércio com as cidades da Liga Hanseática, com a Inglaterra, a Espanha e até mesmo com a Turquia. Um bem-estar que beneficiava todo o povo, que amava o rei. Como ele próprio dissera: "Uma galinha para cada sopa!".

Henri IV não era um intelectual. Mas apreciava a literatura, as artes e também – as mulheres. Dele originou-se tudo aquilo que se tornaria mais óbvio nos seus filhos e herdeiros. A suntuosidade e a ostentação da dinastia real francesa, a dinastia dos Bourbon, que foi levada por ele ao trono e que atingiu o seu dramático apogeu na pessoa de Louis XIV, o "rei sol".

Com informações da DW.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Consulado do Brasil em Paris em greve por 48 horas



Funcionários de embaixadas e consulados do Brasil iniciaram nesta terça-feira (13) uma greve de 48 horas que paralisa seus serviços em Paris e em outras 16 cidades entre a Europa, os Estados Unidos e o Canadá.

Eles reivindicam melhores salários, comunicou a Aflex, Associação dos Funcionários Servidores Locais do Ministério das Relações Exteriores no Exterior e, por meio de seu site, a entidade informou que o atendimento consular estará suspenso nesse período em Nova York, Los Angeles, Hartford, San Francisco, Houston, Atlanta, Montreal e Toronto, Berna, Roma, Paris, Londres, Frankfurt, Milão, Genebra, Bruxelas e Roterdã.

De acordo com a entidade, "desde 2011 a Aflex tenta sensibilizar o Ministério das Relações Exteriores" sobre os "inúmeros pedidos de reajustes salariais" que não foram atendidos e, além disso, a nota adverte que "também ficará sensivelmente prejudicado o processamento de pedidos de visto, especialmente para os estrangeiros que pretendem vir ao Brasil para prestigiar a Copa do Mundo".

A greve afetará tanto o atendimento aos brasileiros no exterior como também os contatos entre as representações brasileiras e autoridades estrangeiras.

Ainda em nota, a Aflex alerta ainda que além de não receber resposta sobre as reivindicações salariais, os membros da associação têm sofrido "perseguições e suspensões arbitrárias" por parte das autoridades do Itamaraty.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

O spa do Hôtel Costes

pool, steam room & gym


Jean-Louis Costes teve, há vinte anos, a genial ideia de atribuir o projeto do Hôtel Costes - de sua propriedade e cuja fachada foi tombada - a Jacques Garcia, decorador reconhecido por seus excessos e que criou um ambiente exuberante, com incontáveis peças garimpadas nos marchés aux puces da Cidade Luz e as celebridades de todo mundo, seduzidas, adotaram o hotel imediatamente.

Mas mesmo que você não esteja hospedado no luxuoso estabelecimento, ainda é possível desfrutar de uma amostra do que o jet-set usufrui quando frequenta sua piscina e seu spa equipado com um maravilhoso banho turco e que oferece tratamentos de bem estar e de beleza a partir de 50 euros.

239-241, Rue Saint-Honoré
1er arrondissment
Telefone: 01 42 44 50 34
www.hotelcostes.com

domingo, 11 de maio de 2014

"Cadeados do Amor" ameaçam pontes e monumentos

Ritual romântico de pendurar cadeados desfigura pontes na Europa (Foto: AP)


Informações da BBC dão conta que, para os críticos, a moda dos "cadeados do amor" está desfigurando as lindas pontes europeias e se espalhando como uma "epidemia". Mas seria o ritual romântico em que casais colocam cadeados em pontes e jogam a chave nos rios um ato de vandalismo ou uma simples expressão de amor?

Quando Carolyn Barnabo e Clive Roberts prenderam um cadeado na Pont des Arts, em Paris, e simbolicamente jogaram a chave no rio Sena, acharam aquilo romântico. Cinco anos mais tarde, os dois estão casados e continuam apaixonados, mas, para Carolyn, os "cadeados do amor" perderam completamente o romantismo.

"A coisa está descontrolada e me sinto tão mal por ter contribuído para isso", ela diz. "Essa ponte linda foi arruinada". Em 2009, quando Carolyn e Clive puseram um cadeado - gravado com as iniciais do casal - na ponte parisiense e subiram a foto para o blog dela, havia apenas um punhado de cadeados na ponte.

