quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Arte sobre rodas: as obras-primas da Coleção Ralph Lauren

Entre as coleções de automóveis mais importantes do mundo, há uma que se distingue das demais a ponto de se tornar uma unanimidade e sinônimo de excelência: a do ícone americano da moda, o fashion designer Ralph Lauren.

Exposta até o dia 28 de agosto, no Musée des Arts Décoratifs, no número 107 da Rue de Rivoli, no 1er arrondissement de Paris, a coleção apresenta uma seleção de 17 destas maravilhosas obras primas, em exibição pela primeira vez na Europa, com nomes como Bugatti, Alfa Romeo, Bentley, Mercedes-Benz, Jaguar, Porsche e é claro, da Ferrari, o ponto alto desta mostra única.

A curadoria escolheu os modelos com a idéia de apresentar os carros como objetos de design, como obras de arte, mostrando que a arte e técnica, cada uma a seu próprio nível, são a expressão do homem e sua relação com o projeto em questão.

E é nesta perspectiva que admiramos a seleção da Coleção Ralph Lauren, que foi pacientemente montada durante várias décadas pelo designer, em busca de velocidade e desempenho e que inclui algumas das mais raras e extraordinárias jóias da coroa da história do automóvel europeu, tendo a beleza como o seu denominador comum.

Fazem parte desta exposição alguns dos mais elegantes e inovadores carros história da indústria automobilística, como o Bentley Blower, de 1929, a Ferrari 250 GTO de 1962, a famosa Mercedes 300 SL “Asa de Gaivota (Gullwing), de 1955 e o inesquecível Jaguar “D Type", de 1955 e cuja barbatana de tubarão desbravou um trilha vitoriosa em Le Mans em 1955, 1956 e 1957 e, em matéria de luxo e estravagância, encontramos o “grand tourer” Bugatti Atlantic Coupé, de 1938, dos quais apenas quatro modelos foram produzidos.

Completando a exposição há filmes, gravações e um seminário sobre design de automóveis, que é composta pelos seguintes modelos:


- Alfa Romeo 8C 2300 Monza, de 1931: o 8C 2300 era um “grand tourer” que teve uma versão de corrida, que é examente a versão exposta aqui pela Coleção Ralph Lauren, conhecida pela alcunha de “Monza”, é equipado por um motor em linda, de 8,3 litros, com duplo comando no cabeçote e um compressor.

Este "Monza" participou em inúmeros Grands Prix, como o de Lorenade em 1932, o de Pau em 1933, o de Mônaco em 1933, o de Targa Florio em 1934 e em muitos outros. Este notável automóvel era o veículo de competição de Grands Prix por excelência.






- Alfa Romeo 8C 2900 Mille Miglia, de 1938: este foi um modelo de corrida equipado com um motor de 8 cilindros em linha com 2,9 litros, dupla sobre-alimentação com dois compressores, suspensão independente, caixa de quatro velocidades e transmissão traseira.

O conjunto da obra é perfeitamente equilibrado, resultando em uma aderência extraordinária e os freios hidráulicos são um bônus adicional que lhe permita ultrapassar os seus rivais a mais de 185km/h e é considerado o mais perfeito Alfa Romeu produzido antes da Segunda Guerra Mundial.




- Bentley Blower, de 1929: este carro se destaca dos outros carros da Coleção Ralph Lauren graças à sua enorme carroçaria, tão grande que Ettore Bugatti se referia a ele como “ o mais rápido do caminhão no mundo". Mas, apesar de seu tamanho, ele é formidavelmente rápido, devido ao seu motor de 4,5 litros alimentado por um enorme compressor – que equipou apenas 55 unidades deste modelo.

Este Blower participou em em três ocasiões das 24 Horas de Le Mans: em 1930,quando abandonou devido a um problema do pistão; em 1932, quando seu piloto caiu numa vala logo na 1ª volta e em 1933, quando saiu da pista na 25ª volta.

Por outro lado, terminou em segundo no Grand Prix da França de 1930, em Pau, terminou com todas as honras.




- Bugatti 57 S(C) Atlantic Coupé, de 1938: o “Atlantic” é tido como um monumento na história dos automóveis e expressa uma verdadeira aparência franco-italiana mais do que qualquer outro carro de sua época, possuindo uma incrível sensação de leveza.

