quinta-feira, 31 de julho de 2014

Le Beverly, o último cinema pornô de Paris



Em um surrado cinema escondido numa pequena rua no centro de Paris, um público de devotos cada vez mais velhos impõe uma silenciosa resistência ao poder da pornografia online, segundo informações da Reuters.

Batendo de frente com a devastação causada pela Internet, com seus milhares de sites de sexo para agradar a todos os gostos, "Le Beverly" se vangloria de ser o último cinema exclusivamente pornô de Paris, ainda exibindo uma variedade de clássicos retrô para uma clientela fiel.

Sua programação composta por películas em 35 milímetros dos anos 1970, além de outras atrações mais recentes, atrai cerca de 700 clientes, quase exclusivamente homens, retornam toda a semana e seu propietário estima a idade média dos espectadores em torno dos 60 anos.

O proprietário Maurice Laroche administra o local há 30 anos e se lembra dos períodos áureos dos cinemas dedicados ao sexo, quando a área dos grands boulevards de Paris estava apinhada de concorrentes.

Mas com a internet e pornografia sob demanda, Laroche viu seus números despencarem, com cerca de mil espectadores a menos por semana em comparação com 15 anos atrás.

— Há clientes que eu conheço desde que cheguei aqui, há cerca de 30 anos. Acompanhamos a vida profissional deles, eles se aposentaram e, já que somos todos da mesma idade, eles se preocupam se o Le Beverly, uma vez que é o último — quase não lucrativo — cinema, vai desaparecer ou não — disse ele.

Os numerosos sex shops da Cidade da Luz não substituem, segundo Laroche, o senso de comunidade no cinema, onde muitos clientes construíram amizades ao longo dos anos.

— Esses clientes encontram outros no cinema a quem eles conhecem há muito tempo, e com quem eles passaram a se dar bem. Muitos se encontram ao meio-dia para almoçar antes de vir para o Le Beverly para fazer a digestão — disse ele.

Ele começou sua carreira em cinemas convencionais e lembra-se de ter exibido clássicos cult como "Laranja Mecânica", adaptação feita por Stanley Kubrick do romance de Anthony Burgess, de 1971.

Embora diga que assistiu a apenas dois ou três filmes pornográficos em sua vida, ele foi para o Le Beverly para fazer uma mudança na carreira e acabou comprando o estabelecimento em 1992.

Os filmes são exibidos continuamente e a sala de 120 cadeiras fica mais lotada em torno das 15h. Laroche diz que sua clientela cada vez mais envelhecida tem pouca disposição em encarar o metrô à noite.

Um de seus pequenos ingressos azuis custa 12 euros (R$ 36), uma pechincha, na opinião de Laroche, já que o preço continua o mesmo há seis anos.

Os rolos de filmes são entregues uma vez a cada 15 dias por seu fornecedor, de quem ele agora é o único cliente.

Laroche não vê futuro em seu negócio depois que se aposentar, mas até o momento, pelo menos, sua base leal de fãs o mantém de portas abertas.

— Eu parei aqui por acaso e não me arrependo — disse ele. — Tenho ótimos clientes, já não muitos, mas são de grande qualidade.

14, Rue de la ville Neuve
2ème arrondissement
Telefone: 01 40 26 00 69
www.le-beverley.info

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Em cartaz os mais altos edifícios de Paris

O estúdio Me & Him & You fez uma série de cartazes minimalistas que representam os mais altos edifícios de grandes cidades do mundo com tiragem limitada a 400 cópias cada um design minimalista.

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terça-feira, 29 de julho de 2014

Lindbergh faz Hollande perder pontos

O presidente francês Francois Hollande e seus novos óculos: escolha de grife estrangeira irritou os mais nacionalistas Foto: BERTRAND GUAY / AFP

Calma, o Lindbergh em questão não é o candidato ao Governo do Rio de Janeiro e sim, um par de óculos da marca dinamarquesa que também é usada pela rainha Elizabeth II e por Bill Gates, Miuccia Prada e Brad Pitt

Segundo a repórter Vanessa Friedman do The New York Times, a relação do presidente François Hollande com a moda tornou-se motivo de discórdia na França,a ponto de levantar opiniões extremadas.

Tudo porque, semanas atrás, Hollande trocou os óculos sem armação aparente por um modelo mais geek.

Foi o suficiente para iniciar um debate feroz. Os óculos do presidente foram chamados pelos empresários franceses de pouco patrióticos e hipócritas.

Para os críticos, a escolha da grife estrangeira seria uma prova de que Hollande não coloca em prática o que prega: ou seja, apoiar a indústria local. Ao que parece, o presidente tomou a decisão de mudar de armação no momento em que o seu governo se vê numa fase que valoriza o “Made in France”.

Especialistas no “assunto” Palácio do Eliseu têm especulado sobre o simbolismo potencial da troca de óculos. Bruno Roger-Petit, colunista da revista “Le Nouvel Observateur”, escreveu que se tratava de um aceno à primeira administração de Jacques Chirac nos anos dourados da prosperidade francesa, na década de 1970. Em outras palavras, segundo Roger-Petit, “um objeto que incorpora um passado percebido como positivo, a nostalgia de uma era de diversão proibida e conquistada”. (Isso apesar do fato de que o último líder francês a usar óculos da Lindbergh, mesmo que o estilo tenha sido diferente, foi o também socialista Lionel Jospin, primeiro-ministro de 1997 a 2002).

O que não entrou em discussão foi o preço dos óculos: US$ 1.300, de acordo com Peter Warrer, diretor de vendas e marketing da Lindberg. Parece uma quantia razoável para um presidente que vendeu a ideia de taxar os milionários em 75%. (A simples existência do “affair lunettes” sugere que talvez os conselheiros de Hollande não sejam tão sagazes ao tratar da imagem do líder quanto deveriam ser).

Não é que Hollande seja um estranho aos códigos da vestimenta, ou à importância de se usar o par de óculos correto. Nas eleições, ele concorreu com a plataforma “Senhor Normal”: o seu visual servia de contraponto ao de Nicolas Sarkozy, o “presidente bling-bling”. Para chegar a esse visual, Hollande passou por uma renovação sob tutela de sua ex-companheira Valérie Trierweiler, que o ajudou a perder peso e a optar pelos óculos Lindberg de armação quadrada (antes, Hollande tinha usado uma armação arredondada).

Isso sugere que a recente troca de armação tem mais a ver com se desprender de uma bagagem emocional após o fim do relacionamento de Hollande e Trierweiler; algo como um fator motivacional que, até agora, não havia sido explorado. Todos nós passamos por isso: camisetas ou mesmo sapatos que, infelizmente, nos recordam de amores passados. De fato, Warrer parece pensar que este pode ser o caso, já que a mudança dos óculos de Hollande parece ter relação com a vontade do presidente de “querer renovar a si mesmo”.

Mas, no final, e seja qual for a motivação e os erros envolvidos, a situação mostra que não são apenas as primeiras-damas que são vistas como um outdoor em potencial para a indústria local (lembram nos Estados Unidos quando Michelle Obama vestiu Alexander McQueen para um jantar de estado com os chineses?). Os chefes do executivos também são.

O fato é que, ao contrário da suposta observação de Freud de que às vezes um charuto é apenas um charuto, na política, um novo acessório nunca é só um novo acessório. É sempre um símbolo. Não importa o gênero do personagem.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Tour de France 2014 - fatos e curiosidades




Ontem foi a etapa final da 101ª edição do Tour de France – a prova mais prestigiada dos três Grand Tours do calendário do ciclismo europeu – e que teve o ciclista italiano Vincenzo Nibali (Equipe Astana) como vencedor ao chegar no pelotão na 21ª e última etapa, ganha pelo alemão Marcel Kittel (Giant-Shimano).

Com de 29 anos, Nibali venceu quatro etapas e andou 18 dias com a camisa amarela, é o primeiro italiano a subir ao lugar mais alto do pódio em Paris desde que Marco Pantani venceu em 1998 e teve os franceses Jean-Christophe Péraud (Equipe AG2R) e Thibaut Pinot (Equipe FDJ) como acompanhantes no pódio.

Nesta última etapa, o melhor foi, pela quarta vez, Marcel Kittel, que bateu ao sprint o norueguês Alexandre Kristoff (Equipe Katusha) e o lituano Ramunas Navardauskas (Equipe Garmin-Sharp), cumprindo os 137,5km entre Évry e Paris em 03:20.50 horas.

Tiago Machado e José Mendes, da Equipe NetApp-Endura e Nelson Oliveira (Equipe Lampre-Merida) concluíram a sua estreia no Tour, enquanto o outro português, Sérgio Paulinho (Equipe Tinkoff-Saxo), completou mais uma prova, na qual Rui Costa, campeão do Mundo, desistiu.

