sábado, 31 de agosto de 2013

Há 16 anos morria em Paris a Princesa Diana

A princesa

Há 16 anos, na madrugada de 31 de agosto de 1997, morria a Princesa Diana: querida por todos, era uma mulher radiante e elegante, mas que também mantinha seu sorriso de menina tímida - imagem pela qual Lady Diana Spencer – a princesa de Gales – que permanece sempre na memória de seus fãs e da opinião pública mundial.

A notícia de que Lady Di havia morrido num acidente de carro em Paris chocou o mundo: no caminho de volta após um jantar no Hôtel Ritz, com seu namorado Dodi Al-Fayed, o Mercedes-Benz no qual se encontrava o casal colidiu em alta velocidade contra um dos pilares do Tunnel d'Alma - descobriu-se depois que seu motorista estava bêbado.

O motorista e Al-Fayed morreram no local do acidente, e a princesa, algumas horas depois no Hôpital Pitié-Salpêtrière, em consequência de ferimentos graves e logo começaram os rumores de que fotógrafos paparazzi que seguiam o casal em motocicletas haviam causado o acidente mas ao correr das investigações que se seguiram, esses boatos foram desmentidos.

A primeira esposa do príncipe Charles, herdeiro do trono britânico, foi amada mundo afora por seu esplendor e beleza naturais e, na década de 80 e boa parte dos anos 90, "Lady Di" era uma das mulheres mais fotografadas do planeta.

A vida de Diana foi tão dramática quanto sua morte, pelo menos depois do casamento com o Príncipe Charles, em 1981 onde alegria e tristeza figuravam lado a lado e tudo era tornado público – pela imprensa, que seguia todos os passos da princesa; pelos amigos e funcionários fofoqueiros; e também pela própria Princesa.

A Princesa radiante era uma jovem sensível e insegura: ela não conseguia lidar com a pressão da atenção constante da opinião pública e da mídia sendo que já durante o breve período de noivado, Diana desenvolveu distúrbios alimentares, que mais tarde se tornaram crônicos.

Detalhes da vida privada de Diana sempre vinham à tona em conversas com jornalistas: numa entrevista à televisão em 1995, supostamente assistida por 23 milhões de britânicos, a Princesa falou abertamente sobre seus problemas conjugais e a infidelidade de ambas as partes. "Neste casamento estávamos em três, assim era um pouco demais."

No começo, tudo parecia um conto de fadas, quando o Príncipe casa-se com a jovem inocente: Diana, de família nobre inglesa, tinha apenas 20 anos e a data do casamento, 29 de Julho de 1981, foi declarada feriado nacional no Reino Unido

Mas as aparências enganam e seu casamento com o príncipe de Gales, 12 anos mais velho, logo entrou em crise. Nem mesmo os filhos William e Henry – chamado de Harry –, nascidos em 1982 e 1984, conseguiram salvar a relação: em 1992, Charles e Diana já haviam anunciado a separação.

O divórcio foi finalizado em 1996 e daí em diante Lady Di teve diversos relacionamentos, o último deles com Al-Fayed, um abastado produtor de cinema e empresário e, por outro lado, o coração do príncipe pertencia há muito tempo a outra mulher: Camilla Parker Bowles.

Charles havia conhecido Camilla aos 22 anos, em 1970, durante uma partida de pólo e seu romance durou décadas e não cessou mesmo quando os dois se casaram com outros parceiros até que, em 9 de abril de 2005, aos 56 anos e já separado de Diana, finalmente o Príncipe Herdeiro britânico pôde se casar com o amor de sua juventude.

A notícia do acidente fatal de Diana espalhou uma onda de compaixão e tristeza e muitos milhares de pessoas reuniram-se diante do Palácio de Buckingham, em Londres, e deixaram flores, derramaram lágrimas e rezaram. A rainha Elizabeth II, ex-sogra de Diana, foi criticada por muitos britânicos por não ter manifestado luto.

O enterro de Lady Di, em 6 de setembro de 1997, transformou-se num grande evento onde cerca de 2 milhões de pessoas ocuparam as ruas para ver o caixão de Diana - agora chamada de People's Princess, depois de um discurso de Tony Blair, Primeiro Ministro britânico à época - atravessar Londres até chegar à Abadia de Westminster, onde foi rezada a missa fúnebre e seu corpo foi enterrado em Althorp, principal propriedade da família Spencer.

(post baseado em uma publicação da Deutsche Welle, de 31.08.2012,
sendo a autoria de Rachel Gessat e edição de Carlos Albuquerque)

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Há 68 anos o estado alemão do Sarre tornou-se francês

Curva do Rio Sarre em forma de ferradura é atração turística

No dia 30 de agosto de 1945, o estado alemão do Sarre, no sudoeste do país, foi incorporado pela França. Somente 12 anos depois, um plebiscito decidiu pela reintegração do território à Alemanha.

Em 10 de fevereiro de 1945, durante a Conferência de Ialta, Stalin, Churchill e Roosevelt concordaram em aceitar a França como a quarta potência de ocupação, abrindo caminho para a criação de quatro – e não mais três – zonas de ocupação no território da Alemanha.

Assim, em julho de 1945, tropas de ocupação francesas tomaram o lugar dos militares americanos na região do Sarre. O governo local foi dissolvido e, em 30 de agosto de 1945, passado a um governo militar francês, sob ordens do general Gilbert Grandval, um ex-comandante da Resistência.

A França pretendia a separação do estado do Sarre do resto da zona de ocupação francesa na Alemanha, mas a intenção foi barrada pela União Soviética. Depois de muita discussão, optou-se finalmente por um modelo de união econômica e pela autonomia restrita.

No dia 26 de dezembro de 1946, a França fechou a fronteira do pequeno estado de 2.570 quilômetros quadrados com a Alemanha. Foi permitida a criação de partidos políticos e incentivado o desenvolvimento da região, levando em conta os interesses de Paris.

Integração econômica e monetária

O então ministro francês do Exterior encarregou o governador militar Grandval de formar uma comissão que elaborasse uma Constituição, baseada nas constituições de outros estados alemães. Não sem antes impor como objetivo de longo prazo a integração à França, através de um memorando no qual constava:

"O Sarre deverá ser anexado à França dos pontos de vista econômico e político-monetário, por isso terá que adaptar sua alfândega e as questões de direito monetário à França, receberá autonomia política, deixará ao encargo da França as relações exteriores e questões de sua defesa, e receberá um comissário francês com jurisprudência para garantir esta aproximação econômica."

Alguns partidos tentaram em vão diminuir a influência francesa. Outros reivindicaram um plebiscito, categoricamente rejeitado pelo administrador Grandval.

Habitantes temeram anexação

Em 1950, formou-se uma resistência às estreitas relações econômicas com a França e contra a desnacionalização dos habitantes. O governo militar tentou acalmar a população: "Queremos que o Sarre se torne um país soberano como Luxemburgo. Graças ao potencial industrial e ao trabalho de seu povo, as condições dos seus habitantes poderiam se igualar às de Luxemburgo. Não há dúvidas quanto às intenções da França. Jamais se pretendeu a anexação. O que a França quer é a prosperidade desta região em vista de uma aproximação com Paris. Queremos um Sarre soberano."

Em outubro de 1955, entretanto, a maioria da população acabou por manifestar em plebiscito o desejo de reintegração à República Federal da Alemanha.

(Artigo original publicado pela Deutsche Welle em 30.08.2013)

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

França já celebra 1% de casamentos homossexuais



Segundo informações da EFE, as grandes cidades da França registraram 596 casamentos homossexuais nos últimos três meses, o que representa 1% das cerimônias realizadas nesses municípios desde a aprovação da lei que autoriza os casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

E, de acordo com uma pesquisa publicada hoje pela emissora 'France Inter' a partir dos dados das 50 cidades mais povoadas da França, Paris é a que mais realizou casamentos homossexuais, na frente de Nice e Toulouse.