É impulsionado por um motor de 8 cilindros em linha, com duplo comando no cabeçote e um compressor, é incrivelmente rápido e capaz de atingir 200 km/h e, como o alumínio utilizado para a carroçaria não se prestava à solda, Jean Bugatti foi obrigado a fazer o teto e os pára-lamas em duas partes e depois montá-los com rebites e isso fez com que um inconveniente se transformasse em um grande diferencial de estilo, com janelas que lembram os aviões daquela época.

O chassis de número 57.591 em posso da Coleção Ralph Lauren foi o último dos quatro exemplares produzidos originalmente: uma obra-prima que contém o luxo e o esporte em seu auge.

Resumindo: um automóvel excepcional.




- Bugatti 59 Grand Prix, de 1933: este Bugatti 59 é a referência estética dominante antes da Segunda Guerra Mundial e apenas oito unidades deste modelo foram fabricados e são reconhecidos pelas suas extraordinárias rodas raiadas, uma invenção técnica revolucionária da Bugatti.

É alimentado por um 8 cilindros em linha com 3,3 litros. De duplo comando no cabeçote que o leva a alcançar 250 CV e o “59” em exposição participou em corridas nas pistas mais prestigiadas do mundo, como o Grands Prix da Bélgica, da Espanha em 1933, o de Mônaco e o de Montlhéry em 1934 e foi conduzido por talentos como Achille Varzi, Tazio Nuvolari e Robert Benoist.





- Ferrari 250 GT Berlinetta SWB, de 1960: embora a denominação 250 GT tenha surgido no catálogo de Maranello em 1955, foi apenas no Salão de Paris de 1959 que a Ferrari apresentou sua versão Berlinette, de chassis curtos – a distância entre eixos era 20 centímetros mais curta do que nas outras versões.

Sua carroceria de alumínio foi desenhada por Pininfarina e produzida na Carrozzeria Scaglietti, em Modena e comparada com sua versão grand tourer, destinada à estrada, a versão de corrida era desprovida de todos os luxos, confortos no interior e até de pára-choques, mas por outro lado era equipado com freios a disco e um motor com incríveis 280CV que o permitia superar os 250km/h.

Este modelo emblemático dominou o lendário Tour de France por três temporadas consecutivas, de 1960 a1962) e também a categoria GT das 24 Horas de Le Mans.

Sua linha sensual, sua fácil condução, seu desempenho sem igual e uma lista interminável de vitórias nas pistas contribuíram para transformar a 250 GT Berlinetta um dos mais populares modelos da Ferrari.

Este carro da Coleção Ralph Lauren ostenta o número 31 dentre 165 unidades.



- Ferrari 250 GTO, de 1962:
projetada dentro do mais alto sigilo, a 250 GTO é considerada pelos aficionados da marca como a sua quintessência “vintage”, tanto tecnicamente como esteticamente e é tido como um dos mais famosos e caros esportivos de todos os tempos.

Este grand tourer de alumínio, com capô alongado e traseira curta registrou uma impressionante lista de vitórias, incluindo o Campeonato Mundial de Construtores GT em 1962, 1963 e 1964, graças ao seu motor dianteiro V12, com 300 CV que o impulsionava a mais de 280km/h.

Este carro da Coleção Ralph Lauren ostenta o número 21 dentre 36 da 1ª série das unidades GTO.






- Ferrari 250 LM, de 1964: a LM 250 (nome curto para “Berlinetta Le Mans") era descendente da 250 GP, destinada a substituir a 250 GTO e foi concebida para corridas, tendo motor central, o que a conferia uma aparência incomum, com o cockpit mais à frente do que o normal, com uma frente curta e uma traseira “comprida”.

Equipado com o famoso motor V12 e alimentado por seis carburadores, desenvolvia 320 CV, tinha uma caixa com cinco velocidades e chegava a 295km/h.

Sua carroceria de alumínio era assentada em um chassis multi-tubolar e como não conseguiu obter a homologação para corridas GT, a LM 250 competiu na categoria de protótipos e ganhou as 24 Horas de Le Mans nesta categoria em 1965.