Hoje, existem milhares de cadeados nesta e em outras pontes de Paris, onde Carolyn - que mora no condado inglês de Suffolk - tem uma casa. Ela diz que seria capaz de "chorar de arrependimento, culpa e desespero por ter contribuído para essa visão horrososa".

A moda dos "cadeados do amor" está incomodando tanta gente que duas inglesas que moram em Paris - Lisa Taylor Huff e Lisa Anselmo - lançaram uma campanha em janeiro chamada No Love Locks (Não aos cadeados do amor, em tradução livre).

"A delicada Pont des Arts tornou-se um aglutinado de caroços de metal, e pior, enfrenta agora perigo mortal", escreve Anselmo. Taylor Huff e Anselmo dizem que Paris, a "Cidade do Amor", foi transformada na "Cidade dos Cadeados".

Elas argumentam que os cadeados se espalharam "como um fungo" por oito pontes sobre o Sena e três sobre o canal Saint Martin. "(Os cadeados) desfiguram e provocam danos nas estruturas históricas e isso não pode ser ignorado", diz Anselmo.

Pontes em toda a Europa, muitas delas centenárias, estão se tornando "vítimas" do ritual romântico. "Essa tendência se impõe sobre as cidades e, ironicamente, na cidade mais afetada - Paris - a população local vê a ideia de se usar um cadeado para simbolizar o amor como um barbarismo".

Existem várias teorias para explicar as origens da moda. Uma delas é a de que tudo teria começado com o livro Ho Voglia Di Te ("Eu quero você", em tradução livre), do escritor italiano Federico Moccia, lançado em 2006.

A ideia de um vínculo supostamente indestrutível simbolizaria os laços eternos entre duas pessoas apaixonadas - mas muitos dos cadeados acabam sendo quebrados sem qualquer cerimônia por autoridades locais. Às vezes, painéis inteiros de pontes, envergados sob o peso dos cadeados, são removidos.

E à medida que a moda se alastra pelo mundo, surgem empresas tentando lucrar com a novidade. Algumas oferecem cadeados em formato de coração com os nomes dos apaixonados e sugerem lugares onde os cadeados podem ser colocados - em Amsterdã, Praga, Chicago, Nova York, Sydney, Roma e cidades britânicas.

No entanto, ao escolher locais para instalar seu cadeado do amor, casais não mais se limitam a pontes: mais de 30 optaram pelo topo da Torre Eiffel, outros se contentaram com grades em Londres.

sábado, 10 de maio de 2014

Francesas gostam mais de chocolate do que de sexo


Elas gostam mais de chocolate
Foto: StockPhoto


Segundo informações da Reuters, os homens franceses acreditam que o sexo é o caminho mais seguro para a felicidade, mas para as mulheres francesas a chave para a felicidade é a comida. De preferência chocolate, queijos e foie gras. A conclusão é de uma pesquisa publicada nesta quarta-feira pela empresa Harris Interactive.

Os franceses colocam sexo e comida no mesmo patamar como catalisadores de bem-estar, dando a ambos uma pontuação de 7,1 em uma escala de 0 a 10. A diferença é que os homens avaliam sexo em 7,5, enquanto as mulheres deram nota 6,7.

Para os gourmets de ambos os sexos, o chocolate levou o primeiro lugar na busca da felicidade, seguido de queijo, foie gras, marisco, morangos, bife e pão. Mulheres citaram chocolate e morangos mais frequentemente, os homens optaram pelas carnes.

Se fossem escolher entre cortar sexo ou comida, adivinhe o que elas responderam? Pois é, nada de sexo. A pesquisa foi feita com mil adultos em março e destaca ainda que, para 72% dos franceses, é pior que ter um parceiro é ruim na cama do que ruim na cozinha.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Merci - o lugar para garimpar no Marais




Merci, a imperdível loja conceito do Marais, ocupa um magnífico espaço de 1.500 m2 onde a moda descolada de estilistas exclusivos se encontra com mobiliário vintage (ou realizado com exclusividade), com objetos do dia-a-dia e com arte e, além disso o espaço ainda dispõe de uma floricultura e uma livraria-café, onde é possível também almoçar, assistir a um filme no cine-café ou admirar exposições sobre moda e design.

Marie-France e Bernard Cohen, co-fundadores da loja, pensaram realmente em tudo e até revertem parte de seus lucros para projetos humanitários.