A capital francesa recebeu 241 desses casamentos, seguida de Nice (37), Toulouse e Lyon (ambas com 28), Estrasburgo e Montpellier (17), Reims (11) e Avignon (9).

Apenas duas das 50 cidades mais povoadas da França não realizaram nenhum casamento gay até o momento, Créteil e Argenteuil, ambas na periferia de Paris.

O volume de casamentos homossexuais é menor que o das uniões civis, legalizadas em 1999. Um mês depois da aprovação do Pacto Civil de Solidariedade (PACS), em apenas um mês e meio foram registradas mil uniões entre pessoas do mesmo sexo.

O dado também é inferior ao registrado na Espanha, onde o casamento homossexual foi legalizado em 2006 e em um ano se chegou a 4.500 cerimônias, o que equivaleria a 1.125 casamentos nos primeiros três meses.

No entanto, a França pode chegar a números semelhantes, já que há mil solicitações que esperam sua tramitação antes que acabe o ano, precisou o 'France Inter'.

A lei que autoriza o casamento homossexual e a adoção por parte de casais do mesmo sexo na França foi promulgada pelo presidente François Hollande, no dia 18 de maio, após sua aprovação na Assembleia Nacional e no Senado.

A mudança legislativa veio acompanhada de uma intensa polêmica que mostrou a divisão da sociedade em relação ao assunto, com grandes manifestações por parte tanto de apoiadores quanto de críticos.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A pátria em feijões: cassoulet ou feijoada?


Especialidade da Região de Limousin, mas em especial de Carcassonne, Castelnaudary e Toulouse, o cassoulet pode ser preparado seguindo distintas versões mas sempre com feijão branco seco e carnes, principalmente o confit d'oie, confit de canard, salsichas, lingüiças, carne de porco, e até carne de perdiz ou cordeiro –dependendo da temporada do ano ou da variedade local.

As três cidades disputam a origem – provavelmente durante a Guerra dos Cem Anos –o título de melhor variedade do prato mas é o Chef Prosper Montagné, do Languedoc, que dá a melhor definição, ao dizer que o cassoulet é a Divida Trindade da cozinha de Occitane, sendo Castelnaudary o "Deus-pai", Carcassonne o "Deus-filho" e Toulouse o "Espírito Santo".

Como na feijoada, cozinha-se o feijão por algumas horas antes em fogo baixo numa cassole, ou caçarola de barro, daí a origem do nome cassoulet e por toda a França encontramos diversas receitas de cassoulet em latas, variando o preço de acordo com o preparo e seus ingredientes, sendo as mais baratas as que contêm apenas feijão molho de tomate, alguns pedaços de carne de porco e salsichas baratas e as mais caras se valem de confit d'oie e também podem incluir salsichas de Toulouse, confit de canard e agneau.

E onde comer um bom cassoulet em Paris? Tem um monte de lugares, de mais simples e baratos até bem mais sofisticados e caros, mas deixo três dicas: o La Maison du Cassoulet, no número 15 da Rue Montorgueil, no 1er arrondissement, o La Fontaine de Mars, no número 129 da Rue Saint-Dominique, no 7ème arrondissement e o Benoit (do Alain Ducasse) ao número 20 da Rue Saint-Martin, no 4ème arrondissement.

E quais as diferenças para a nossa feijoada, que tem origem ao norte de Portugal e que hoje constitui um dos pratos típicos da cozinha brasileira? Muitas mas basicamente a nossa feijoada é um guisado de feijão preto com vários tipos de carne de porco e de boi, acompanhada de farofa, arroz branco, couve refogada, laranja fatiada, entre outros ingredientes.

Já em Portugal a receita varia de região para região: cozinha-se com feijão branco no noroeste (Minho e Douro) ou feijão vermelho no nordeste (Trás-os-Montes) e geralmente inclui também outros vegetais (tomate, cenouras ou couve) juntamente com a carne de porco ou de vaca, às quais se podem juntar chouriço, morcela ou farinheira.

Na "terrinha" a “nossa” feijoada é conhecida como “feijoada à brasileira", sendo também comum encontrá-la nos cardápios dos restaurantes portugueses e é muito mais pedida que as ditas “feijoadas portuguesas”.







terça-feira, 27 de agosto de 2013

Mapas de Paris de 1223 até 2013: 790 anos de evolução

Vejam nos mapas abaixo a evolução de Paris, de 1223 até os dias de hoje - clique na imagem para ampliar.

Paris, 1223
Paris, 1530
Paris, 1615
Paris, 1740
Paris, 1843
Paris, 1932
Paris, 2013

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Há 69 anos a República Francesa era restaurada



Em 26 de agosto de 1944, dia seguinte à liberação de Paris por tropas francesas e americanas, o General De Gaulle participou da parada triunfal que saiu do Arc du Triomphe, desceu pela Avenue des Champs Elysées e prosseguiu até a Catedral de Notre Dame.

Por todo o longo percurso os parisienses saudaram seu libertador com grande entusiasmo e De Gaulle recusou-se a interromper sua orgulhosa marcha, apesar de apresentar um grande risco pois muitos franco-atiradores ainda disparavam de seus esconderijos.

Já em Notre Dame, tiros foram disparado mas continuou a ser celebrado o Te Deum e,a té os dias de hoje nunca se soube quem ordenou os disparos embora há quem atribua os tiros aos comunistas que procurariam, desta forma, impedir que De Gaulle subisse ao poder – hipótese jamais provada.

Contudo, essa parada da 2ª divisão blindada na cidade recém-liberada tinha como objetivo ressaltar o papel do movimento França Livre e reforçar a posição do general De Gaulle como líder do novo governo francês, rechaçando assim as ambições comunistas de poder na França já que o líder comunista da Resistência, coronel Rol, foi um dos signatários da capitulação alemã, ao lado do general Leclerc.

A partir daí, De Gaulle forçou resolutamente a constituição de um novo governo francês, impedindo assim que a França se tornasse uma zona de ocupação das potências aliadas – como veio a acontecer com a Alemanha, meses depois.

No dia 9 de setembro, tomou posse um governo de unidade nacional, sob a presidência de Charles de Gaulle que desta forma cumpria a missão a que se propusera: libertar o país, re-estabelecer a República e organizar eleições livres e democráticas na França.

domingo, 25 de agosto de 2013

Há 69 anos Paris era liberada



Há 69 anos, em 25 de agosto de 1944, Paris foi liberada da ocupação alemã que começara em 1940.

O comandante alemão de Paris era o general Von Choltitz que recebera ordens diretas e carta branca de Adolf Hitler para defender a cidade com todos os recursos e ainda para destruí-la inteiramente antes de uma retirada.

O general, no entanto, foi contra as ordens - cada vez mais insistentes - de Hitler para a destruição de Paris a ponto de solicitar ao cônsul-geral da Suécia, Raoul Nordling, que atravessasse as linhas do front e entrasse em contato com os Aliados, a fim de apressá-los e assim acelerar a capitulação alemã.

Em 19 de agosto Nordling sugeriu a Von Choltitz que buscasse contato com a Resistência mas, por ironia do destino, o sueco sofreu um ataque cardíaco pouco antes da sua partida e morreu. Porém, como sua carta de livre trânsito a sido emitida como R. Nordling, seu irmão Rolf assumiu então a delicada missão de alto risco.

Na tarde de 25 de agosto, o General Leclerc, comandante das tropas francesas livres recebeu a capitulação do general Von Choltitz, na Prefecture de Police e De Gaulle, ao chegar no ao final deste mesmo dia, discursou na Mairie de Paris lembrando o sofrimento de uma Paris martirizada pela ocupação e preconizando, ao mesmo tempo, o futuro de liberdade e de autodeterminação da cidade.