Este ano o Tour teve seu início em 5 de julho em Leeds, na Grâ-Bretanha e terminou ontem (27) com a chegada dos competidores no pódio da Avenue des Champs Elysées, percorrendo 3.664km compostos por 21 etapas, sendo:
  • 09 etapas planas 
  • 05 etapas de montanha médias 
  • 06 etapas de montanha fortes, com 5 chegadas ao topo 
  • 01 etapa contra-o-relógio individual 
  • 02 dias de descanso
O “Tour” – como é conhecido na França – premia várias categorias, que são diferenciadas pela cor da camisa (maillot), e os vencedores deste ano foram:
  • Amarela (maillot jaune) para o n° 1 na classificação geral: Vincenzo Nibali 
  • Verde (maillot vert), para o 1º na classificação por pontos: Peter Sagan 
  • Branca com bolas vermelhas (maillot à pois rouges), para o competidor que mais conquistou pontos nas montanhas: Rafal Majka 
  • Branca (maillot blanc), para o melhor competidor jovem (até 25 anos): Thibaut Pinot 
  • Competidor mais combativo: Alessandro De Marchi 
  • Equipe vencedora: AG2R - La Mondiale 
A caravana dos patrocinadores foi criada em 1930, a caravana conquistou marcas, público e se tornou parte do show, a ponto de 47% dos espectadores terem vindo este ano especialmente para vê-la – confiram aqui seus principais números:
  • 33 marcas presentes 
  • 160 carros alegóricos 
  • 20 km de extensão 
  • 600 pessoas na organização 
  • 03 ambulâncias com paramédicos 
  • 04 motociclistas para orientar o comboio 
  • 45 minutos de duração, antes dos competidores 
  • 16 milhões de brindes dados ao longo do percurso 
  • Investimentos entre € 200.000 € a 500.000 € por patrocinador
Algumas curiosidades sobre o Tour de France:
  • É o maior evento de ciclismo do mundo 
  • Normalmente começa no final de junho / início de julho e dura 3 semanas 
  • A corrida inteira abrange cerca de 3.500km 
  • O “Grand Départ” é a abertura da corrida e é usualmente realizada fora da França 
  • A audiência de TV mundial e por ano é de 3.5 bilhões pessoas 
  • Mais de 188 países transmitem a prova pela TV 
  • 121 canais de televisão diferentes em todo o mundo mostram a corrida todos os anos 
  • Há 4,7mil horas de cobertura televisiva anualmente 
  • A última hora de cada etapa é transmitido ao vivo em toda a Europa Ocidental 
  • 2.000 jornalistas de dezenas de nacionalidades participam de sua cobertura 
  • 1.200 quartos são reservados à cada noite para as equipes, funcionários e imprensa 
  • Atrai 12 milhões de espectadores ao longo do percurso total 
  • Em média os espectadores viajam 130km para ver uma etapa e ficam por seis horas 
  • 30% dos espectadores são mulheres

domingo, 27 de julho de 2014

Conflito da Palestina tumultua Paris novamente

Apesar da proibição de manifestação pelas autoridades ter sido confirmada na manhã deste sábado (26), milhares de militantes da causa palestina e da esquerda radical, desafiaram em Paris essa decisão de se manifestar, tomada por medo de distúrbios e demonstrações antissemitas pelo Conselho de Estado, a mais alta jurisdição administrativa do país, à qual os organizadores haviam recorrido.

"Esta manifestação é ilegal, mas para nós é legítima. Trata-se de manifestar nossa solidariedade com um povo que está sendo massacrado", declarou um dos manifestantes, membro do Novo Partido Anticapitalista (NPA, extrema-esquerda).

Gritando "Israel assassino, Hollande cúmplice" e "todos somos palestinos", os manifestantes se reuniram em uma praça do centro de Paris, acompanhados por um forte dispositivo policial: o ministério do Interior teria mobilizado mais de 2 mil policiais.

Os distúrbios duraram uma hora e meia no centro da capital francesa, e, manifestantes e polícia entraram em confronto na Place de la Republique, quando um grupo de manifestantes atirou projéteis contra os policiais. Segundo o ministério do Interior, das 70 pessoas detidas, 40 foram mantidas em prisão preventiva.

Perto do local, a polícia montava guarda em uma rua na qual se localiza uma sinagoga e, segundo estimativas ainda provisórias, 5.000 pessoas estavam reunidas na praça uma hora após o início da manifestação, mas permaneciam no local sem caminhar.

Manifestantes contrários à ofensiva israelense tentam chutar de volta as bombas de gás lacrimogêneo contra a polícia em Paris (Foto: Benjamin Girette/AP)

Manifestantes contrários à ofensiva israelense tentam chutar de volta as bombas de gás lacrimogêneo contra a polícia em Paris (Foto: François Mori/AP)

Manifestantes pró-palestinos sobem no monumento da República, em Paris, durante manifestação neste sábado (26) (Foto: Kenzo Tribouillard/AFP)






sábado, 26 de julho de 2014

Paris Archi’llusion - uma Cidade Luz diferente


E se os monumentos de Paris tivessem apenas um ou dois andares, como você veria essa mudança?

A talentosa equipe do Menilmonde (menilmonde.com) produziu um espantoso filme que nos mostra exatamente isso, o incrível "Paris Archi'llusion" - clique e assista ao vídeo: http://vimeo.com/100810772

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Há 105 anos Blériot fazia a primeira travessia aérea do Canal da Mancha


No dia 25 de julho de 1909, o francês Louis Blériot conseguiu ser o primeiro piloto a voar os 33 quilômetros de distância entre a França e a Grã-Bretanha, através do Canal da Mancha em um Blériot XI, de fabricação própria.

O acontecimento foi tão significativo quanto a primeira travessia aérea sem escalas do Atlântico Norte, realizada 18 anos depois por Charles Lindbergh, que voou sozinho de Nova York para Paris.

O francês Louis Blériot não chegou a voar mais do que 40 quilômetros e não atravessou um oceano, mas sim o Canal da Mancha, entre a França e a Inglaterra. Seu voo não durou 33 horas como o de Lindbergh, mas algo em torno dos 40 minutos.

Mas a travessia realizada por Blériot na madrugada do dia 25 de julho de 1909, do porto de Calais para Dover, é reverenciada por seus contemporâneos como um marco para o desenvolvimento da tecnologia aeroespacial.

Com o feito, Blériot ganhou boas somas em dinheiro do jornal londrino Daily Mirror, que havia estipulado um prêmio ao primeiro piloto que conseguisse realizar a façanha. Blériot investiu a quantia na construção de sua própria fábrica de aviões. Assim, passou de bom piloto e engenheiro a bem-sucedido fabricante de aviões.

Sua travessia foi manchete nos jornais do mundo todo. Na França, o piloto tornou-se motivo de grande orgulho. Durante uma exposição de aviões realizada em Paris, seu monomotor foi apresentado como uma glória nacional. Blériot conseguiu algo que os renomados pilotos americanos Wilbur e Orville Wright ainda não haviam realizado.


Naquela época, os irmãos Wright eram capazes de voar por mais de duas horas, percorrendo quilômetros de distância, tendo o solo como orientação. Uma travessia aérea sobre o mar era ainda um fato inédito. Por isso o feito transformou Blériot em herói nacional.

Louis Blériot (1872 – 1936) foi um excelente piloto de carros de corrida antes de ingressar no esporte aeronáutico. A invenção de uma lâmpada de acetileno como farol de carro lhe proporcionou o dinheiro necessário para o sustento de sua nova paixão.

Até chegar ao lendário Blériot XI, ele já havia construído, embora sem sucesso, outros dez aviões, e sofrido várias quedas. Quando aterrissou em Dover, na Inglaterra, e desembarcou mancando, disseram que ele havia se machucado novamente. Na verdade, era ainda uma sequela de um acidente anterior.

O Blériot XI era um monoplano de asa média de apenas um lugar, com motor Anzani refrigerado a ar de três cilindros e 25 HP. A área da asa tinha pouco mais do que 14 metros quadrados, o correspondente, hoje, ao tamanho de um estabilizador horizontal de um Airbus.

A estrutura tubular era revestida nas laterais com o mesmo tecido usado na fabricação de balões a gás, para proteger o assento e parte do motor. A hélice estava presa diretamente no motor, bem à frente. O profundor e o leme de direção foram montados na parte traseira da fuselagem, que é o padrão da engenharia aeronáutica até hoje.

O piloto francês era uma figura curiosa e por isso alvo de desenhos e caricaturas. Baixinho, tinha um nariz adunco e usava um bigode longo, que ele enrolava nas pontas. Quando voava, seu tronco ficava para fora, desprotegido dos pingos de óleo e do vento gerado pela hélice.

Outros bons pilotos e construtores também haviam se inscrito no concurso promovido pelo Daily Mirror. A imprensa publicou várias reportagens sobre os preparativos e especulava sobre quem seria o grande vencedor.

O favorito não era Blériot e sim Hubert Latham, um inglês que residia na França. O motor de seu monoplano tinha o dobro da potência usual. Entretanto, quando partiu para Dover, já na metade do percurso, o motor pifou e Latham precisou fazer uma aterrissagem forçada.

Na madrugada seguinte, Blériot levantou às 2h30, viu que o tempo estava bom e preparou seu avião para a empreitada. Às 3h35, decolou rapidamente. O submarino torpedeiro Escopette, que por segurança acompanhava o voo dos pilotos, partiu em seguida, com velocidade máxima de 42 quilômetros por hora.Entretanto, o monoplano era bem mais veloz, atingindo 68 quilômetros por hora. Dez minutos após a decolagem, o avião deixou o submarino para trás. Poucos minutos depois, Blériot olhou à sua volta, procurando uma orientação. Não viu mais a costa francesa nem o submarino e tampouco enxergou a costa inglesa. Decidiu então seguir reto. Finalmente enxergou terra firme: era Dover, onde o piloto aterrissou no local determinado. Ele havia conseguido a grande façanha de atravessar o Canal da Mancha.

Com informações da Deutsche Welle.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Rosa Bonheur sur Seine


Também à beira do Sena, segundo o jornalista correspondente Fernando Eichenberg, de O Globo, publicou nesta segunda (21) que no Quai d’Orsay, ao pé da Pont Alexandre III, o Rosa Bonheur — famoso por sua guinguette (o cabaré dos subúrbios) e suas festas de verão nos altos do belo parque Buttes-Chaummont — atracou seu barco, oferecendo uma filial com bar e pista de dança flutuante e terraço em terra firme com tapas, sorvetes artesanais e pizzas para matar a fome. A péniche abre de quarta-feira a domingo, das 11h00 até 23h30.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Paris-Match expõe estrelas do cinema às margens do Seine



O jornalista correspondente Fernando Eichenberg, de O Globo, publicou nesta segunda (21) que o Seine serve de passarela até 21 de setembro para estrelas do cinema, numa mostra organizada pela revista “Paris-Match” em conjunto com a Mairie de Paris.