Este carro da Coleção Ralph Lauren, de chassis 6321, é o número 31 dos 32 produzidos e foi pilotado por Sir Jackie Stewart.





- Ferrari 250 Testa Rossa, de 1958: fabricado pela Carrozzeria Scaglietti, a partir de um projeto de Pininfarina, o carro tinha um forma de torpedo, um encosto de cabeça preso logo acima da carroçaria e faróis embutidos e protegidos por painéis de plexiglas.

Suas linhas delicadas eram essencialmente funcionais e não só estéticas: na verdade, a originalidade da paralamas que deixavam que as rodas permanecessem parcialmente, aparentes foram concebidas a fim de permitir um suprimento suficiente de ar frio para seus freios a tambor.

Seu nome, Testa Rossa (cabeça vermelha), é devido aos cabos vermelhos que cobrem o topo de seu motor V12 com 3,0 litros, com 300CV e atingindo mais de 270 km/que o levou a diversas vitórias, inclusive nas 24 Horas de Le Mans em 1958, 1960 e 1961.

O carro exposto aqui pela Coleção de Ralph Lauren é o de número 14 de 34 unidades produzidas pela Ferrari.




- Ferrari 375 Plus, de 1954: a Ferrari 375 Plus foi uma versão “apimentada” das 375 MM, equipada com um motor V12 de e quase 5 litros, com três carburadores, caixa com quatro velocidades e quase
340 CV, atingindo 250 km/h.

Este modelo foi desenhado por Pininfarina, que à época era o designer oficial da marca e apenas cinco exemplares da 375 Plus foram produzidas, incluindo uma versão spyder que venceu as 24 Horas de Le Mans em 1954.

O carro aqui exposto tem o número do chassi 0398 AM - o último da série - e deixou a fábrica em 1954.



- Jaguar XK120 Roadster, de 1950: o Jaguar XK120 foi lançado em 1948 no London Motor Show e foi um marco na história da empresa: do ponto de vista estético, os modelos XK foram a referência de design na Inglaterra e seu desempenho era garantido por um motor de 6 cilindros com 3,5 litros de duplo comando no cabeçote, produzindo 180 CV.

Apenas 200 exemplares do XK120 estava inicialmente previstos para serem fabricados, mas este roadster alcançou um sucesso explosivo e inesperado, particularmente entre as estrelas de Hollywood e portanto, entrou em produção em massa, sendo produzido até 1961 como o XK140 e o XK150 e o modelo da Coleção Ralph Lauren é um dos seis pertencentes à Jaguar, fabricados em alumínio.




- Jaguar XKD, de 1955:
a fim de encontrar um sucessor digno de um vencedor brilhante como o Jaguar Type XKC (que venceu em duas ocasiões as 24 Horas de Le Mans), a Jaguar lançou o D-Type, que tem um longo capô sem a grade do radiador, com uma traseira facilmente reconhecível e extremamente graciosa, que se estende do descanso de cabeça do condutor, proporcionando uma maior estabilidade em velocidades mais elevadas.

Com o clássico motor de 6 cilindros em linha com 3,4 litros, o D-Type, foi construído sobre uma estrutura monocoque e possuía freios a disco. A versão de "nariz comprido" contou com apenas 10 unidades – incluindo este da Coleção Ralph Lauren – que conseguiam ganhar uma velocidade adicional de 15 km/h, alcançando 260km/h.

Nenhum outro carro da década de 1950 tinha velocidade maior do que o D Type, que obteve três vitórias consecutivas as 24 Horas de Le Mans entre 1955 e 1957 e outra em Nürburgring em 1956, sendo considerado o carro de corridas de maior sucesso em sua geração.







- Jaguar XKSS, de 1958: na sequência das magníficas vitórias nas 24 Horas de Le Mans obtidas pelo XKD, a procura de um modelo para “ruas e estradas” foi tâo grande que a Jaguar decidiu produzir uma versão que foi nomeada de XKSS.

Voltado principalmente para o mercado americano, diferentemente do modelo de corrida, ele possui pára-brisas, teto conversível, pára-choques e um interior mais bem mais “civilizado” e sua famosa barbatana foi removida.