Enquanto isso, em Berlim, Hitler procurava saber, em vão, do seu general: "Paris está em chamas?"

sábado, 24 de agosto de 2013

O Camélia do Hôtel Mandarin Oriental

A jornalista Carla Lencastre, Editora do Caderno Boa Viagem do jornal O Globo, publicou ontem (23) uma excelente matéria sobre o restaurante Camélia, do hotel Mandarin Oriental, inaugurado há cerca de dois anos e que reproduzo e recomendo a leitura, segue a peça:

Camélia, um refúgio para os dias de calor em Paris

Restaurante do Mandarin Oriental da capital francesa
tem um jardim interno concorrido no verão


O pátio interno do Camélia, no Mandarin Oriental de Paris. Foto; Carla Lencastre / O Globo
PARIS - Dias ensolarados, temperatura de 20 e poucos graus Celsius na capital francesa. Nesta época do ano, muitos parisienses viajam e diversos estabelecimentos estão fechados por conta das férias de verão, da banca de jornal da esquina àquele restaurante que você estava sonhando em ir, passando por lojas em geral, que aproveitam para fazer reformas. Mas vários outros lugares funcionam normalmente. O Boa Viagem conferiu no início do mês o jardim ao ar livre do Camélia, um dos restaurantes do hotel Mandarin Oriental, inaugurado há apenas dois anos na Rue Saint-Honoré, pertinho do Louvre, da Opéra e de outras atrações turísticas de Paris.

O restaurante muda de cara quando o tempo esquenta e as mesas no jardim interno do hotel (que é dividido com o Bar 8, outra boa pedida) são disputadas por moradores e turistas. O lugar é confortável, sem ostentação, e com um serviço simpático.

O chef é Thierry Marx, que tem duas estrelas Michelin no restaurante Sur Mesure do MO. No cardápio de almoço do Camélia, destaque para o bacalhau com tapenade, tomates e manjericão e o risoni de lula com folhas verdes. Mesmo que dispense a sobremesa, não deixe de experimentar os biscoitinhos de coco que acompanham o café (e estão à venda na entrada do restaurante).

Detalhe importante para turistas: o Camélia fica aberto direto, das 12h às 23h. Ou seja, dá para arriscar chegar no meio da tarde e conseguir uma mesa para um almoço tardio mesmo sem reserva. Outros pratos do menu, carta de vinhos e preços estão em mandarinoriental.com/paris.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Há 441 anos acontecia a Noite de São Bartolomeu

Na noite de 23 para 24 de agosto de 1572 os sinos da catedral de Saint Germain-l’Auxerrois de Paris, situada ao número 2 da Place du Louvre, no 1er arrondissement da capital, fizeram o prenúncio do dia de São Bartolomeu – um mártir.

Gravura da época registrou os horrores da 'Noite de São Bartolomeu'
Na Noite de São Bartolomeu de 1572, os católicos massacraram os huguenotes na França. Somente em Paris, três mil protestantes foram exterminados nessa noite. A violência estava espalhada por todo o país, o número de huguenotes mortos foi de dezenas de milhares.

Poucos dias antes, era calmo o ambiente na capital. Celebrara-se um matrimônio real, que deveria encerrar um terrível decênio de lutas religiosas entre católicos e huguenotes. Os noivos eram Henrique, rei de Navarra e chefe da dinastia dos huguenotes, e Margarida Valois, princesa da França, filha do falecido Henrique 2º e de Catarina de Médici.

Margarida era irmã do rei Carlos 9º. Alguns milhares de huguenotes de todo o país – a nata da nobreza francesa – foram convidados a participar das festas de casamento em Paris. Uma armadilha sangrenta, como se constataria mais tarde.

Casamento sobre o Sena

A guerra entre católicos e protestantes predominou na França durante anos, com assassinatos, depredações e estupros. E agora, um casamento deveria fazer com que tudo fosse esquecido?

O casamento não foi realizado na catedral. O noivo protestante não deveria entrar na Notre Dame, nem assistir à missa. Diante do portal ocidental da catedral, foi construído um palco sobre o rio Sena, no qual celebrou-se o casamento. Margarida não respondeu com um "sim" à pergunta, se desejava desposar Henrique, mas fez simplesmente um aceno positivo com a cabeça. Como era comum na época, o casamento tinha motivação exclusivamente política.

No século 16, o maior esteio da França não era o rei, mas sim a Igreja. E ela estava inteiramente infiltrada pela nobreza católica. Uma reforma do clero significaria, ao mesmo tempo, o tolhimento do poder dos príncipes. Assim, a nobreza – tendo à frente os Guise – buscava a preservação do status quo.

Casamento forçado seguido de atentado

Os Guise – a linhagem predominante na França – observavam com profunda desconfiança a cerimônia ao lado da Notre Dame. O casamento foi realizado por determinação da poderosa rainha-mãe Catarina de Médici – uma mulher fria, detentora de um marcante instinto de poder.

Poucos dias depois da cerimônia, almirante Coligny sofreu um atentado em rua aberta. O líder huguenote teve apenas ferimentos leves. Ainda assim, os huguenotes pressentiram uma conspiração. Estava em perigo a trégua frágil, lograda através do casamento. Por trás do atentado, estavam os Guise e Catarina de Médici.

O casamento era parte de um plano preparado a longo prazo. Carlos, o rei com olhar de louco, ficou furioso ao saber do atentado a Coligny, que era seu conselheiro e confidente. Os católicos espalharam então o boato de que os huguenotes estavam planejando uma rebelião para vingar-se do atentado.

Começa o plano diabólico

O rei Carlos foi pressionado por sua mãe, Catarina. Carlos vacilou, ficou inseguro. Mas cedeu, finalmente, e ordenou a execução de Coligny. E exigiu, de repente, um trabalho completo: não deveria sobrar nenhum huguenote que pudesse acusá-lo posteriormente do crime.

Coligny foi assassinado com requintes de crueldade na noite de São Bartolomeu. Com ele, milhares de pessoas que professavam a mesma fé.

Henrique de Navarra sobreviveu à noite de São Bartolomeu nos aposentos do rei, que tinha dado a ordem para o massacre. Henrique teve de renegar a sua fé e foi encarcerado no Louvre. Quatro anos mais tarde, ele conseguiu fugir. Retornou ao seu reino na Espanha e, anos depois, subiu ao trono francês.

Henrique, que permaneceu católico, mas irmão espiritual dos huguenotes, concedeu-lhes a igualdade de direitos políticos através do Édito da Tolerância de Nantes. Uma compensação tardia para os huguenotes. Henrique defendia a coesão do país: "A França não se dividirá em dois países, um huguenote e outro católico. Se não forem suficientes a razão e a Justiça, o rei jogará na balança o peso da sua autoridade."

(Artigo original publicado pela Deutsche Welle em 23.08.2013)

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Square Gardette, um paraíso em Paris

Na praça. Restaurante Nhà-quê, <252,1>no Square Gardette Foto: Fotos de Fernando Eichenberg
Na praça. Restaurante Nhà-quê, no Square Gardette. Foto: Fernando Eichenberg
O jornalista correspondente Fernando Eichenberg, de O Globo, publicou nesta segunda (19), uma excelente matéria sobre a Square Gardette, que reproduzo e recomendo a leitura, segue a peça:

PARIS — Em Paris e em muitas outras cidades você pode estar caminhando por uma grande via e, de repente, ao se aventurar por uma trilha perpendicular, se deparar com o inesperado. É o caso do bucólico Square Gardette, escondido entre a Avenue Parmentier e a Rue Saint Maur, no 11º distrito da capital francesa. A arborizada praça revela algumas surpresas em suas margens. Uma delas é o restaurante de gastronomia contemporânea vietnamita Nhà-quê (20 Rue Général Guilhem), onde em um pequeno mas acolhedor espaço o chef Eric Vo-Van propõe um menu de suas especialidades asiáticas.