Mais de 30 imagens em grande formato estão expostas às margens da Rive Gauche, entre o Museu d’Orsay e a ponte Alexandre III. São fotos célebres de ícones do cinema como Alain Delon, Romy Schneider, Jean-Paul Belmondo e Yves Montand.

Ainda para os amantes da sétima arte, a sala Reflet Médicis (3 Rue Champollion) exibe até 30 de dezembro a mostra “50 grandes papéis de mulheres”, com direito a clássicos de ontem e de hoje com Ingrid Bergman, Martine Carol, Isabelle Adjani, Isabelle Huppert, Bette Davis, Juliette Binoche, Catherine Deneuve, Audrey Hepburn, Meryl Streep e Liv Ullmann.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Le Servan: uma grata surpresa no 11ème arrondissement


O salão do Le Servan, o restaurante que tem se destacano no 11º distrito de Paris sob o comando das irmãs Tatiana e Katia Levha
Foto: Divulgação

O jornalista correspondente Fernando Eichenberg, de O Globo, publicou nesta segunda (21), uma excelente matéria sobre o restaurante Le Servan. Abaixo reproduzo e recomendo a leitura, segue o texto:

"A Rue Saint-Maur, no 11ème arrondissement, tem sido palco de abertura de novos bares e restaurantes. Um deles especialmente, instalado na esquina da Rue du Chemin Vert, se destacou pela boa cozinha. Em pouco tempo, o neobistrô Le Servan se tornou um dos menus preferidos de parisienses e da crítica gastronômica. No comando estão as jovens e simpáticas irmãs Tatiana e Katia Levha. Tatiana — companheira do chef do elogiado Septime, Bertand Grébaut — fez seu aprendizado nas panelas com os chefs estrelados Pascal Barbot e Alain Passard, dos reputados restaurantes L’Astrance e L’Arpège, respectivamente.

O local modesto e a decoração simples emolduram um cardápio sucinto repleto de apetitosas surpresas, tudo num serviço eficiente e informal. Recentemente, o festejado crítico gastronômico François Simon elegeu o Le Servan como uma de suas cinco mesas preferidas atualmente na capital francesa. O menu do almoço sai por € 23, e no jantar, à la carte, a conta sai em torno de € 50, sem vinho."

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Os fogos de artifício que encerraram o 14 juillet deste ano


Para quem gosta de um raro espetáculo de música, luz e fogos de artifício, este vídeo de 35 minutos feito de frente para a Tour Eiffel e que marcou o encerramento das comemorações do 14 juillet deste ano, é simplesmente imperdível: sob o tema "Guerre et Paix" sua preparação consumiu o trabalho de 50 profissionais durante seis meses.

Clique aqui e assista ao vídeo: http://www.dailymotion.com/video/x21i7dg_retrouvez-l-integralite-du-feu-d-artifice-du-14-juillet-au-champ-de-mars_news

domingo, 20 de julho de 2014

Conflito da Faixa de Gaza chega em Paris


Manifestantes pró-palestinos enfrentam a polícia em Paris neste sábado (19) (Foto: AFP)

Manifestantes pró-palestinos entraram em confronto ontem (19) com a polícia em Paris neste sábado, desafiando as autoridades que haviam proibido a realização do protesto contra a violência na Faixa de Gaza. Em Londres, milhares de pessoas reuniram-se para pedir o fim da ação militar israelense, além de “justiça e liberdade” para os palestinos. Também foram registrados protestos em Bruxelas e em Genebra.

O presidente francês, François Hollande, havia dito que tinha pedido ao seu ministro do Interior para proibir os protestos depois de manifestantes terem marchado em direção a duas sinagogas em Paris no último fim de semana e entrado em conflito com a polícia.

Uma multidão se reuniu no norte de Paris cantando “Israel, assassino”, até que foi dispersa por bombas de gás lacrimogêneo. Um fotógrafo da Reuters relatou que os manifestantes no norte de Paris dispararam projéteis contra a polícia. Alguns subiram em cima de um prédio e queimaram uma bandeira de Israel.

“Esta proibição de manifestações, que foi decidida no último minuto, na verdade aumenta o risco de desordem pública”, criticou o Partido Verde em comunicado.

Manifestações pacíficas foram realizadas em várias cidades francesas, de Lille, no norte, até Marselha, no sul. Em Genebra, na Suíça, cerca de 300 manifestantes pró-palestinos mobilizaram-se em frente à sede europeia da ONU.

O conflito entre Israel e palestinos tem contribuído para elevar as tensões entre as populações muçulmanas e judaicas da França. Nos primeiros três meses de 2014, mais judeus deixaram a França e foram para Israel do que em qualquer outro momento desde que o Estado judeu foi criado em 1948, com muitos citando o crescente antissemitismo como a principal motivação. Com informações da Reuters.

sábado, 19 de julho de 2014

A 13ª edição da Paris Plage



De hoje até o dia 17 de agosto, a 13ª edição da Paris Plage alivia o calor dos parisienses no contumaz escaldante verão da Cidade Luz, sete dias por semana, das 09h00 às 24h00.

Como sempre os visitantes se dividem sobre o melhor programa de domingo durante o verão: curtir uma “prainha” na Paris Plage, na Rive Droite ou um passeio pelas Berges de Seine, na Rive Gauche.

A "praia" do Sena atrai cerca de quatro milhões de visitantes por edição – digo visitantes porque sua maioria vem de fora da cidade enquanto os parisienses “de origem” não estão nem aí para as margens do Sena - salvo uma minoria.

Ao passo que milhares de pessoas se aglomeram nas margens do rio Sena para pegar uma corzinha, com a Torre Eiffel, a Catedral de Notre-Dame e a Pont des Arts de paisagem de fundo e a verdade é que, para as crianças, a Paris Plage é uma certeza de diversão: lá encontramos crianças de todas as idades correndo entre as pessoas, tomando banho nos chuveirinhos e praticando uma das muitas atividades esportivas e de entretenimento organizadas especialmente para elas.

As Berges de Seine são um projeto de reocupação destas pistas expressas que atravessam Paris de leste a oeste transformou essas marges em novos espaços para pedestres, com novas estruturas destinadas à atividades comerciais, à culturais, ao esportivas e de lazer onde os parisienses e os turistas poderão curtir a cidade, caminhando pertinho do mais charmoso rio da Europa.

Até mesmo onde fica a Paris Plage, na Rive Droite, as Berges de Seine estão presentes com um trecho de 1,2km da Voie Georges Pompidou, totalmente reurbanizada, com gramados, pistas para circulação reduzidas em 1m e ainda sinais de trânsito entre o Hôtel de Ville e o Canal de l’Arsenal.

Na Rive Gauche, a mudança foi ainda mais radical: fechamento total para a circulação de veículos entre as pontes Solférino e Alma, livrando cerca de 2,3 km para as novas atividades econômicas e de lazer.

A cidade se divide. Eu gosto mais de ficar na Rive Gauche, é claro.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

David Luiz já chegou no Paris Saint-Germain

David Luiz é destaque em loja oficial do PSG (Foto: Reprodução)

O zagueiro David Luiz já chegou no Paris Saint-Germain: o time francês já usa a imagem do zagueiro em sua loja oficial em Paris onde exibe um enorme pôster do atleta anunciando o novo uniforme da temporada. 

Após virar um dos destaques positivos do Brasil na Copa do Mundo, David Luiz prepara uma nova rota na carreira. Antes da disputa, no dia 23 de maio, o jogador foi anunciado como novo jogador do Paris Saint-Germain, deixando o Chelsea depois de três anos no clube.

Os valores da negociação de David Luiz não foram divulgados, mas giram em torno de 50 milhões de libras (cerca de R$ 186 milhões). Com isso, o brasileiro tornou-se o defensor mais caro da história, superando a compra de Thiago Silva ao Milan pelo próprio PSG, por € 44 milhões (R$ 132,8 milhões). Com informações do Globo Esporte online.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Museus e monumentos de Paris receberam 73,1 milhões de visitantes em 2013

A Catedral de Notre-Dame completou 850 anos no último mês de fevereiro. Ela fica na Île de la Cité, uma pequena ilha no centro de Paris, rodeada pelas águas do rio Sena. (Foto: Benoit Tessier/Reuters)

Os 53 museus e monumentos mais importantes de Paris receberam 73,1 milhões de visitantes em 2013, o que representa um aumento de 2,2% em relação ao ano anterior, informou ontem (16) o escritório de turismo da capital francesa.

Entre os monumentos, o mais visitado foi a catedral de Notre-Dame, que recebeu 14 milhões de visitantes, enquanto o museu mais frequentado foi o do Louvre, que vendeu 9,2 milhões de entradas e fechou o ano com o segundo melhor resultado anual de sua história.

"Continua sendo, de longe e como no ano passado, o museu mais visitado do mundo", anunciou o Escritório de Turismo e de Congressos de Paris (OTCP), que acrescentou que as entradas dos museus analisados oscilaram entre 4 e 16 euros, com uma média de 9,2 euros (cerca de US$ 12,4).

A Torre Eiffel, símbolo da capital francesa, recebeu 6,7 milhões de visitantes, 7,5% a mais que em 2012, e a basílica do Sagrado Coração, que coroa o bairro de Montmartre, 10,5 milhões de pessoas, o mesmo número do ano anterior.

O OTCP acrescentou que o Centro Pompidou, o colorido edifício do centro de Paris dedicado à arte moderna e contemporânea, recebeu 3,7 milhões de visitantes, 1,2% a menos que em 2013, um ano recorde para a instituição.