Apenas 16 exemplares originais foram construídos entre janeiro e fevereiro de 1957 e, em 1958, dois D-Type foram transformados pela fábrica e o automóvel exposto pela Coleção Ralph Lauren é um destes.





- Mc Laren F1 LM, de 1996:
a fim de prestar uma homenagem ao incrível desempenho nas 24 Horas de Le Mans em 1955, quando cinco dos seus carros conseguiram completar a corrida, a McLaren criou um protótipo e produziu uma série limitada de cinco carros especialmente nomeados F1 LM (nome curto para “Le Mans”).

Estas jóias pesavam aproximadamente 75 quilos a menos do que a versão clássica para estradas e passaram por diversas modificações aerodinâmicas e ainda um “face-lift” que incluiu a cor alaranjada de “mamão papaia” em saudosa memória de Bruce McLaren, um dos mais iminentes desenhistas de carros de Fórmula 1.

Equipados com um potente motor V12 BMW, desenvolvem 691 CV que os permitem ir de 0 a 131 km/h em míseros 5,9 segundos: este é um dos mais radicais e famosos “super-cars” contemporâneos.




- Mercedes-Benz 300 SL “Gullwing” Coupé, de 1955: no início da década de 1950, a Mercedes-Benz fez seu retorno naos circuitos de corridas de nível superior e começou a trabalhar no projeto da 300SL em 1951.

Desta forma o tradicional motor de 6 cilindros em linha com 3,0 litros do “300 sedan” foi incorporado à um chassis ulta-leve, multi-tubular que tinha um invulgar peitoril alto que impedia o uso de portas e janelas convencionais.

Esta deficiência foi rapidamente transformada em um golpe genial de estilo, com a invenção da magnífica solução da abertura das porta em formato de “asa de gaivota”.

O SL 300 venceu a corrida após corrida, incluindo as 24 Horas de Le Mans de 1952 e, apenas um ano mais tarde foi criada aversão de série, para o deleite dos habituais clientes da marca, incluindo Herbert von Karajan, Sophia Loren e até Elvis Presley, que aprovaram e compraram o novo modelo.






- Mercedes-Benz SSK “Count Trossi”, de 1930: o chassis SSK 36.038, atualmente em propriedade da Coleção Ralph Lauren, permaneceu na fábrica da Mercedes-Benz de 1928 a 1930, quando foi vendida ao Japão, antes de ser trazido de volta à Europa.

Este carro foi montado baseado em um projeto sugerido pelo aristocrático Conde (Count) Carlo Felice Trossi, um piloto de corridas e era o arquétipo da Mercedes da década de 1920, construído sobre um pequeno chassis, é dominado por um capô enorme com um trio de tubos de escape de cada lado, acentuando ainda mais o seu temperamento fogoso, de seu famoso 6 cilindros em linha, de 7 litros que conta com 300 CV e velocidade final de acima dos 235km/h.





- Porsche 550 Spyder, de 1955: inspirado no 356, o 550 foi apresentado em 1953 no Salão de Paris Motor Show em foi um dos primeiros carros de corrida da marca alemã e foi produzido até o final de 1956.

Seu nome, “spyder”, virou sinônimo de carros esportivos, leve e dois lugares e era equipado com motor de 4 cilindros, refrigerado a ar, com 1498cc que desenvolvia 110 CV, com uma caixa de velocidades que o deixava fácil de conduzir e capaz de atingir até 218 km/h.

Na Carrera (corrida) Panamericana de 1954, no México, um 550 Spyder ficou em terceiro lugar, ganhando sua categoria e, em 1956, um 550 obteve uma magnífica vitória em Targa Florio, superando Ferraris e Maseratis e seus motores maiores e mais potentes.

Este carro da Coleção Ralph Lauren ostenta o número 61 (de 90 unidades) a sair da fábrica de um automóvel que, desde a morte de James Dean em um modelo idêntico, carrega a lendária fama do “Rebelde Sem Causa”.






Créditos das fotografias:
Arquivos da Porsche AG
DR
Édtions Bugatti Book - René Jacques
Michael Furman
Pedro Nonato
Presse Sport l’Equipe
The Klemantaski Collection
W.O Bentley Memorial Foundation

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