Nos dias de temperaturas amenas e céu de brigadeiro, a pedida é sentar-se às mesas na calçada, diante da verdejante paisagem e ao som do canto dos pássaros. Quase ao lado, no número 28, pode-se comprar vinhos de qualidade a um bom preço na cave Le Vin de Bohème, principalmente da região da Borgonha, com a possibilidade de eventuais degustações acompanhadas de queijos e frios. Virando a rua, sempre circundando a praça, o salão de chá Murmure & Délices (17 Rue Lacharrière) apresenta em suas estantes oito dezenas de tipos de chás dos mais diferentes cantos do mundo. O local, que possui igualmente mesas na calçada para os dias estivais, também proporciona eventualmente exposições e concertos acústicos para os seus clientes, além de livros de arte e coleções de HQs. A poucos passos dali, o bar e restaurante Le Square Gardette (24 Rue Saint Ambroise, esquina com Rue Général Guilhem) é uma boa opção para um aperitivo ou uma refeição, num décor original e serviço simpático. E ainda nos arredores, há também o Naoki (5 Rue Guillaume Bertrand), apreciado como uma boa cozinha japonesa de Paris.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Rue des Thermopyles: uma aldeia em Paris

A Rue des Thermopyles fica no Quartier de Plaisance, no 14ème arrondissement de Paris, com entrada pelo número 87 da Rue Raymond Losserand e é famosa nos arredores por seu ar bucólico, como se fosse uma pequena cidade do interior, com folhagens e flores nos muros das casas.






terça-feira, 20 de agosto de 2013

Saint Germain com vista de 360°



O verão está chegando ao fim mas enquanto o outono não chega, ainda podemos aproveitar de belas vistas de terraços parisienses, como o do Bar 43 Up the Roof, no último andar do hotel Holiday Inn Paris Notre Dame, que nos oferece uma magnífica vista panorâmica de 360 graus de Paris: a Tour Eiffel, Sacré-Coeur, no alto da Butte Montmartre, a Grand Roue no Jardins des Tuilleries e, é claro, a catedral de Notre-Dame de Paris.

Holiday Inn Paris Notre Dame
4, Rue Danton
6ème arrondissement
Telefone: 01 81 69 00 60


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Paris em agosto: cidade fantasma

Mais um ano se passou e estamos novamente no meio de Agosto que, como já falei tantas vezes, muda a cara da cidade, que literalmente fecha para as férias.

Se alguém me perguntar qual a época ou o mês do ano que menos gosto em Paris, a resposta seria sem nenhuma hesitação: o mês de agosto.

Em agosto faz calor, com máximas que passam facilmente os 30ºC.

Em agosto os parisienses – quase todos – saem de férias e a cidade fica vazia, a não ser pelas enormes quantidades de turistas da própria Europa e, é claro, Ásia.

Em agosto os melhores lugares para ir, como restaurantes bares e clubes noturnos fecham – até as boulangeries e até as lojas de congelados fecham!

Em agosto o trânsito fica pior ainda por conta do “Paris Plage” , um evento realizado nas pistas de automóveis ao lado do Rio Sena e também por conta das inúmeras obras que são feitas para se aproveitar a cidade vazia.

Em agosto o número de dias de chuva triplicam.

Mas se outro alguém me perguntar se eu visitaria Paris em agosto, a resposta seria sem nenhuma hesitação: claro!






domingo, 18 de agosto de 2013

Chalet des Iles, no Bois de Boulogne



Dos mesmos donos do Café de l'Homme (fechado para reformas), do La Guinguette de Neuillye do Le Petit Poucet, de frutos do mar, o Chalet des Iles fica na ilha do Lac Inférieur do Bois de Boulogne e só se chega por barcos atracados em suas margens.

Com jeito de casa de campo, almoçar ou jantar em suas dependências é uma experiência singular e, no verão, as noites do Petit Chalet reúnem a juventude dourada parisiense em festas até o raiar do sol.

Porte de la Muette
16ème arrondissement
Telefone: 01 42 88 04 69
www.chalet-des-iles.com








sábado, 17 de agosto de 2013

Èze e Menton: duas pérolas da gastronomia francesa no Mediterrâneo

Vista da hotel Le Chèvre D’Or, em Èze. Foto: Bruno Agostini / O Globo

O repórter Bruno Agostini, de O Globo, publicou nesta quarta, (14 e atualizou ontem, 16), uma excelente reportagem sobre os restaurantes de Èze e Menton, na Riviera Francesa, que reproduzo e recomendo a leitura, segue a peça:


Boa mesa e vista privilegiada em Èze e Menton

Cidades da Riviera Francesa na fronteira com a Itália se destacam pela ótima gastronomia
NICE - Um jantar no restaurante La Chèvre d’Or, em Èze, é um longo e saboroso ritual, composto de várias etapas, e elementos: a vista para o Mar Mediterrâneo, o serviço cortês, a cozinha de alta classe e a carta de vinhos vasta e variada, conjunto que lhe confere duas merecidas estrelas Michelin, enchendo o salão noite sim, outra também. Reserve a mesa, de preferência, junto às grandes janelas que valorizam o cenário. O restante é com eles.

Quando cheguei ao bar, anunciando a minha reserva, o garçom perguntou se eu preferia começar com uma taça de champanhe, e uns petiscos, ali mesmo, nas mesas que ficam debruçadas sobre o mar. Isso não é sugestão que se recuse. Logo ele voltou, trazendo o sublime Taittinger Comtes de Champagne Rosé 2005 acompanhado de um delicado gaspacho de melancia, beterraba e maçã verde, e colherinhas com escabeche de cavala, além de azeitonas pretas e frutas secas, algumas apimentadas. O céu ainda estava claro, se azulando lindamente, quando subi ao salão do restaurante, e o couvert foi servido: um inédito, ao menos para mim, pão de limão siciliano, ao lado de grissini, sablé de parmesão, azeitonas pretas e tapenade, um prelúdio que me deu a certeza de que o jantar prometia.

Era só o começo. Escolhi um menu comemorativo dos 60 anos do hotel restaurante (€ 195), inaugurado em 1953. Com impecável harmonização de vinhos feita pelo sommelier Philippe Magne, há 24 anos na casa, os pratos foram servidos: tomatinho recheado de vitela e vegetais, com caldo do próprio cozimento da carne; tartare de atum com abacate, tomate e kiwi, com sablé de queijo, e sashimis do peixe coroados com caviar; camarões italianos, de San Remo, com vôngoles, favas, aspargos e pesto, e, finalmente, um clássico da casa, o prato mais emblemático do lugar, entre os mais famosos da Riviera Francesa, o cordeiro de leite, apresentado de duas maneiras, um carré impecavelmente grelhado, e um lombo, delicado e rosado, em crosta de ervas.

Depois da passagem de um carrinho de queijos daqueles memoráveis, e de um doce de limão que reproduz a aparência da fruta, as mignardises foram servidas com um armagnac 1933, sim, 1933... Duas décadas mais velho que o próprio hotel. Uma até vá lá, mas ninguém ostenta duas étoiles à toa

— Compramos em um leilão um lote de armagnacs antigos. Este 1933 virou um ícone de nossa carta de bebidas, e usamos também numa versão de foie gras. São um xodó — explicou-me, na manhã seguinte, Thierry Naidu, presidente do grupo Phoenix Hotels, que administra oito hotéis butique. — La Chèvre d’Or é nosso ícone — diz.

Para o almoço, há menus por a partir de € 75 (ou € 95, com harmonização de vinhos), com a mesma vista, o mesmo serviço e qualidade da comida, ainda que em preparações um pouco mais simples.

O hotel, que se espalha por boa parte da cidade, com alguns quartos que dão direto para a rua, como era o caso do meu, é uma razão e tanto para se visitar Èze, cidade dividida em três níveis que está entre as mais belas de toda a França. Há a cidadela medieval propriamente dita, com precioso casario de pedra; Èze-Bord-Mer, vila junto ao Mediterrâneo, e Col d’Èze, montanha acima.

— Hoje existem apenas seis famílias morando em Èze. Todas as construções viraram restaurantes, hotéis ou lojas. Há mais pintores que famílias, e são pelo menos dez artistas famosos morando aqui, produzindo e expondo os seus trabalhos — conta Thierry, casado com Federica Naidu, dona da galeria Incontri d’Art, vizinha ao hotel, uma das melhores, entre as tantas da cidade.