111, Boulevard Beaumarchais
3ème arrondissement
Telefone: 01 42 77 00 33
www.merci-merci.com

quinta-feira, 8 de maio de 2014

8 de maio: o Dia da Vitória Aliada na Europa



Como sempre lembro, na data de hoje (8), comemoram-se duas importantes datas: a primeira é o aniversário do colunista, que hoje faz 49 anos e a segunda, o Dia da Vitória na Europa (V-E Day), que marca a rendição formal da Alemanha Nazista em favor dos Aliados na Segunda Guerra Mundial.

A data foi motivo de grandes celebrações, especialmente em Londres, onde mais de um milhão de pessoas festejaram o fim da guerra na Europa, particularmente em Trafalgar Square e no Palácio de Buckingham, onde de sua varanda o Rei George VI e a Rainha Elisabeth I, então acompanhados pelo primeiro-ministro, Winston Churchill, saudaram a população.

As Princesa Elisabeth (futura Rainha Elisabeth II) e a sua irmã, a Princesa Margareth, foram autorizadas a juntar-se à festa, anônimas entre o povo de Londres e, nos Estados Unidos, o Presidente Harry Truman - que celebrava 61 anos nesse mesmo dia - dedicou a vitória ao seu antecessor, Franklin D. Roosevelt, que morrera há menos de um mês, em 12 de abril de 1945.

O cronograma da rendição foi o seguinte:
  • no dia 7 de maio de 1945, às 02h41, o ato de rendição alemã foi assinada em Reims
  • no dia 8 de maio de 1945, às 15h00, a notícia foi oficialmente comunicada
  • no dia 8 de maio de 1945, a partir das 23h01 todos os combates deveriam cessar
  • no dia 9 de maio, entre 00h00 e 16h00, a capitulação foi assinada em Berlim
Uma curiosidade: os Aliados haviam acordado que o dia 9 de maio de 1945 seria o dia da celebração, todavia os jornalistas ocidentais lançaram a notícia da rendição alemã mais cedo do que era previsto, precipitando as celebrações para o dia 8.

Contudo a União Soviética manteve as celebrações para a data combinada (9), sendo por isso que o fim da Segunda Guerra Mundial, conhecida como a Grande Guerra Patriótica na Rússia e outras zonas da antiga URSS, é celebrado no dia 9 de maio.

Já vitória aliada sobre o Japão no teatro de operações do Pacífico é celebrada no dia 15 de agosto de 1945 (V-J Day).

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Christie's leiloa Monet por 27 milhões de dólares



O quadro "Nympheas", do pintor impressionista francês Claude Monet, foi arrematado por mais de 27 milhões de dólares nesta terça-feira (6) na Christie's, na abertura da temporada de leilões de arte de primavera em Nova York.

A obra, pintada em 1907, foi uma das obras mais destacadas da noite dedicada à arte impressionista e moderna, e recebeu exatamente 27,045 milhões de dólares, dentro da estimativa de entre 25 e 35 milhões.

Monet também estará presente no leilão da Sotheby's hoje, com três pinturas, incluindo "Le pont japonais", avaliada em entre 12 e 18 milhões de dólares.


terça-feira, 6 de maio de 2014

O melhor do Modernismo na Provence

A Região de Provence, no Sul da França inspirou artistas como Le Corbusier e Jean Cocteau e também foi refúgio clássico de artistas como Van Gogh e Cézanne e por essa razão a revista americana "Condé Nast Traveler" elencou alguns dos tesouros da região, como o museu que homenageia Matisse, em Nice, a cabana de praia de Le Corbusier e outras obras deixadas pelos grandes nomes que por lá passaram, oferecendo aos turistas um belo roteiro Modernista. Confira cinco delas logo abaixo.

1) Fondation Maeght

No topo de uma colina sobre Saint-Paul de Vence, a Fundação Maeght guarda uma das maiores coleções de arte do século XX da Europa - com o luxo de ter obras de arte especialmente criadas para o museu por nomes como Marc Chagall, Alberto Giacometti e Joan Miró. Os artistas o fizeram em nome dos amigos, fundadores do museu privado, os marchands Aimé e Marguerite Maeght. Projeto do catalão Josep Lluís Sert de 1964, o museu tem no jardim um labirinto de cerâmica e pedra criado por Miró.




2) Musée Matisse

Matisse era um dos artistas mais apaixonados pela Provence. Chegou em Nice em 1917 e lá ficou até morrer, em 1954. Na mesma cidade, com vista para o Mediterrâneo, dentro de uma vila italiana, foi fundado o museu em homenagem ao artista, com uma importante coleção.




