Com 15 anos começou sua aprendizagem como confeiteiro e, aos 22 anos foi admitido como auxiliar do cozinheiro de Nicolas Fouquet, Superintendente do Tesouro da França e um dos mais ricos nobres da época.
A corte era o lugar ideal para um jovem talentoso, ativo, organizado e muito ambicioso que, em pouco anos conquistou a posição de Maître d'Hôtel no Château de Vaux-le-Vicomte, sendo o responsável pelas cozinhas, pelas compras dos alimentos, dos utensílios, das louças, dos talheres, das peças de ouro e de prata, das luminárias e da escolha e dos pagamentos dos diversos fornecedores.
A fim de comemorar a inauguraração de Vaux-le-Vicomte, Fouquet deu ordens para que seu Maître d'Hôtel recepcionasse mais de 600 convidados da corte, incluindo a Rainha Mãe, Ana de Áustria e o soberano, Rei Louis XIV.
Para tanto Vatel se fez valer de peças de teatro - entre as quais Les Fâcheux, a primeira comédia-ballet de Molière - música e fogos de artifício e seu único objetivo provar para Luís XIV que ele era muito melhor que o mestre da cozinha real.
Infelizmente essa comemoração grandiosa trouxe má sorte a Fouquet: Louis XIV ficou ainda mais invejoso e suspeitoso de que ele se valia de sua posição para enriquecer ilicitamente e apenas três semanas depois, o Rei ordenou que Fouquet fosse preso sob a acusação de conspiração.
Vatel, que havia esboçado uma pequena revolta, usou de toda a sua prudência e bem antes que a ira real recaísse sobre ele também, se exilou na Inglaterra, retornando à França dois anos depois para trabalhar como "Mestre dos Prazeres e das festividades" para Louis II de Bourbon-Condé, conhecido por Grand Condé, no Château de Chantilly, onde mais uma vez ele teria como missão impressionar o Rei-Sol.
Em Chantilly o Grand Condé o encarregara da maior tarefa de sua vida: promover três dias e três noites de festividades para o rei e 3000 convidados que passariam o fim de semana para caçar.
Todos os convivas aproveitaram os espetáculos proporcionados por Vatel e tudo corria muito bem até que, no jantar da última noite, não houve assados para todas as mesas e ele então, extremamente estressado pelo erro de cálculo, passou a noite em claro, esperando os peixes do dia para o dia seguinte, uma Sexta-Feira Santa.
Mas, ao perceber que a encomenda não seria entregue, suicidou-se – segundo a versão oficial – em virtude do atraso do peixe, que ameaçara o sucesso da ocasião e de seus magníficos esforços.
Uma outra versão, menos digna, que diz que decepcionado com o Grand Condé, que o tratara como um mero objeto ao perder sua “posse” para o Rei num jogo de cartas, que como a um escravo então levá-lo para servir ao Palais de Versailles, se matara.
Sua morte foi retratada como uma tragédia porque o peixe chegara e tudo não passara de um mal-entendido.
Ainda hoje, quando se visita o Château de Chantilly, pode-se entrar nas "cozinhas de Vatel".
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Cozinhas de Vatel, em Chantilly |
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