Apesar do mar de águas claras, e do charme praiano da porção mais baixa, é mesmo a vila de Èze o filé mignon do pedaço. Repleta de galerias de arte, cafés, lojinhas e restaurantes, tem um jardim com plantas exóticas com uma das melhores vistas possíveis do Mar Mediterrâneo. É um mirante com a vegetação estrangeira em primeiro plano, as construções antigas logo em seguida, as montanhas verdejantes à direita, e o mar imaculadamente azul, ao fundo.

Além de ser um lugar charmoso, pequeno, bom para se caminhar subindo e descendo suas ladeiras e escadarias, Èze é bem localizada para os que pretendem explorar a região sem precisar trocar de hotel. Não demoramos mais do que meia hora para chegarmos a Nice, Menton, Mônaco ou St-Paul-de-Vence, seguindo pela bela estrada panorâmica. Cannes, Mougins ou Antibes estão a menos de 45 minutos. Apesar do apelo dessas cidades nas redondezas, não é nada fácil sair de Èze.

Argentino conquista a França

Chegando ao restaurante Mirazur, em Menton, um tango moderno tocava baixinho na caixa de som. E quem me dá as boas-vindas, em bom português, é Julia Ramos Colagreco, carioca casada com o chef argentino Mauro Colagreco, que através de sua cozinha delicada, inventiva, original e de técnica impecável, conseguiu uma proeza: ser um dos cozinheiros de maior destaque no cenário gastronômico da França atualmente, admirado por gente como o mais importante — e temido — crítico do país, François Simon. Aos 36 anos, não chegou ao topo por acaso. Meu almoço na casa, que integra a associação Relais & Château, seguramente foi uma das melhores refeições de toda a vida. Além de tudo, a vista para o mar e o centro antigo de Menton é belíssima. O salão envidraçado valoriza esse patrimônio, e o serviço tem uma simpatia rara de se ver na França, incluindo garçons argentinos, desses que adoram o Brasil, e gostam de relatar as suas visitas ao país.

No Mirazur a gente se sente em casa como em poucos lugares na Europa. Sem falar na seleção de vinhos, de pequenos produtores, quase sempre biodinâmicos, naturais, escolhidos a dedo.

— Estamos a apenas 50 metros da Itália, que começa logo ali — diz Julia, apontando para o mato que ocupa as encostas vizinhas ao restaurante, dono de uma horta produtiva que abastece a cozinha com muitos produtos frescos cultivados ali mesmo.

Ainda impressionado com a vista, recebo o amuse bouche, com vários bocadinhos de apresentação impecável, entre eles uma anchova crua, fresquíssima, depositada sobre uma espécie de maionese caseira, cujo sabor até hoje está gravado na memória. Delicadeza é algo fundamental, e o pão da casa, quentinho, é servido com azeite aromatizado com limão (Menton é famosa por seus citrons) e uma folhinha com poema de Pablo Neruda (traduzido para o francês), “Ode ao pão”.

O primeiro ato foi uma espécie de canelone, cuja massa era uma lâmina finíssima de pera, que envolvia uma ostra crua, conjunto temperado por um creme de échalote, cebola ovalada e de sabor mais delicado. Logo depois, chegou uma saladinha das mais lindas e deliciosas que já pude provar, combinando vagens verdes e amarelas, flor de mostarda, cerejas frescas e cebola roxa, com um toque de limão siciliano e azeite. E que tal uma cumbuca de bottarga com batata, molho de café, abóbora, alcaparras e azeite, também temperado com café? Divino, ainda mais acompanhado de um copo do Domaine de Bellivière Les Rosiers, intenso e mineral. Valorizados pela louça que colabora para uma apresentação impecável de cada prato, não houve uma receita que destoasse.

O foie gras com daikon e consomê de pato perfumado com verbena estava sublime. O mesmo adjetivo pode ser usado para definir o charbonnier, um raro cogumelo colhido nas montanhas que envolvem Menton, servido com delicado creme de alho e flores de cebolinha francesa. Um filé de salmonete boiava sobre um caldo de cebolas, fumé de tamboril com sálvia e tripas de bacalhau fresco. O magret de pato, com molho de laranja em redução de cenoura, era acompanhado de mousseline de cenoura. Em vez de um prato de queijos, recebi uma lâmina cristalina e crocante de Munster, temperada com cominho e mel de acácia. Uma pouco doce combinação de ruibarbo com morangos, amoras e outras frutinhas frescas, além de sorbet de ervas selvagens foi o penúltimo passo. Encerrei com dois macarons, um de limão, outro de erva-mate, como se simbolizassem a união de Menton e Argentina.

O Mirazur é apenas a mais deliciosa razão para se ir até Menton, mas há muitas outras, a começar pela própria orla, com praia de piso pedregoso, repleta de bares, cafés, restaurantes e hotéis, além de um cassino movimentado. Entre os lugares mais interessantes da cidade para uma refeição praiana está o restaurante La Mandibule, raro endereço especializado na cozinha das Ilhas Reunião, com tempero indiano e pitadas tailandesas na cozinha francesa, resultando em receitas apimentadas. E vale, ainda, passar pelo centrinho antigo de Menton, com suas construções bem conservadas. Só não dá para não ir ao Mirazur.

SERVIÇO

ONDE FICAR

Château Eza: Hotel em forma de vila, com 12 quartos e suítes, quase todos com vistas para o Mar Mediterrâneo e as montanhas. Diárias a partir de € 360. Rue de la Pise, Èze. chateaueza.com

Hôtel Napoléon: Renovado em 2005. Diárias a partir de € 214. 29 Porte de France, Menton. napoleon-menton.com

ONDE COMER

La Chèvre d’Or: 5 Rue du Barri, Èze. Tel. (33) 4-9210-6666. chevredor.com

Mirazur: 30 Avenue Aristide Briand, Menton. Tel. (33) 4-9241-8686. mirazur.fr

La Mandibule: 1.014,Promenade du Soleil, Menton. Tel. (33) 4-9328-4195. lamandibule.com

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A gastronomia de Nice além da Salade Niçoise

Vista da bela e agitada Promenade des Anglais, o principal calçadão de Nice. Boa Viagem / O Globo
O repórter Bruno Agostini, de O Globo, publicou ontem (quinta, 15 e atualizou hoje), uma excelente reportagem sobre os restaurantes de Nice, na Riviera Francesa, que reproduzo e recomendo a leitura, segue a peça:


Em Nice, o caminho das estrelas da Riviera Francesa

Um roteiro que destaca cozinha mediterrânea, arquitetura e praias com influência italiana
NICE - Dirigir de Nice a Èze é um perigo. Não exatamente por conta da estrada sinuosa que serpenteia pela montanha, com curvas estreitas espremidas entre o abismo e a parede abrupta de pedra, mas devido à paisagem deste trecho da Riviera Francesa. Durante boa parte do trajeto, de menos de 15 quilômetros, o cenário é tão encantador que desvia a atenção do motorista, e a foto da capa desta edição não me deixa mentir. Por sorte não faltam mirantes para estacionarmos o carro e admirar o litoral com a calma que ele merece. (veja aqui mais imagens)

Do alto, vemos vilarejos e cidadezinhas costeiras, como Villefranche-sur-Mer e St-Jean-Cap-Ferrat, com suas marinas repletas abrigando alguns dos iates mais espetaculares do Mar Mediterrâneo e também barquinhos de pescadores. Alguns navios de cruzeiro estão fundeados mais distantes do litoral. Nos dias claros o sol realça os diversos tons que o mar nos apresenta nas águas de temperatura amena da Riviera Francesa.

Sem trânsito, não demoramos mais do que 30 minutos para chegarmos à Èze, estrategicamente localizada em um promontório vertiginoso, com panorama privilegiado e um centro antigo cheio de charme que abriga restaurantes estrelados, hotéis, pousadas, lojinhas e muitas galerias de arte. Seguindo pela mesma estrada cênica que acompanha o traçado do litoral, cerca de 17 quilômetros adiante chegamos novamente em menos de meia hora a Menton, já na fronteira com a Itália, onde encontramos o restaurante Mirazur, um desses raros endereços que, sozinhos, já justificam uma viagem.