3) Chapelle de Saint-Pierre

O prolífico escritor, artista e cineasta Jean Cocteau costumava passar os verões na vila de pescadores Villefranche-sur-Mer. No ano de 1957, conseguiu autorização dos moradores do local para pintar a fachada e o interior da Capela Saint-Pierre, igrejinha do século XIV em Quai Corbet. O artista coloriu as paredes com afrescos místicos que misturam cenas da vida de São Pedro, patrono dos pescadores, com elementos do trabalho de Cocteau.




4) La maison E-1027

Diante do Mediterrâneo, a casa E-1027, em Roquebrune-Cap-Martin, é um dos trabalhos mais importantes da arquiteta irlandesa Eileen Gray. Ela concebeu o projeto em 1924 para o amante dela, o crítico de arquitetura romeno Jean Badovici. Os dois terminaram em 1932 e, logo depois, Le Corbusier, hóspede de Badovici, pintou oito murais enormes nas paredes (intencionalmente) brancas de Eileen - o que ela chamou de ato vandalista. A casa está sendo restaurada e deve reabrir em 2015.



5) Le Cabanon

Le Corbusier tentou comprar a casa E-1027, mas não conseguiu. Então comprou um terreno na cidade de Roquebrune-Cap-Martin e construiu a própria casa de praia em Roquebrune-Cap-Martin. Na verdade, menos casa e mais cabana: é uma pequena construção de madeira com só 13 m². O interior resume os princípios arquitetônicos de Le Corbusier e sua "moradia econômica", com móveis embutidos e um esquema de cores fantásticos. Batizado de Le Cabanon, é o único projeto de Le Corbusier para uso próprio.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

E os Romanos reconquistaram Paris




A exposição “Moi, Auguste, Empereur de Rome”, em cartaz no Grand Palais até o dia 13 de julhos nos traz o primeiro imperador romano: Caio Júlio César Otaviano Octaviano Augusto (em latim Gaius Julius Caesar Octavianus Augustus, 63 a.C. — 14 d.C.), filho e herdeiro adotivo de Julio César.

Augusto chegou ao poder através do Segundo Triunvirato, formado com Marco Antônio e Lépido e, logo após a deterioração da relação entre os três e a batalha de Áccio, onde Agripa, seu general e amigo pessoal, derrotou Antônio, Augusto se tornou o único e o mais longo soberano de Roma, por 44 anos.

Então, para comemorar os 2000 anos de sua morte, o Musée du Louvre e o Musei Capitolini, de Roma, associaram-se para apresentar as obras simbólicas daquela idade de ouro do Império Romano, através de uma mostra voltada para a história da arte e a personalidade de Augusto.

Os quarenta anos do reinado do primeiro imperador romano foram marcados por excepcional efervescência artística: estátuas, relevos esculpidos, afrescos, ourivesaria a ponto da expressão “O Século de Augusto" tornou-se uma referência cultural.

Sob Augusto, os romanos vivem seu apogeu econômico graças ao estabelecimento da "Pax Romana" que propicia o enriquecimento geral e favorece um forte impulso no desenvolvimento das artes, que foram constantemente promovidas para garantir a unidade do Império, cujas línguas, costumes e religiões eram muito diversificadas: da Ásia Menor à Gália, há templos, fóruns e moedas ostentando um símbolo único.

Apesar de Carlos Magno ter buscado inspiração em Augusto e de Napoleão ter se feito representar sob seus traços, esse imperador continua pouco conhecido do grande público.

Uma das peças mais marcantes, com certeza, é o "Augusto de Prima Porta" (ver foto), que recebe o visitante e está no cartaz da exposição (ver cartaz), esculpida em mármore, com 2,20m de altura e que foi encontrada em 1863 na residência de Lívia, esposa de Augusto, em Prima Porta, nos arredores de Roma.

É a primeira vez que a peça deixa o museu do Vaticano e representa Augusto em trajes militares, ostentando em sua couraça, em meio a elementos cósmicos, uma cena de grande importância para os romanos: a devolução, no ano 20 a. C., das insígnias tomadas pelos partas trinta e três anos antes.

Veja aqui o vídeo sobre a exposição:
www.dailymotion.com/video/x1o90lx_moi-auguste-premier-communicant_creation

Grand Palais
21, Avenue Franklin-Roosevelt
8ème arrondissement
Telefone: 01 43 59 76 78
www.grandpalais.fr