A capela de Sainte Chapelle, situada no complexo do Palácio de Justiça, superou pela primeira vez a barreira de um milhão de visitantes e registrou um aumento de 5,8% no número de visitante em relação ao ano de 2012.

As 89 exposições temporárias, realizadas em 35 desses centros, venderam 11 milhões de entradas e evidenciaram importantes destaques, como as 546,2 mil pessoas que visitaram o Centro Pompidou para acompanhar a mostra dedicada à arte pop de Roy Lichtenstein. Com informações da EFE.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Pequeno Príncipe vira parque na Alsace-Lorraine



O universo poético de “O Pequeno Príncipe”, obra do escritor e aviador francês Antoine de Saint-Exupéry, inspirou a criação de um parque de diversões aberto no início de julho nos arredores de Mulhouse, na região francesa da Alsace-Lorraine, a dez quilômetros da fronteira com a Alemanha. Empreendimento de uma empresa especializada em balões aero-estáticos, o Parque do Pequeno Príncipe tem como atração principal dois balões para representar os planetas do rei e do acendedor de lampiões. Em um deles, a 150 metros de altura, os visitantes poderão observar a paisagem da bela região da Alsácia, a Floresta Negra alemã e os Alpes. O segundo balão terá um bar para até 15 pessoas, a 35 metros de altura.

O tema da aviação e da astronomia perpassa todas as atrações, incluindo muitas referências à obra de Exupéry, como no carrossel, no tobogã em forma de serpente ou nas visitas aos filhotes de raposas e ao rebanho de ovelhas. Também será possível visitar um modelo autêntico do Antonov 2, o maior bimotor dos anos 1940. Quatro cinemas vão passar aventuras do príncipe no espaço e no fundo do mar.

O parque de 24 hectares foi construído em seis meses com 31 atrações. Neste primeiro ano, os administradores esperam 80 mil visitantes. No ano que vem, 150 mil. Mesmo com diversas atrações tecnológicas, o parque — como o livro, publicado em 1943 e traduzido para 285 línguas — se trata mais de reduzir a velocidade e dar atenção às pequenas coisas.

Serviço:
Aberto de 10h00 às 19h00 até 2 de novembro.
Fechado de 3 de novembro a 19 de dezembro.
Ingressos para adultos e crianças acima de 12 anos por € 22.
Ingressos para crianças de três a 11 anos por € 16.
Confira o calendário completo e outras informações no site parcdupetitprince.com

terça-feira, 15 de julho de 2014

Há 145 anos a margarina era patenteada na França



No dia 15 de julho de 1869, o químico francês Hippolyte Mège-Mouriés recebeu em Paris o registro de patente para a produção da margarina, criada por incumbência de Napoléon III para ser "manteiga dos pobres".

Corria o ano de 1867, primórdios da industrialização na Europa. Os trabalhadores que deixavam o campo para trabalhar nas fábricas instaladas nos centros urbanos costumavam fazer um lanche na hora do almoço. A maioria comia apenas pão, pois a manteiga era um produto escasso e, portanto, caro.

Além disso, a população crescia rapidamente. Em consequência, não havia como garantir a todos um suprimento mínimo diário de alimentos gordurosos. Diante dessa realidade, o imperador decidiu criar um substituto barato para a manteiga, destinado à alimentação da população e também de seus soldados e marinheiros.

O químico Hippolyte Mège-Mouriés recebeu a incumbência de desenvolver uma pasta que tivesse um sabor parecido com o da manteiga, não criasse ranço tão rapidamente e contivesse gordura. O cientista precisou de dois anos de pesquisas para encontrar a solução.

Finalmente, em 15 de julho de 1869, o novo alimento pôde ser patenteado. Tratava-se de uma pasta com emulsão de água em óleo, à base de gordura animal, composta de sebo bovino, leite desnatado e úbere de vaca triturado. Como sua aparência lembrava o aspecto brilhoso de uma pérola, recebeu o nome de margarina, em alusão à palavra grega margaron, que significa pérola.

"Ele substituiu a gordura láctea da manteiga por uma outra gordura animal e criou uma gordura alimentar aceitável, pastosa e durável", resume o ex-diretor da associação alemã de produtores de margarina Gerhard Gnodtke.

Hoje a margarina é fabricada principalmente com óleos vegetais, em diversas proporções de gordura e óleo. Na Alemanha, a margarina disputa há anos a preferência popular com a manteiga.

Entretanto, o caminho até a consolidação no mercado foi árduo. Ainda na época do Império alemão, a manteiga era conhecida como "manteiga boa", para diferenciá-la da margarina, a opção mais barata.

Além disso, muitos comerciantes vendiam margarina por manteiga. Assim entrou em vigor, no ano de 1887, a Lei da Margarina, que perdurou por quase 100 anos.

A lei determinava que, dentro de um estabelecimento, a manteiga e a margarina tinham ser especificadas e ficar bem separadas uma da outra. Nas localidades com mais de 5 mil habitantes, era proibido vender os dois produtos no mesmo espaço. Para completar, o nome "margarina" tinha que ser impresso com destaque na embalagem, com um grosso traço vermelho.

Hoje em dia, a questão não é mais a diferença entre os dois produtos e, sim, qual é mais saudável. Os defensores da manteiga garantem que os óleos contidos na margarina são prejudiciais à saúde. Porém, outros estudiosos afirmam que a margarina vegetal fornece vitaminas A, D e E, não altera o colesterol e seu consumo traz benefícios à saúde. Com informações da Deutsche Welle.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

O 14 de Julho e seu verdadeiro significado na França



Há mais de dois séculos os franceses param nesse dia para celebrar a tomada da histórica prisão por revolucionários, em frontal desacato ao poder real, certo? Não, está errado segundo o jornalista francês Olivier Tosseri e o próprio site de informações oficiais do governo da França.

Apesar do senso comum afirmar que no dia 14 de julho é comemorada a queda da Bastilha, ato que marcou o início da Revolução Francesa em 1789, pouca gente sabe que, no entanto, a data entrou para o calendário cívico daquele país como a celebração de outro evento: a Festa da Federação, realizada em 14 de julho de 1790.

A escolha do evento a ser celebrado foi feita no fim do século XIX, quando a Terceira República da França buscava consolidar o novo regime e construir um imaginário nacional próprio. Em 1880, o deputado Benjamin Raspail propôs o dia da tomada da Bastilha como data da festa nacional. Alguns parlamentares, no entanto, lembraram a violência que havia marcado aquela jornada revolucionária, quando o povo de Paris cortou a cabeça do governador da prisão e linchou os veteranos encarregados de vigiar os prisioneiros.

Por conta do caráter polêmico da tomada da Bastilha, os deputados preferiram escolher a manifestação de 1790, por ser mais consensual. A Festa da Federação marcou o momento em que, após os enfrentamentos do ano anterior, o povo francês se reconciliou.

A partir do dia 1º de junho de 1790, operários trabalharam ao lado de burgueses para transformar o Campo de Marte, em Paris, em um imenso circo com capacidade para 100 mil pessoas, no centro do qual se erguia o Altar da Pátria. A reforma, para a qual se recorreu à boa vontade dos parisienses, foi realizada em um clima de fraternidade e entusiasmo. Até mesmo o rei Luís XVI foi visto empunhando uma enxada, assim como o marquês de La Fayette, nobre que apoiava a revolução, apareceu em mangas de camisa.

Naquele momento a França ainda não era uma República. A agitação social do ano anterior havia levado a monarquia a aceitar uma Constituição. Até ali, os franceses ainda respeitavam seu rei, contanto que ele observasse as leis e a autoridade emanadas do povo. A Festa da Federação foi organizada justamente para celebrar uma decisão da Assembleia Constituinte de 7 de junho de 1790, que reunia as diversas milícias de cidadãos formadas nas províncias.

Assim, no dia 14 de julho de 1790, cerca de 100 mil soldados federados entraram em Paris e desfilaram da Bastilha ao Campo de Marte. Luís XVI, a rainha Maria Antonieta e o delfim (príncipe herdeiro) instalaram-se no pavilhão montado em frente à Escola Militar. Do outro lado, haviam erigido um arco triunfal. Nas tribunas, acotovelavam-se 260 mil parisienses.

Por fim, no ponto alto da celebração, La Fayette jurou fidelidade à nação, ao rei e à lei, juramento repetido pela multidão. Luís XVI jurou fidelidade à Constituição. Um Te Deum (hino litúrgico) encerrou a jornada, que terminou em vivas e abraços.

Não se contestou a monarquia, ratificou-se a revolução e se celebrou a união nacional. Foi esse espírito que os deputados do século XIX quiseram associar ao 14 de julho. Na memória coletiva, porém, a data sempre será lembrada como o dia em que o povo tomou a Bastilha, o maior símbolo do absolutismo francês.

Este ano o tradicional desfile militar na Avenue des Champs-Elysées, decorada desde o Arco do Triunfo até a Place de la Concorde com as cores da bandeira francesa, branca, vermelho e azul, teve mais de cinco mil militares franceses.

O Presidente François Hollande, autoridades francesas e estrangeiras assistiram ao desfile na já tradicional tribuna de honra, montada ao pé do Obelisco de Luxor e seu ponto alto foi o show aéreo, com especial destaque para os caças Rafale, para os aviões de reabastecimento e para os helicópteros de combate.

domingo, 13 de julho de 2014

Le Bal des Pompiers



Nos dias 13 e 14 de julho, a maioria das casernas dos bombeiros de Paris promovem seus tradicionais bailes, abertos para a população e que têm três modalidade de entrada: gratuita, "au chapeau" (quando você paga quanto quer) ou cobrada.