Tempero italiano na Côte d’Azur

Acomodado no Le Relais, bar do clássico hotel Negresco, saboreio o ambiente elegante, a trilha sonora apropriada e um dry martini impecável. Poltronas de couro, mesas baixas de madeira, tapetes e um piano de cauda compõem um cenário digno dos muitos artistas que historicamente sempre frequentaram o local. O músico dedilha os teclados com um repertório que, repentinamente, se encharca de músicas brasileiras. Jobim, Benjor e outros nomes da MPB se revezam no set list. A seleção etílica está à altura do que se espera de um bom bar, com coquetéis clássicos, como negroni e gim tônica, preparados à perfeição (e preços na faixa dos € 18).

Mesmo que não tivesse tais predicados, o bar do Negresco poderia ser classificado como endereço fundamental para entender Nice. Porque sentar ali, ainda que por breve período, é uma das maneiras mais fáceis de se visitar o hotel, um ícone da cidade, um cartão-postal, praticamente um museu, com peças bizarras e outras engraçadas — muitas delas ocupando o imenso salão arredondado com uma linda cúpula, repleto de obras de arte, muitas de gosto duvidoso — e uma pequena exposição sobre a história do lugar, onde não faltam elementos que podemos classificar de kitsch, como os banheiros de decoração extravagante (imperdíveis) e a coleção de cadeiras de barbeiro.

Outra possibilidade é marcar um jantar no restaurante Chantecler, dono de duas estrelas Michelin, que serve receitas como lagostins grelhados com molho de pimenta de Espelette ou outras mais exóticas, como pedaços de cabeça de vitela crocantes, com menus que custam entre € 58 e € 140.

Se o Negresco está para Nice como o Copacabana Palace para o Rio (e ambos pertencem à associação The Leading Hotels of the World), a Promenade des Anglais, onde fica o hotel, é a Avenida Atlântica da cidade. Pelo seu calçadão circulam e se misturam moradores e turistas, caminhando, correndo ou pedalam na ciclovia. Em vez de quiosques há barracas de praia, loteamentos privados, quase sempre pertencentes aos hotéis que ficam defronte a eles, com estrutura impressionante, incluindo grandes cozinhas, cadeiras, mesas e guarda-sóis. Parar em alguma delas, como a Galeon Plage, faz parte do ritual turístico niçoise, nem que seja apenas para beber uma taça de rosé. O chão de pedras da praia não é dos mais convidativos, porém o mar azul de águas tranquilas e de temperatura amena do Mediterrâneo é aquele mesmo que deu fama à região, e nadar ali não é nada mau.

À certa altura da Promenade des Anglais encontramos o Jardin Albert 1er, que passa por reformas para ser reinaugurado mês que vem. O lindo projeto paisagístico inclui o maior espelho d’água da Europa, com espetáculos diários de água e luz. As obras prometem transformar o bar da cobertura do hotel Aston em um dos pontos mais badalados da cidade, com sua vista privilegiada para a grande esplanada que, emendando com a Promenade du Paillon, se converte em uma aprazível área de pedestres, marco divisório, onde começa Le Vieux-Nice, o centro antigo da cidade.

É justamente ali um dos pontos mais agradáveis de Nice, com prédios de estilo tipicamente italiano, como os que encontramos na Ligúria, revelando a origem conturbada da cidade, marcada por guerras, anexações e diversos tratados. Até meados do século XVIII, Nice, e todo o restante da porção oriental da Riviera Francesa, pertenceram ao Ducado de Saboia e, posteriormente, ao reino do Piemonte-Sardenha, da Casa de Saboia, embrião do estado italiano.

A História explica muito a respeito da cidade hoje com um milhão de habitantes, a começar pelo apelido Nissa La Bella, além da gastronomia e da arquitetura. As placas com os nomes das ruas na área histórica são escritas em francês e niçardo, a língua local, mais próxima do italiano que do francês. A Cours Saleya é uma praça comprida, no coração da área histórica, repleta de restaurantes bares e cafés com mesas externas. Abriga um colorido e perfumado mercado de flores e alimentos, que às segundas-feiras cede lugar para barracas de antiguidades com ótimas peças, mas de preços altos.

O verão de Matisse

O clima, as cores e o estilo de vida da Côte d’Azur sempre atraíram legiões de artistas à região, muitas vezes durante o inverno, fugindo do frio das áreas mais ao norte da Europa. Entre os nomes que viveram em Nice, ou passaram longos e produtivos períodos ali, estão Claude Monet, Edvard Munch e Henri Matisse, o mais niçoise entre os pintores famosos ligados à cidade. Além de ter morado em Nice, em vários locais, inclusive residindo no Hôtel Beau Rivage, Matisse viveu também em Cimiez, bairro chique nas montanhas que envolvem Nice, onde está enterrado. Na Avenue des Arènes de Cimiez fica o Museu Matisse (musee-matisse-nice.org), que completa 50 anos com uma série de exposições, em cartaz até 23 de setembro, celebrando a sua obra.

Marc Chagall morou em St-Paul-de-Vence, perto dali, e também andou por Nice, que abriga um museu com seu nome (musee-chagall.fr), na Avenue Docteur Menard, que mantém mais de 250 peças criadas por ele, com destaque para as que exploram a temática bíblica.

Saladas, alevinos e rosés

Falar de cozinha francesa é algo genérico que reúne sob uma mesma expressão uma série de receitas regionais que acabaram consagradas mundo afora pela hotelaria, e pelos bistrôs. O que existe mesmo é a culinária regional: a provençal, a alsaciana e a bretã, entre outras, representando cada parte do país, com cardápios muito diferentes entre si de acordo com os ingredientes e as tradições locais.

Apenas duas cidades apresentam uma cozinha própria, com identidade bem particular, Lyon, a capital gastronômica do país, e Nice, combinando elementos da vizinhança: a culinária niçoise seria uma interseção mediterrânea entre a Provence e o Norte da Itália, com influências do Piemonte e da Ligúria. Ou seja, algo delicioso, quase sempre leve, baseado em matéria-prima sazonal, explorando o frescor, combinando pescados os mais diversos, massas, azeites, ervas e muitos legumes e verduras.

Emblema maior dessa riqueza gastronômica com alicerces na simplicidade, a salada niçoise é um ícone, servida apenas nos meses mais quentes do ano com os vegetais disponíveis na feira, todos crus, incluindo ervas, legumes, folhas e flores (alcachofra, de abobrinha), com atum em conserva, alici e ovo cozido, além de azeite. Muito comum em bares e restaurantes, o pan bagnat é uma espécie de sanduíche de salada niçoise, e vale por uma refeição.

Encontrar uma niçoise perfeita não é difícil, porque a matéria-prima está ali, disponível durante todo o verão. Porém, alguns lugares fizeram fama por oferecer uma receita impecável, baseada, como deve ser, na simplicidade. Caso do Chez Palmyre, na Rue Droite, no centro antigo, lugar conhecido por servir o receituário niçoise como preparado em casa, com destaque para a tal salada, que vai maravilhosamente bem com vinhos rosados da Provence, ou, então, melhor ainda, com um Bellet, a pequena denominação local, com vinhedos nas montanhas dos arredores de Nice.

Nessa mesma rua encontramos o Acchiardo, outra referência fundamental em termos de cardápio niçoise, comandado por uma família, com pai e filhos se dividindo no serviço, com simpatia e preços acessíveis (a salada niçoise custa € 9, e os pratos do dia, como um tagliatelle com azeitonas e pato, sai por menos de € 15).

