domingo, 22 de março de 2015

Museus de Paris se adaptam para lidar com multidões



Segundo a France Presse, por conta de um número cada vez maior de visitantes lotando suas salas e galerias, os maiores museus de Paris tentam se adaptar às multidões, tomando medidas para aumentar a capacidade de receber visitantes, lançando aplicativos e melhorando os serviços como cafeterias e lojas de souvenirs.

Com o turismo de massa impulsionado por voos baratos e economias emergentes mais ricas, cada vez mais visitantes aparecem para ver a Mona Lisa, quadros de Van Gogh ou estátuas de Michelangelo.

Todo ano, o Louvre, em Paris, recebe quase 10 milhões de visitantes, apesar de ter sido planejado para 5 milhões de pessoas. Nos últimos 3 anos temos tido mais de 9 milhões”, afirmou o presidente do museu parisiense, Jean-Luc Martinez.

Martinez lançou o “Projeto Pirâmide”, que pretende, até meados de 2016, melhorar a entrada do museu, reformando os guichês de ingressos, as filas e a chapelaria. “Se não cuidarmos dos visitantes, como podemos esperar que eles tenham uma boa experiência vendo as obras de arte?”, diz Martinez.

O Louvre foi planejado para 5 milhões de pessoas. Nos últimos 3 anos temos tido mais de 9 milhões"
Jean-Luc Martinez, presidente do museu

O famoso Chateau de Versailles, nos arredores de Paris, também está se expandindo. Em breve ele vai abrir um espaço de 2,7 mil metros quadrados para ajudar a comportar as cerca de 10 milhões de pessoas que vão todo ano ao castelo.

Outra opção para lidar com o maior número de visitantes é expandir o horário de funcionamento, por isso o governo francês está pedindo o mesmo ao Louvre, a Versailles e ao Musée d'Orsay que abram todos os dias da semana. Mas para o presidente do Louvre, “o problema não é fazer mais, mas fazer melhor”.

O presidente do Musée d'Orsay, Guy Cogeval, concorda que encontrar uma forma de lidar com 3,5 milhões de visitantes anualmente é uma prioridade. “Administrar o tráfego de visitantes é uma das minhas maiores preocupações. Estamos tentando distribuir melhor as pessoas pelas várias áreas do museu”, afirma.

Com a globalização, não é só o número de pessoas que é maior do que no passado, mas também a diversidade de culturas e de países de origem. Os museus estão descobrindo que não lidam mais com um público versado em história e em movimentos artísticos, mas com pessoas que precisam de mais contextualização e informação para processar o que estão vendo.

“Ainda estamos longe de aprender as lições dessa diversificação”, disse Alain Seban, que dirigiu o Pompidou Centre em Paris nos últimos oito anos.

Estrangeiros compõem 70% dos visitantes do Louvre e 80% dos de Versailles, com o contingente de chineses crescendo especialmente. “Isso impõe uma outra forma de recebê-los e de tentar entender o que eles vieram ver”, diz a presidente do Chateau de Versailles, Catherine Pegard.

Geralmente em grupos ou famílias, os turistas de países distantes tendem a priorizar as obras de arte mais famosas de cada museu: a Mona Lisa e a Venus de Milo no Louvre, por exemplo.

Pesquisas mostram que muitas pessoas vão a apenas um museu por ano e que sua idade caiu significativamente. No Musee d’Orsay, 30% dos visitantes têm menos de 26 anos, e no Louvre metade têm menos de 30.

“Você tem que trabalhar com a ideia de que essas pessoas não sabem nada”, diz Martinez, do Louvre. Referências que podem soar óbvias precisam ser explicadas, com múltiplas traduções.

Vários museus estão também recorrendo ao mundo digital para ajudar a mostrar suas coleções e dar aos visitantes informações em seus smartphones ou tablets antes de entrar nas galerias.

No Centre Pompidou, em breve será lançado um aplicativo que oferecerá uma visita guiada personalizada, baseada nos interesses do visitante revelados em um quiz e no futuro, provavelmente as visitas serão ainda mais personalizadas, com os museus usando táticas e tecnologias de grandes lojas. A internet também está abrigando um modelo virtual de museus que é tão popular quanto o espaço real.

“É paradoxal apresentar o número de visitantes como um problema”, diz Martinez. “A missão de um museu, no fim das contas, é dar a chance ao maior número possível de pessoas de ver suas coleções.”

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