Fomos, um amigo e eu, na caserna que fica à Rue de Sévigné, no Marais. Lá, no lugar de um baile, com um pequena orquestra composta de bombeiros acontece uma festa com muita música eletrônica e gente dançando e pulando!

sábado, 12 de julho de 2014

Palais Galliera de Paris lembra a Moda dos Anos 50







Segundo informações da Reuters., quando Christian Dior apresentou sua coleção de alta costura em fevereiro de 1947, os metros de tecido que se derramavam sobre os quadris das modelos em redemoinhos de lã fina, seda e tule foram uma revolução no mundo da moda.

Suas criações emblemáticas inauguraram "a mais luxuosa e radiante" década em moda feminina, de acordo com Olivier Saillard, diretor do Palais Galliera, Musée de la Mode de la Ville de Paris, que apresenta a exibição "Os anos 50- Moda na França, 1947-1957", que começa no sábado, em Paris.

Com base em um extenso arquivo do museu de peças de vestuário e acessórios, a exposição conta com o trabalho de outras estrelas além de Dior. Há nomes como Balenciaga, Pierre Balmain e Hubert de Givenchy. Há também os menos famosos, embora importantes, como Jacques Fath e Jacques Heim.

"Essa foi a idade de ouro da 'haute couture', quando Paris recuperou o seu título de capital da moda mundial", disse Saillard, na quarta-feira à noite - durante um jantar de gala na pre-estreia da exposição.

Vestidos para coquetéis, bailes, tardes de verão - até mesmo luvas, chapéus, sutiãs e maiôs -, todos estão reunidos sob o teto ornamentado do Palais Galliera, uma mansão do século 19 construída originalmente para abrigar a coleção de arte de uma duquesa, mas que desde 1977 tem sido o museu da moda da cidade.

O enigmático estilista espanhol Cristobal Balenciaga, que se estabeleceu em Paris, em 1937, aparece com destaque, com seus desenhos sóbrios a partir do início da década.

Famosas pelas criações dos elegantes drapeados nos anos 1930 e 40, a estilista Madame Grès também é lembrada, embora tenha sido ofuscada na era do "New Look" de Dior, com seu foco em volume. Um vestido dela de veludo e seda em tons de bege está a altura dos seus rivais. Um deles é Pierre Balmain, com uma referência ultrafeminina do século 18.

O Palais Galliera também disponibilizou de sua coleção um dos seus mais preciosos itens - um vestido de seda 1952 usado e doado por Wallis Simpson, a duquesa de Windsor.

Saillard disse esperar que jovens estilistas vejam a exposição e sejam inspirados pela década de 1950, como fizeram Jean Paul Gaultier e o ex-diretor criativo da Dior John Galliano.

"Você geralmente precisa de 20 anos para apreciar uma época anterior", disse Saillard. "Nunca são as mulheres que usaram a moda dos anos 50 que querem usá-la novamente - mas sim as suas netas."

Até 2 de novembro, no Palais Galliera
10, Avenue Pierre 1er de Serbie
16ème arrondissement
Telefone: 01 56 52 86 00
www.palaisgalliera.paris.fr 

sexta-feira, 11 de julho de 2014

O luxuoso hotel Peninsula Paris abrirá em 1º de agosto





Após seis anos de reformas e restauração com investimentos de € 430 milhões, o luxuoso hotel Peninsula Paris abrirá suas portas no próximo 1º de agosto, ao número 19 da Avenue Kléber, nas proximidades da Avenue des Champs Élysées e do Arc du Triomphe.

Seu prédio clássico, em estilo Haussmanniano foi adquirido pela Katara Hospitality, ramificação de recursos públicos da Qatar Investment Authority, que também é dona de outros dois hotéis em Paris - o Le Royal Monceau e o Budda-Bar Hotel, este último inaugurado há um ano na Rue d’Anjou.

Em estilo art déco, o edifício onde está o Peninsula já funcionou como hotel no início do Século XX e sua restauração do prédio mobilizou artesãos que trabalharam em elementos da fachada e do interior, incluindo peças em mármore, painéis de madeira e detalhes folheados a ouro.

Com operação do grupo Hongkong and Shangai Hotels, o Peninsula Paris tem 200 acomodações, sendo 34 suítes, com diárias médias a partir de € 695 e, no andar da cobertura, a suíte com jardim privativo e vista para o Arc du Triomphe estará disponível por € 19 mil.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Os melhores bistrôs à moda antiga de Paris

Tartare com salada e fritas no Bistro Valois, perto do Palais Royal Foto: ED ALCOCK / NYT

A jornalista Elaine Scolino, correspondente do 'NYT' em Paris, nos mostra o que é preciso ter em um bistrô parisiense ideal. Segue a peça:

"É uma pergunta que eu passei a temer: você pode recomendar o bistrô perfeito?

A razão de ser tão difícil dar aos meus amigos uma boa resposta é que a cena dos bistrôs de Paris passa por uma mudança completa. E as tendências estão indo em direções contraditórias e preocupantes.

De um lado, temos muitos bistrôs ruins hoje em dia: pratos como sopa de cebola e blanquette de veau que são produzidos em escala de massa, enviados a cozinhas e apenas reaquecidos na hora de servir. Se você não tiver cuidado, pode acabar pagando alto por uma refeição que estava embalada a vácuo e congelada apenas algumas horas antes.

No outro extremo, existe a “bistrônomia”, um movimento entre chefs mais jovens que estão tentando atualizar os clássicos usando ingredientes frescos e sazonais. A decoração normalmente é moderna, a apresentação bonita, e as porções, menores. Alguns ficaram tão na moda que você precisa reservar com semanas de antecedência no horário nem um pouco francês de 19h30, para ficar em uma mesa que precisará ser liberada duas horas depois.

Nada disso para mim. Me chamem de antiquada, mas a minha ideia do bistrô perfeito é a de um lugar onde os pratos são tradicionais, os ingredientes sazonais, o serviço atencioso, o preço aceitável e a minha relação com o chef é próxima o suficiente para que eu possa visitar a cozinha quando terminar a refeição. Julia Child resume melhor em suas memórias póstumas, “Minha vida na França”: “O tipo de comida com a qual eu me apaixono”, ela escreveu, “não é uma fantasia elaborada, mas sim apenas algo muito bom de comer”.

Bons bistrôs são essenciais para esta cidade e para mim. Depois de viver aqui por 12 anos, eu posso informar que, apesar das mudanças preocupantes em curso, o bistrô parisiense à moda antiga — um lugar despretensioso que celebra honestamente a comida, o vinho, uma atmosfera acolhedora e grandes conversas — está vivo e passa bem.

Idealmente, o bistrô tem um bar com balcão de zinco e um painel de madeira onde eu possa sentar e beber um drinque antes do jantar, e um dono que pode sempre encontrar uma mesa para seus amigos (incluindo eu e os meus).

“Eu quero que os meus clientes se sintam como se tivessem vindo jantar na minha casa”, diz Sébastien Guénard, proprietário do Restaurant Miroir, um bistrô em Montmartre. “Eu odeio dizer não às pessoas. Sempre deixo três ou quatro mesas livres — só para o caso de algum amigo aparecer. E se eles não aparecem, bem, imagina o prazer quando um estranho chega numa noite de sexta-feira sem reserva e eu digo: “Claro que eu tenho uma mesa para você!”.

O sr. Guénard é tanto uma parte do bairro que ele geralmente fica do lado de fora antes da hora do jantar para papear com os vizinhos. É o tipo de lugar onde o carteiro pode deixar uma entrega para alguém que não está em casa, e onde os alunos do colégio do liceu ali perto podem “estacionar” os seus skates durante as aulas. Quando Didier, o violeiro bêbado da região, entra para pedir um copo de alguma coisa, mesmo sem ter nada nos bolsos, ele nunca é rejeitado.

“A partilha — este é o espírito do bistrô”, diz Guénard. “Sem ela, eu não sou nada”."

Confira abaixo a lista dos bistrôs favoritos de Elaine Scolino em Paris.

Restaurant Miroir, 94 Rue des Martyrs, 18ème arrondissement, 01-46-06-50-73

Bistrot Valois, 1 Place de Valois, 1er arrondissement, 01-42-61-35-04

Le Bistrot Paul Bert, 18 Rue Paul Bert, 11ème arrondissement, 01-43-72-24-01

Le Grand Pan, 20 Rue Rosenwald, 15ème arrondissement, 01-42-50-02-5

Le Quincy, 28 Avenue Ledru-Rollin, 12ème arrondissement, 01-46-28-46-76

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Empreendedores protestam de cuecas em Paris

Na manhã desta última segunda-feira (7), empreendedores franceses fizeram um protesto incomum em Paris: além dos cartazes e palavras de ordem, eles adotaram como traje apenas suas cuecas para manifestarem contra a política do governo francês de incentivo fiscal a grandes empresas que, segundo eles não resolve problema de desemprego no país.


Na opinião dos manifestantes, que aproveitaram a Conferência Social para realizarem seu protesto, o governo da França erra ao dar milhões de euros em incentivo fiscal a grandes empresas sem ter a devida contrapartida da geração de emprego.