Falando em cozinha tradicional, o restaurante La Merenda é o mais concorrido. Não aceita reservas nem cartões de crédito, vive cheio, com mesas espremidas no pequeno salão. Pilotando a cozinha está o chef Dominique Le Stanc, que deixou uma carreira sólida no Chantecler, do hotel Negresco, para abrir a sua própria casa, onde serve clássicos de Nice, incluindo as poutines, que são alevinos, quase sempre de sardinhas, também conhecidos como nonnat. São servidos tradicionalmente de várias maneiras: em omeletes, enriquecendo sopas ou simplesmente depositados, crus, sobre uma torradinha, e qualquer semelhança com a bruschetta não é mera coincidência. A Itália é logo ali.

Outra iguaria emblemática que compõe a dieta essencial do turista é a pissaladière, encontrada em todo canto, uma espécie de pizza com cobertura de cebolas, cozidas longamente, até virarem quase uma pasta, levemente caramelizada, que contrasta com o sabor salgado de anchovas e azeitonas pretas. Perfeita para um lanche rápido, a iguaria é vendida em padarias, para se comer na rua. As que formam fila são as mais confiáveis, caso da La Fougasserie, entre a Rue de la Prefecture e a Cours Saleya.

Na feira que acontece na Cours Saleya, a personagem mais famosa é Theresa, que virou celebridade por servir a melhor socca da cidade, um disco de massa feita com grão de bico e assada em forno a lenha, mais uma iguaria típica da cozinha niçoise (o pedaço custa € 2,50).

Representando uma linhagem mais moderna da cozinha de Nice, de caráter mais autoral, o restaurante Luc Salcedo tem o tamanho exato para ter um chef na cozinha, e a sua mulher, e uma ajudante, no salão. Não deixe de reservar, porque a cozinha cuidadosa de Salcedo apresenta receitas que exploram com criatividade e boa técnica os ingredientes locais. O cozinheiro que batiza a casa é craque no preparo de terrines (a de pato ao curry é incrível), e o menu varia regularmente, servindo receitas como carpaccio com vinagrete ao pesto e vegetais crocantes. As entradas custam € 16; os pratos principais, € 26, e as sobremesas € 12, e também existem menus degustação por € 45 ou € 65.

A uma curta caminhada do centro antigo, a área do porto é outro aglomerado de bons restaurantes. Peixes e frutos do mar são elemento comum nas cozinhas de Nice. Mas poucos tratam os pescados com tanto cuidado como o chef Michel Devillers, do L’Ane Rouge, que mostra orgulhosamente aos clientes a matéria-prima sempre fresca que recebe diariamente, e em seguida transforma em receitas simples, de execução segura, como o filé de trilha sobre guacamole, e o lombo de bacalhau fresco com molho de tomate.

Além de tudo, ainda tem a vista (peça uma mesa do lado de fora), que fica ainda mais linda ao anoitecer, com os barquinhos balançando nas águas, as luzes da cidade se acendendo e o céu se pintando de azul.

Para aprender a cozinhar e a fazer perfume

Para quem quer não só provar as delícias da cozinha de Nice mas também botar a mão na massa e aprender algumas receitas locais, a canadense Rosa Jackson, criadora da Les Petits Farcis — que faz passeios gastronômicos e oferece aulas de cozinha — tem a fórmula exata. O programa começa na Cours Saleya, quando selecionamos os ingredientes do menu, que pode ser escolhido de acordo com a preferência do participante.

Queria uma salada niçoise, e compramos tudo o que precisávamos para a receita. No caminho para a casa onde acontecem as aulas, ainda paramos na Lou Froumaï, incrível loja de queijos locais. Na cozinha do apartamento, no coração do centro antigo de Nice, todos arregaçaram as mangas para preparar o cardápio do dia: salada niçoise, bouillabaisse e torta de limão.

Ainda em Vieux-Nice, a Parfumerie Molinard organiza aulas para ensinar a criar perfumes, usando cerca de 200 essências de base, combinadas em fórmulas únicas. No final, levamos um frasco para casa, e ainda podemos encomendar de novo, através do site, com entrega no Brasil.

SERVIÇO

ONDE FICAR

West End: Tradicional hotel de 170 anos. Diárias a € 189. 31 Promenade des Anglais, Nice. hotel-westend.com

Hôtel Negresco: Destaque para o restaurante Le Chantecler e a La Rotonde Brasserie. Diárias para casal a partir de € 410. 37 Promenade des Anglais, Nice. hotel-negresco-nice.com

Clarion Grand Hôtel Aston: Oferece belas vistas para a cidade. Diárias para casal a partir de € 144. 12 Avenue Felix Faure, Nice. hotel-aston.com

Beau Rivage: Matisse morou neste hotel. Diárias a partir de € 149. 24 Rue Saint-François de Paule, Nice. hotelnicebeaurivage.com

ONDE COMER

Chez Palmyre: 5 Rue Droite, Nice. Tel. (33) 4-385-7232.

Acchiardo: 38 Rue Droite, Nice. Tel. (33) 4-9385-5116.

La Merenda: 4 Rue Raoul Bosio, Nice. lamerenda.net

Luc Salsedo: 14 Rue Maccarani, Nice. Tel. (33) 4-9382-2412. restaurant-salsedo.com

AULAS

Les Petits Farcis: As aulas são realizadas para grupos entre duas e sete pessoas, e custam €195 por pessoa, incluindo o almoço, com vinho. petisfarcis.com

Molinard: Os workshops de perfumaria custam € 59. 20 Rue St François de Paule, Nice. Tel. (33) 4-9362-9050. molinard.com

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

França sai da recessão



Segundo informações da EFE, a França saiu da recessão graças ao crescimento de 0,5% no 2º trimestre de 2013, o mais significativo desde o 1º trimestre de 2011: o consumo das famílias e o aumento das exportações ajudaram no índice positivo.

O dado divulgado ontem (14) pelo Instituto Nacional de Estatística (Insee), após uma queda de 0,2% do PIB em cada um dos dois trimestres precedentes, representa o crescimento econômico mais significativo da França desde o primeiro trimestre de 2011.

Isso porque, o dado divulgado se mostra mais otimista que as estimativas prévias tanto do Insee como do Banco da França (BdF), sendo que, na metade de ano, o crescimento econômico acumulado pela França é de 0,1%, acrescentou o Insee em comunicado.

O avanço do PIB entre os meses de abril e junho corresponde a um aumento do consumo das famílias (0,4%) e das administrações públicas (0,5%), mas, principalmente, a um aumento de 2% das exportações, frente ao retrocesso de 0,5% registrado no trimestre precedente e, além disso, os investimentos desaceleraram sua queda a 0,5%, após uma baixa de 1% entre janeiro e março deste mesmo ano.

Em comunicado, o ministro de Economia da França, Pierre Moscovici, destacou que o avanço trimestral é "superior às previsões disponíveis e confirma que a economia francesa saiu da recessão".

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Há 68 anos Pétain era condenado à morte



Em 14 de agosto de 1945, Philippe Pétain, chefe do regime de Vichy, é condenado à morte por um tribunal de guerra francês, por colaboração com a Alemanha nazista.

"Deixem o réu entrar", ordenou o juiz. Mal começa o processo contra o marechal Henri Philippe Pétain, chefe de Estado francês durante os quatro anos do regime de Vichy, quando algo inusitado acontece na sala da 1ª Câmara do Tribunal de Apelação de Paris.

Por uma estreita porta, aparece o acusado de alta traição, vestido de uniforme cáqui, com medalhas e condecorações, bainha de seda e luvas brancas, e cumprimenta a todos com um gesto imponente. O efeito de sua presença é tão magnético que os presentes – em sua maioria contrários ao réu – se levantam instintivamente, em sinal de respeito. Esta cena ilustra bem a personalidade de Pétain.

Marechal não pede perdão

Com voz rouca, ele lê a seguinte declaração: "Um marechal francês jamais pede perdão. Só Deus e as próximas gerações poderão julgar. Isso basta à minha consciência e à minha honra. Deposito toda a minha confiança na França."

Pétain confia na França, mas acaba ficando só. Charles de Gaulle teme que a nação se divida. Depois de ser humilhada pela Alemanha, a França é ridicularizada pelos aliados, que apenas a toleram como parceira.