A Conferência Social, que dura dois dias, vai discutir os planos de reforma econômica com sindicatos e trabalhadores na tentativa de chegar a uma proposta de combate ao desemprego recorde na França.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Paris, a capital mundial das manifestações e protestos


Palco VIP. Ativistas do grupo feminista Femen protestam diante da Torre Eiffel contra a líder oposicionista ucraniana Yulia Tymoshenko e o presidente da Rússia, Vladimir Putin
Foto: Gonzalo Fuentes / Reuters
Palco VIP. Ativistas do grupo feminista Femen protestam diante da Torre Eiffel contra a líder oposicionista
ucraniana Yulia Tymoshenko e o presidente da Rússia, Vladimir Putin - Foto: Gonzalo Fuentes / Reuters
O jornalista correspondente Fernando Eichenberg, de O Globo, publicou neste domingo (6), uma excelente matéria sobre as inúmeras manifestações e protestos que Paris acolhe anualmente. Abaixo reproduzo e recomendo a leitura, segue o texto:

A capital dos protestos

Paris é palco rotineiro de dez manifestações por dia, com 11 milhões de participantes em 2013

"Em razão de uma manifestação na via pública, as linhas de ônibus 26, 30, 31, 32, 35, 38, 39, 42, 43, 46, 48, 54, 56, 65 e 350 sofrerão perturbações nesta quarta-feira a partir das 13h". Avisos como este, divulgado no último dia 3 pela rede de transportes públicos, fazem parte do cotidiano do parisiense como a Torre Eiffel no horizonte e a baguete matinal da padaria da esquina. A capital francesa é reconhecida como a capital mundial das manifestações de rua. Só no ano passado, ocorreram 3.411 - numa média de quase uma dezena por dia, segundo os números oficiais. Em um ano, o número total de manifestantes aumentou de 9,5 milhões para 11 milhões, um crescimento de 14% - e de 77,4% em relação aos 6,2 milhões de 1999.

Na semana passada, quem desejasse poderia apoiar a luta dos carteiros por melhores condições de trabalho; reivindicar justiça nos tribunais ao lado das famílias das vítimas da tragédia do voo Rio-Paris de 2009; participar da passeata de militantes contra o sexismo e o preconceito a gays, lésbicas e transsexuais; manifestar contra o desemprego e a precariedade no país; exigir a liberdade do norte-americano Mumia Abu-Jamal, preso nos EUA que se tornou símbolo dos oponentes à pena de morte; ou protestar contra os armamentos nucleares, a lei que impõe novos ritmos escolares na rede de ensino pública ou o fim do programa de rádio "Là-bas si j'y suis", criado em 1989.

Bandeiras e protagonistas não faltam. Por tradição, os franceses "têm uma necessidade visceral de descer às ruas para manifestar por não importa qual razão", disse certa vez o comissário Pierre Mure, que dirigiu o Departamento de Ordem Pública e de Circulação (DOPC) da polícia de Paris. A centralização das instituições na capital e o "status bastante liberal que rege as manifestações explicam a sua frequência", concluiu o policial.

Mas nem sempre foi assim. Antes de se impor como rotina na Paris de 2014, a manifestação, nos moldes em que é hoje praticada, surgiu como um elemento intruso da modernidade urbana no século XIX. Da Revolução Francesa de 1789 à Comuna de Paris de 1871, a rua parisiense foi o berço das revoltas pelas quais regimes emergiram e caíram, assinala Danielle Tartakowsky, especialista em História Política da França e autora do ensaio "Manifestar em Paris - 1880-2010" (ed. Champ Vallon). Clássicos da literatura, como "Os miseráveis" (1862), de Victor Hugo, e das artes, como "A liberdade guiando o povo" (1830), de Eugène Delacroix, possibilitaram ao imaginário político sedimentar de forma durável o sentimento de que "Paris (...) só é Paris em se arrancando seu calçamento", nas palavras do poeta Louis Aragon (1897-1982), acrescenta a historiadora.

Cidade das revoluções, sua relação com a política do espaço público é bem mais forte do que em outras capitais, diz Tartakowsky. Em Paris, diferentemente de Londres e Berlim, mais extensas, o pedestre se inscreve de forma mais íntima com a cidade num vínculo de longo prazo.

- Paris não viu impor de forma precoce grandes espaços do tipo do Hyde Park, em Londres, ou dos amplos parques de Berlim, que são abertos aos agrupamentos, mas impróprios a passeatas. Em Paris, há sem dúvida uma relação particular com a estrutura urbana e a história política. A mobilização coletiva em suas formas gerais foi um elemento forte na história francesa - sustenta.

Nos anos republicanos pós-1880, o poder público garantiu "as grandes liberdades democráticas de reunião, de imprensa, de expressão, mas não a de organizar manifestações", diz a historiadora. Isso se encerra em 1976, quando a capital volta a ter prefeito eleito. E só nos anos 1980, no governo de François Mitterrand, os estrangeiros foram autorizados a se organizar em associações.

- Paris precipita hoje todos os conflitos do planeta em seu território. É algo muito específico da cidade - assinala, numa alusão aos onipresentes protestos de curdos, ucranianos, argelinos, turcos, tunisianos ou também brasileiros (cerca de um quarto das manifestações visa às representações diplomáticas).

A própria Danielle Tartakowsky, 67 anos, protestou no último 1º de Maio. Na sua opinião, manifestar-se é uma forma de expressão política que depende da boa saúde democrática de um país:

- Em Paris, é fruto de um longo aprendizado. Eventuais problemas aparecem quando há atores estrangeiros que acabam de chegar, que não têm essa cultura manifestante, e querem jogar com outras cartas.

Na sala de comando do DOPC de Paris, repleta de telas exibindo em tempo real imagens captadas pelas mais de 13 mil câmeras de vigilância espalhadas pelas cidade, as atenções estão também centradas nas manifestações previstas em diferentes locais. Desde 1935, a lei exige um pedido oficial dos manifestantes às autoridades, apresentado num prazo três a 15 dias anteriores à data da passeata. Após análise, a polícia avaliará e autorizará o percurso solicitado ou determinará um outro. Raras são as demandas recusadas - 28 no ano passado - na maioria das vezes por receio de conflito entre manifestantes pró e contra a causa em questão.

Em relação às forças de ordem, a violência diminuiu nas últimas décadas, segundo Danielle Tartakowsky:

- Houve uma profissionalização da polícia ao mesmo tempo em que ocorreu a regularização pública das manifestações - avalia Tartakowsky.

Apesar do controle, aumenta o número de manifestações espontâneas, organizadas clandestinamente e com ajuda das redes sociais, principalmente à noite. Atenta, a polícia estabeleceu novos mecanismos de vigilância para poder deflagrar uma reação de urgência.

Sentadas na calçada em frente ao Instituto de Estudos Políticos de Paris, o mítico Sciences-Po, na Rua Saint-Guillaume, as estudantes de Direito Laura, 24 anos, Arianne, 23, e Charlotte, 23, contam que cresceram junto às manifestações.

- No tempo da escola, todo mundo já saiu um dia à rua para se manifestar, mesmo sem saber o motivo - confessa Arianne. - As pessoas se deram conta de que era possível obter coisas descendo às ruas. Mas é preciso discernir e se concentrar nas grandes questões.

Charlotte, alemã de nascimento e hoje estudante em Paris, destoa no trio: nunca participou de uma manifestação:

- Nunca senti realmente a necessidade, uma causa que valesse. E em Berlim é diferente, não há tantas como aqui em Paris - justifica.

Fugido da ditadura militar brasileira, o fotógrafo Sebastião Salgado desembarcou em 1969 em Paris, cidade que acabou elegendo como sua morada até hoje. No início de seu autoexílio como um jovem economista, também foi às ruas na capital francesa para participar de protestos contra os regimes autoritários na América Latina. Para o célebre fotógrafo, o Brasil teria lições a aprender dos franceses nesse quesito:

- O francês é um animal político por excelência, isso é uma forma de democracia fantástica. Essas manifestações que estão começando no Brasil por vezes degeneram. Isso faz parte da infância das grandes manifestações. Aqui é uma forma de vida, as pessoas convivem com isso. Por vezes atrapalham o cotidiano, mas valem uma democracia - conclui.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Galvão, je t’aime


















Deixei para escrever hoje – já perto das semi-finais da Copa do Mundo no Brasil para deixar claro realmente entendo quase nada de futebol e que torço no dia-a-dia, em proporções iguais, para o Flamengo e para o Botafogo – mas não necessariamente nesta ordem.

Melhor explicar essa minha relação adúltera com os dois times cariocas.

Tive um irmão, Aroldo – infelizmente falecido precocemente aos 33 anos em 1985 – que era flamenguista doente, daqueles que sabiam a escalação de todos os times, de todos os anos e de todos os campeonatos e que, além disso era amigo de jogadores do time, como do Doval, um atacante argentino que chegou ao Flamengo em 1969, a ponto de saírem de noite juntos e de tomar café da manhã em um bar da Rua Dias da Rocha – onde morávamos – quase todos os dias.

Esse tipo de farra fez com que ele deixasse o clube em 1971 mas, voltando ao Aroldo, o ponto era simples: eu detestava futebol e ele me forçava a ser Flamengo, senão me dava uns cascudos.

De outra parte, meu primo Ricardo, descendente de uma linhagem de botafoguenses ilustres, e que morava com minha avó Marta (seus pais moravam em SP) a quem eu sempre ia visitar em seu apartamento na Praia do Flamengo.

Muitas vezes chegava lá e o Ricardo, antigamente bem maior (era 8 anos mais velho) do que eu, estava jogando futebol de botões com outros primos como o Marquito ou mesmo com seu pai, Fernando, que vinha visitá-lo e quando perguntavam meu time e eu respondia Flamengo, era uma chuva de cascudos.

Então com o passar do tempo e dos cascudos do Aroldo e os do Ricardo, fui aprendendo a gostar dos dois times e, hoje em dia morando na França, olho para traz com muita saudade.

Mas voltando ao Galvão, essa já é minha segunda Copa do Mundo em solo francês e, como na de 2010, ainda me surpreendo com a locução sem vibração e com os comentários mornos da equipe de comentaristas da TF1, emissora que retransmite os jogos por estas bandas.

É um verdadeiro pesadelo: os caras torcem contra, não param de falar mal da Seleção e do Felipão (que insistem em chamar de “selesal” e "Filipal" por conta do sotaque) mais o pior é que a narração tem a emoção de um documentário sobre a avassaladora agilidade de uma preguiça à beira de sua morte.

No último jogo, para piorar, em vez de ficar em casa como todos os meus sentidos diziam, fui a pé até um bar – que graças ao bom Deus era perto de minha casa – bem próximo, no boulevard Henri IV, onde se prometia ambiência brasileira, com petiscos e bebidas brasileiras (meu interesse era guaraná, é claro).

Imaginar que atravessei duas pontes e uma nesga da Île de Saint Louis para ir ao tal bar me deixa até agora embrulhado – o local era um misto de Clipper no Leblon - mas sem o seu charme, com o barulho e o aperto do antigo Mosca, nas proximidades da antiga Faculdade da Cidade, na Lagoa.

Encontrei com cinco ou seis gatos pingados que já conhecia e outros tantos que nunca tinha visto mais barulhentos e, quando a moça do meu lado começou a pedir o Galvão de volta, pensei, ela tem razão, vou correr para casa, colocar na Globo.com e ouvir a narração em português, pelo menos.

Cheguei em menos de minutos, coloquei na Globo.com e esperei carregar e nada: o vídeo não pode ser exibido fora do território brasileiro. Nesta hora, como em um surto psicótico, disse para minha mulher: estou com saudades do Galvão Bueno, definitivamente, quero o Galvão de volta na minha vida, ainda não sei bem como, mas quero.

domingo, 6 de julho de 2014

Há 68 anos o "biquíni" desfilava em Paris



Em 6 de julho de 1946, Micheline Bernardini, uma dançarina do Casino de Paris e modelo, foi escolhida por Louis Réard para desfilar na Piscine Molitor, em Paris a peça que revolucionou o guarda-roupa de banho: um biquíni de algodão, com estampa reproduzindo um jornal.

Dois pequenos pedaços de pano revolucionaram as piscinas e praias no final da década de 40 do século passado. O costureiro francês Louis Réard deu a elas o nome de biquíni, mas a invenção não tinha sido sua.

O maiô de duas peças já havia sido experimentado por algumas garotas anos antes. Uma delas foi a alemã Käthe Hemme: "A gente o chamava de traje de banho de duas peças. Era impressionante como os rapazes olhavam para a gente quando aparecíamos na piscina! Ao descobrirmos que ele chamava a atenção, fomos em frente..."

Meados da década de 1940. Tempos difíceis na Alemanha do pós-guerra. Não havia dinheiro, nem variedade nas lojas. A solução era usar a criatividade. As garotas sentavam-se à máquina de costura e, com pouco pano, costuravam suas peças.

O essencial era que o biquíni caísse bem. Para isso, cortavam casacos e vestidos de malha, de tecido flexível. No grupo de amigas de Käthe, em pouco tempo, não havia mais ninguém com maiô inteiro.

Homenagem ao atol no Pacífico

Claro que, em grupo, a coragem de mostrar o umbigo era maior. As alemãs, no entanto, não ousavam mostrar tanto quanto Réard. Seu duas-peças foi uma verdadeira revolução pelo tamanho diminuto. O costureiro francês garantiu que, ao criar o nome, pensou apenas no lado romântico do famoso atol no Oceano Pacífico. Verdade é que praticamente coincidiu com o controvertido teste nuclear naquela região, que havia acontecido pouco antes.

A opinião pública ainda estava aturdida com o poder de destruição da bomba, quando Réard chocou com seus minúsculos triângulos de pano, cujas partes de cima mal cobriam os mamilos e a de baixo mais parecia uma tanga. A dançarina de clube noturno Micheline Bernardini apresentou a novidade na passarela, pois nenhuma manequim se dispôs a desfilar a nova peça.

Com informações da Deutsche Welle.

sábado, 5 de julho de 2014

Há 159 anos o Bouffes Parisiens era inaugurado



No dia 5 de julho de 1855, Jacques Offenbach, alemão da cidade de Colônia compôs as melodias que se tornariam o símbolo da elegância francesa: Jakob (mais tarde chamado de Jacques), deixou sua cidade com 14 anos para estudar música em Paris.

Seu sonho era ser compositor, mas o êxito chegou primeiro por outros caminhos quando inaugurou na Avenue des Champs Elysées a casa de espetáculos "Bouffes Parisiens" (Comédias Parisienses).

O escritor Peter Hawig, diretor do Festival de Offenbach em Bad Ems, conta: "Em 1855, Offenbach era um prestigiado solista de violoncelo nos salões de Paris. E, desde 1850, dirigia a orquestra do Théâtre Français, isto é, do teatro mais importante da França, o qual possuía uma pequena orquestra. Por outro lado, ele não se apresentara como compositor de obras musicais para o palco, sendo assim um novato nesse setor".

Teatro próprio

Nenhum dos teatros tradicionais de Paris queria apresentar as composições de Offenbach. Assim, ele decidiu resolver pessoalmente a questão: abriu um teatro próprio, para o que contou com o apoio das suas colegas do Théâtre Français.

A maioria delas tinha relacionamento íntimo com algum funcionário público de alto escalão. Dessa forma, Offenbach conseguiu a sua concessão através de "pistolões". No dia 5 de julho de 1855, ele inaugurava nos Champs-Elysées a sua casa de espetáculos, denominada "Bouffes Parisiens" (Comédias Parisienses).

A moda em Paris, à época do imperador Napoleão 3º, eram as peças musicais de um único ato. O público era de nível simples e desejava divertir-se. Quanto mais vigoroso o enredo, quanto mais marcantes as melodias e quanto mais curtos os diálogos, tanto maior o êxito das peças.

Peter Hawig: "Offenbach adotou esse tipo de peça, mas a transportou para outro ambiente. Seu público era mais elegante, de melhor situação. Entre os espectadores das suas peças, havia um número maior de homens casados. Os solteiros frequentavam teatro não por causa da música, mas sim em busca de casos amorosos".

Ponto de encontro

Offenbach inaugurou o teatro Bouffes Parisiens com a peça Os Dois Cegos, de um ato. E criou com isso o sucesso da temporada. Durante a exposição mundial de Paris, o "Bouffes" tornou-se o ponto de encontro da moda para os visitantes franceses e estrangeiros. Jacques Offenbach virou um astro, cuja marca registrada eram as melodias açucaradas, mas com textos mordazes.

Peter Hawig: "Politicamente, Offenbach era tido como ingênuo. Mas eu o considero politicamente muito sensível, capaz de tratar de questões que mereciam crítica – da nobreza, dos militares e até da corte imperial –, que apareciam já nas suas primeiras peças, naturalmente disfarçadas sob formas exóticas".

Luxo excessivo

Por exemplo: Jacques Offenbach inaugurou a casa de inverno do Bouffes Parisiens com a peça Bataclan, de um ato. Era uma comédia sobre uma imaginária corte imperial asiática, inteiramente esclerosada. Todos sabiam que ele se referia, na verdade, às Tulherias.

Peter Hawig: "Como empresário teatral, Offenbach não obteve êxito durante toda a sua vida. Por isso, ele deixou a direção do Bouffes Parisiens menos de sete anos depois da sua fundação. Por volta de 1874, ele dirigiu outro teatro por pouco tempo, mas sempre sem grande êxito econômico. É que Offenbach tendia a dotar seus teatros com luxo excessivo".

Há muito, Jacques Offenbach não dependia do êxito econômico como diretor de teatro. Peças como A Vida Parisiense, A Bela Helena ou Orfeu no Inferno já lhe tinham garantido um lugar no Olimpo dos grandes compositores. E mesmo que sua obra final e mais madura, Os Contos de Hoffmann, tenha sido uma grande ópera, Jacques Offenbach entrou para a história da música como o criador de um novo gênero, cujo nome ele próprio inventou: a opereta.

Continuidade

O Bouffes Parisiens continua até hoje no número 4 da Rue de Monsigny, no 2ème arrondissement de Paris, França - veja a qui seu website: www.bouffesparisiens.com

Com informações da Deutsche Welle.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Who's Next traz a Turquia para a moda de Paris



Começou hoje (4) e vai até a próxima segunda-feira (7), a segunda edição da feira de negócios de moda Who's Next em 2014 (a primeira foi em janeiro).

Desde 2012, quando as feiras de moda francesas passaram por uma revolução logo depois que a WSN Développement, organizadora da própria Who's Next e de outras feiras como Première Classe and Mess Around (anteriormente da Sodes) vendeu 50% de sua empresa para a Comexposium, organizadora da Prêt-à-Porter Paris.

A partir desse momento partiram para o ataque, produzindo todas as feiras ao mesmo tempo, na mesma época, o que fez com que as ofertas – antes em datas concorrentes e dispersas – fiquem disponíveis para que os 58.000 comparadores de todo o mundo tenham uma maior facilidade de acesso e comparação, o que deixa os mais de 2,1 mil expositores com sorrisos largos.

Esta mega feira de negócios de moda ocupa hoje todos os segmentos do setor, como feminino, masculino, infantil, acessórios, calçados e moda jovem espalhados um uma área de mais de 100.000m2 nos halls 2, 3, 4 e 7 e vai contar com uma nova nomenclatura, “Who's Next, subtitulada Prêt-à-Porter Paris” e ainda quatro áreas distintas: Fame, Ready-toWear, Première Classe e Accessories.

Parc des Expositions de la Porte de Versailles
1 place de la Porte de Versailles
15ème arrondissement
www.whosnext.com

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Disneyland Paris inaugura área dedicada à Ratatouille

Apresentação da nova área da Disney francesa à imprensa

A Disneyland Paris inaugurará no próximo dia 10 de julho a sua nova área dedicada ao filme "Ratatouille", lançado sete anos atrás e em cuja as atrações investiu € 200 milhões.

O ponto que deve atrair mais atenção é o "Ratatouille: L'Attraction", simulador que propõe um tour pela cozinha do restaurante Gusteau's: a ideia é se sentir como o ratinho Rémy –o carro do simulador, em forma de rato, passa por "peixes" com 7,5 metros de altura, e o ambiente esfria quando os visitantes "entram" na geladeira.