Vichy – o regime que executou as ordens de Hitler na França – é o símbolo desta humilhação, uma cicatriz na consciência nacional francesa, e Pétain é o representante de Vichy. De herói nacional a bode expiatório: apesar de Pétain desempenhar o papel de pai da nação, a razão de Estado exige uma vítima.

Popularidade contra colaboração

Para os militares, uma condenação de Pétain à morte seria parricídio. Afinal, o marechal – filho de agricultor com uma carreira militar impecável – é venerado pelos soldados.

Pétain já conquistara sua fama em 1916, como "salvador de Verdun", por ter resistido a uma ofensiva das tropas alemãs. Graças a este mérito, Petáin torna-se marechal, assumindo o comando das Forças Armadas francesas.

Após a Primeira Guerra, o marechal já é uma das personalidades mais populares da França. Apesar da idade avançada, Pétain mantém o comando militar e assume o Ministério francês da Guerra em 1934.

Armistício com Hitler e jogo duplo

Quando as tropas nazistas invadem o país pelas Ardenas, em março de 1940, e tomam o país de assalto, cresce o apelo por um "salvador". Em julho do mesmo ano, Pétain assume – aos 86 anos – o cargo de chefe de Estado francês, mas a derrota militar já estava selada.

Em Compiègne, no famoso vagão de trem em que a Alemanha se submetera ao Tratado de Versalhes, Pétain assina o armistício com Hitler. Com isso, a França é dividida numa parte ocupada e em outra livre, o "Etat Français", com sede na cidade de Vichy.

Por trás da fachada do "Etat Français", Pétain faz um suspeito jogo duplo, de recusa e colaboração com o regime nazista, tolerando inclusive a deportação de judeus para campos de concentração alemães. Ao incentivar as estruturas camponesas e patriarcais, ele segue à risca a ideologia nazista do "solo e sangue".

Pétain consegue – por um lado – excluir a França dos planos de Hitler e – por outro – manter o contato com os aliados até a libertação, em 1944. Por fim, ele acaba por fugir das tropas aliadas e passa os últimos meses da guerra na Alemanha, retornando à França, através da Suíça, logo após a capitulação alemã. O Tribunal de Guerra o acusa de colaboracionismo e alta traição.

O marechal só se manifesta poucas vezes durante o julgamento. Ele se considera o "escudo da França", deixando a De Gaulle o papel de ser a "espada". "Os alemães me chamavam de raposa velha. Eu sou mesmo uma raposa velha. Mas se vocês acham que Vichy foi fácil, estão muito enganados. Eu jamais mostrei minhas verdadeiras intenções. Como na infantaria, nunca se deve colocar a cabeça para fora da trincheira antes da hora."

Uma sentença e uma surpresa

Em 14 de agosto de 1945, os jurados se reúnem pela última vez, pronunciando a sentença, às quatro da manhã do dia seguinte: "O tribunal condena o marechal Philippe Pétain à morte, suspende seus direitos de cidadão e confisca seus bens".

Mas o fim do processo também foi inusitado: após anunciar a sentença, os jurados expressam o desejo de que ela não seja executada. Então, De Gaulle lança mão de seu direito de indulto e comuta a pena de morte em prisão perpétua.

Pétain ouve o pronunciamento da sentença, impassível. E cumpre a pena de prisão, até a sua morte, em julho de 1951, na ilha de Yeu.

(Artigo original publicado pela Deutsche Welle em 14.08.2013)

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Aprenda a cozinhar em uma feira parisiense

Até o dia 31 de outubro a Prefeitura de Paris e a Federação Francesa da Cozinha Amadora estão administrando aulas prática de culinária francesa em uma série de mercados de rua, ou feiras, se preferirem chamar assim.

Depois das aulas e dicas dos Chefs Hugues Le Bourlay e Arnaud Dauvergne, você vai ter vontade de encarar um fogão para valer, aprender a lidar com um molhos ou mesmo a cortar e limpar frangos conforme as regras da "arte da culinária".

E tudo isso entre barracas de legumes e queijos, sem frescura e - acredite - totalmente grátis.

Inscrições no site www.ffcuisine.fr

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O Châtaeu de Versailles e os 400 anos de Le Nôtre

Já há algum tempo, o Château de Versailles recebe, anualmente, uma exposição de um grande artista contemporâneo de projeção internacional: depois do americano Jeff Koons, dos franceses Xavier Veilhan e Bernar Venet, do japonês Takashi Murakami e da portuguesa Joana Vasconcelos, chegou a vez do italiano Giuseppe Penone expor suas obras até 30 de outubro.

Com suas esculturas de árvores em madeira, mármore e bronze, Penone se destaca como o artista ideal para celebrar o 400º aniversário de nascimento de André Le Nôtre, que além de Versailles projetou e criou os jardins de diversos outros castelos, como: Vaux-le-Vicomte, Fontainebleau, Saint-Germain-en-Laye, Saint-Cloud e Chantilly.

Nesta exposição o artista plástico italiano, nascido em 1947, presta homenagem aos jardins de Versailles, projetados pelo genial jardineiro francês para Louis XIV, em um encontro imperdível através de vinte e cinco esculturas instaladas ao longo da Allée Royale, que liga o castelo ao Grand Canal, e também no Bois de Étoile.

Penone mantém laços fortes com Versailles desde a severa tempestade, ocorrida ao final de dezembro de 1999, que danificou os jardins e boa parte de Paris, inclusive: em um leilão beneficente organizado pela Société des Amis de Versailles, ele adquiriu dois cedros que depois esculpiu e transformou em uma única e magnífica peça mas que, ironicamente, não consta da exposição por ser demasiadamente volumosa para ser introduzida nas partes internas do palácio e que por sua natureza, não pode ser exposta em sua área externa ou seus jardins.









domingo, 11 de agosto de 2013

Shang Palace e a gastronomia cantonesa



O Shang Palace definitivamente veio para preencher um lugar que fazia falta em Paris: um restaurante chique dedicado à cozinha cantonesa, famosa pelo seu requinte.

O Shang Palace fica no super exclusico Hôtel Shangri-La, o Shang Palace preenche essa lacuna com fausto e elegância de sobra: biombos de madeira de acaju e colunas de jade iluminadas que fazem um ambiente é exótico, como também é seu menu, com surpresas insólitas como o frango ao vapor com trufa negra e tâmaras, ou o bouillon de aves, porco e frutos do mar.

Menus: almoço de 70 e 98 € e no jantar, um menu "découverte" a 120 €.

10, Avenue d’Iéna
16ème arrondissement
Telefone: 01 53 67 19 98
http://www.shangri-la.com/paris/shangrila/dining/restaurants/shang-palace

sábado, 10 de agosto de 2013

La Plage Parisienne, mais uma descoberta de verão

Atracado nas vizinhanças da Pont Mirabeau, o La Plage Parisienne,apresenta sua nova decoração ultracontemporânea, com um lindo ambiente que domina o Sena, com a pequena Estátua da Liberdade e a Tour Eiffel como pano de fundo e, sob a batuta do Chef Nicolas Storai, oferece a tradicional gastronomia francesa que encanta os mais exigentes paladares.

Port de Javel-Haut
15ème arrondissement
Telefone: 01 40 59 41 00
www.laplageparisienne.fr

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Nadar no Sena a céu aberto? Topo!

Nadar no Sena a céu aberto é possível, sim: basta pagar 5 euros e ir na Joséphine Baker, uma piscina flutuante de 25m atracada diante da biblioteca François-Mitterrand.

Apoiada em vinte flutuadores, sua estrutura em vidro e aço é considerada uma proeza de arquitetura e técnica construtiva e lá você encontra aulas de aquabiking, academia de ginástica e um amplo solarium.

Quai François-Mauriac
13ème arrondissement
Telefone: 01 56 61 96 50
www.paris.fr/pratique/piscines/piscine-josephine-baker/p6085