No parque, a área também conta com ruas e praças inspiradas na Paris do desenho animado e com o bistrô Chez Rémy, que será aberto ao público –e terá o prato que dá nome ao filme como acompanhamento do único prato.

77777 Marne-la-Vallée
França
Telefone: 08 25 30 05 00
www.disneylandparis.fr

quarta-feira, 2 de julho de 2014

França tem antipatia aos turistas - será mesmo?



Segundo informações do Financial Times e da Folha Online, a França tenta se livrar da (má) fama de que país é antipático com turistas.

Na fila para subir a torre Eiffel com o marido e os dois filhos, Monica Krishan, de Déli, fala um pouco sobre ser uma turista estrangeira em Paris. "Acabamos de vir de Barcelona e Madri. Falando sem rodeios, as pessoas de lá são muito mais amigáveis que na França. Na Espanha, eles talvez falem menos inglês do que aqui, mas lá eles realmente tentam ", diz.

"Ontem, ao sairmos do nosso hotel à procura do metrô, pegamos uma saída errada e pedimos a ajuda de alguém. A pessoa só nos olhou e disse: 'No English'."

A França há muito sofre de má reputação por receber seus visitantes de forma mal-humorada -exemplos são os garçons arrogantes em cafés de Paris e as frequentes greves do serviço público.

Turismo em Paris

Há até mesmo um reconhecido distúrbio psicológico chamado de "síndrome de Paris", que aflige alguns turistas, principalmente os japoneses, que ficam chocados com o jeito abrupto dos anfitriões franceses.

Contra essa "síndrome" e procurando desesperadamente maneiras de injetar vida nova na economia enfraquecida, a França está lançando um plano para transformar a indústria do turismo –sobretudo, abordando a questão de tratar os turistas com um pouco mais de graça.

"Se há uma questão com a qual temos de lidar é para mudar a mentalidade dos franceses, que veem o serviço como servidão", disse Jean-François Rial, chefe de Voyageurs du Monde, agência de viagens, durante uma conferência organizada pelo governo na semana passada para lançar um programa. "Somos muito ruins em serviço na França", completou.

Ministros admitem que parte do problema foi que a França, abençoada com o esplendor de Paris, a Côte d'Azur e os Alpes, tende a acreditar que o turismo está garantido.

O país atrai o maior número de visitantes estrangeiros por ano no mundo, tendo atraído 83 milhões visitantes em 2012, de acordo com a organização do turismo mundial da ONU.

Tal indústria responde por mais de 7% da renda nacional, cerca de 2 milhões de empregos e contribui com € 12 bilhões (R$ 36 bilhões) por ano para a balança de pagamentos. Mas, apesar de ter 20 milhões de turistas a mais que a Espanha, a França ganha menos com o turismo estrangeiro por ano.

O plano inclui medidas para melhorar o setor hoteleiro, facilitar o processo de visto para os visitantes e construir uma ligação ferroviária expressa de Paris para o principal aeroporto da cidade.O objetivo do governo é mudar esse cenário, aumentando o número de visitantes para 100 milhões por ano. Fleur Pellerin, ministra de Comércio Exterior e Turismo, disse que o país poderia criar 500 mil novos postos de trabalho se capturar 5% do 1 bilhão de turistas que devem viajar pelo mundo todo em 2013. "É um grande desafio econômico", afirmou.

Há ainda movimentos para combater o alto nível de crimes contra turistas em Paris e para melhorar a qualidade dos serviços de internet para os turistas que planejam passar as férias na França.

Simpatia

"Quanto ao serviço, não é algo que pode ser corrigido por decreto. É um grande problema, que abrange a língua, mas também a simpatia."Entretanto, uma grande parte do esforço será melhorar a qualidade do serviço –inclusive em restaurantes. "É muito sintomático. As pessoas têm uma visão da cozinha francesa. Elas esperam que a sua experiência gastronômica seja boa, mas, às vezes não é ", disse Pellerin.

Segundo Pellerin, é preciso trabalhar nessa questão por meio da formação e da construção da autoestima das pessoas que trabalham com os turistas.

Tudo ótimo

Mas nem todos os turistas se queixam. Na mesma torre Eiffel, Liaw Chuewei, de Cingapura, diz que ela e seu grupo de seis irmãos e amigos, visitando a França depois de uma viagem a Amsterdã e Bruxelas, gostaram mais de Paris. "Nós ouvimos dizer que as pessoas podem ser hostis aqui, mas, em geral, elas têm sido bastante gentis."

Takeshi Yoshikawa, de Tóquio, na capital francesa com um amigo, concorda: "Nós estamos nos divertindo. Nos restaurantes, o serviço foi bom. O nosso hotel é bom, também". Nenhum sinal da "síndrome de Paris".

terça-feira, 1 de julho de 2014

Piscine Molitor reabre como clube e hotel de luxo

A antiga piscina tomada por grafite: durante três décadas, prédio era invadido por artistas de rua Foto: Thomas Jorion

Luiza Barros, publicou no Caderno Ela Online, do jornal O Globo, uma excelente história sobre o projeto de renovação da Piscine Molitor - no 16ème, fundada em 1929, foi onde o biquíni foi apresentado pela primeira vez - e do prédio ao seu redor. Segue a peça:

"O carioca que se prepara para curtir as férias na capital francesa talvez não pense que valha a pena acrescentar uma roupa de banho na mala. Porém, para quem já está de passagem comprada, talvez seja melhor rever a decisão. Recém-inaugurado, o Molitor, no 16ème, é a nova joia a ser descoberta na cidade-luz. Misto de clube e hotel cinco estrelas, o empreendimento marca uma nova fase na vida do local histórico, que abrigava uma famosa piscina pública em art déco e estava fechado desde 1989, à espera de um projeto que pudesse trazer de volta o brilho dos tempos de ouro da construção.

Agora, o hotel e clube, que ainda conta com um spa da Clarins, promete ser o ponto de encontro entre os parisienses endinheirados que vivem no tranquilo bairro de Auteuil, próximo ao Bois de Boulogne, e entre turistas que buscam uma experiência nova na mais visitada de todas as cidades.

— O Molitor precisava recuperar a sua população parisiense, ao mesmo tempo em que atende a turistas que buscam algo original, fora do comum — diz Vincent Mézard, diretor-geral do hotel, que trabalhou por três anos no projeto de recuperação do Molitor antes de assumir as rédeas do estabelecimento.

Um passeio por lá realmente comprova que este não é um lugar que chame a atenção apenas dos turistas. Nas mesas do restaurante (cujo menu é assinado pelo chef Yannick Alléno, três vezes agraciado com a estrela Michelin), ou no aprazível terraço com vista para a Torre Eiffel, é sobretudo o francês que se escuta. O interesse dos locais se explica devido à história do prédio, que entrou para a memória afetiva de mais de uma geração como lugar de encontros, namoricos e divertimento.

Inaugurada em 1929, a Piscina Molitor surgiu da mente de um investidor local que buscava usufruir do potencial da região para a prática esportiva — apenas um ano antes, o estádio de Roland Garros, hoje palco de uma das mais importantes competições do tênis, fora construído num terreno próximo. Para dar o primeiro mergulho na piscina, foram convidados dois campeões olímpicos: Aileen Riggin e Johnny Weissmuller, o último também conhecido mais tarde por encarnar Tarzan em uma infinidade de filmes das décadas de 1930 e 1940.

Nos anos seguintes, o local, com sua lendária fachada amarela e azul, seria o destino favorito da juventude de classe média alta de Paris e redondezas, seja no verão ou no inverno, quando a piscina se transformava em pista de patinação. A popularidade do local conseguiu mesmo resistir ao terror da Segunda Guerra Mundial: o Molitor teve o seu momento mais memorável imediatamente após o conflito, em 1946, quando o engenheiro de carros transformado em estilista Louis Reárd apresentou ao mundo o que seria a sua maior invenção: o biquíni.

— Nenhuma modelo aceitou vestir a peça, então ele teve que convidar Micheline Bernadini, que era uma dançarina do Cassino de Paris — explica Mézard, que detalha as dificuldades para resgatar a história do local.

— O prédio estava em um estado péssimo demais para poder ser aproveitado, e tivemos que derrubá-lo e construir tudo do zero. O desafio foi ser fiel ao que Lucien Pollet (o arquiteto responsável pelo projeto de 1929) havia idealizado, mas também adequando-o às novas necessidades do hotel.

Mesmo em seu tempo de abandono, o Molitor não deixou de ser frequentado. Ao ver a decadência do seu negócio, o investidor privado que administrava a piscina a devolveu ao poder público em 1989. A decisão do Ministério da Cultura francês de tombar o prédio, no entanto, impediu sua demolição. Enquanto políticos brigavam sobre qual seria o destino ideal do prédio, grafiteiros o invadiam. Em pouco tempo, o Molitor tornou-se uma espécie de templo da arte de rua, completamente tomado pelas cores urbanas do grafite. Festinhas ilegais se tornaram comuns por lá, até que investidores da Capital Colony e da gigante hoteleira Accor ganharam o direito de explorar o local, sob a condição de que arcassem completamente com a sua reconstrução. Os preços para conferir o resultado: a diária custa, em média, €300; a anuidade do clube, €3.300, e quem quiser dar um mergulho sem compromisso na piscina deve desembolsar €180. Seja como for, o fato é que a nova fase do Molitor promete render boas e novas histórias."


Espreguiçadeiras na piscina externa Foto: Divulgação

A piscina de inverno, aquecida e fechada Foto: Divulgação

Restaurante do Hotel, que conta com menu criado por Yannick Alléno, três vezes agraciado com a estrela Michelin Foto: Divulgação

Quarto do hotel: street art foi mantida como referência na decoração Foto: Divulgação

Quarto com vista para a piscina Foto: Divulgação