segunda-feira, 16 de março de 2015

Galvão Bueno - saudades quase possíveis
































Desde pequenino sempre gostei de assistir as corridas de Fórmula 1 pela televisão - mesmo quando transmitidas pela Tupi em 1974 e pela Bandeirantes em 1980, esta última teve como narrador um certo Galvão, acredite quem quiser – hábito que devo ao Aroldo, meu irmão mais velho, precocemente falecido em 1985.

Ele sempre me levava ao Maqui Mundi, um antigo kartódromo na Barra da Tijuca, onde também iam outros amigos dele como o Pedro (pai de uma atriz famosa), o Paulinho (hoje um bem sucedido construtor de barcos) e o Tonka (amigo do colégio Brasileiro de Almeida, que ficava na Lagoa onde funciona hoje uma unidade da UniverCidade) e todos eles conseguiam dar voltas nos karts, enquanto que eu, com bem menos de dez anos nesse tempo, só olhava.

O tempo passou e passei a curtir uma outra onda: os campeonatos cariocas de moto-cross, em uma barrenta pista construída bem ao lado do mesmo Maqui Mundi, onde era levado pelo Rafael, meu antigo cunhado.

Minha paixão por este esporte levou o Rafael a me dar em 1978, quando tinha apenas treze anos, uma raridade: um raro exemplar das seis Husqvarna WR 250cc existentes no Brasil – que eram iguais a motocicleta que ganhara, em 1976, o Rally Paris-Dakar.

Um pouco mais velho – no equivalente hoje ao 8º ano do ensino médio – um amigo mais ousado, o João, começou a correr no Autódromo de Jacarepaguá, em uma categoria que se chamava nesta época, 1980, de Força-Livre.

Éramos vizinhos e íamos para o Andrews, colégio no qual estudávamos, de Dodge Charger e lembro bem de um azul, de um amarelo e de outro branco e que neles não existiam bancos, a não ser o do motorista: o carona sentava em um caixote de madeira ou no assoalho do carro que aliás, era muito quente já que os escapamentos eram abertos.

Resumindo, adoro corridas mas vamos a um pano rápido, mudando o foco para a grande paixão nacional: o futebol.

Meus amigos, mesmo os mais chegados sempre estranham quando eu afirmo que torço, em proporções iguais, para o Flamengo e para o Botafogo – não necessariamente nesta ordem – e sempre me pedem para explicar como isso aconteceu.

Então vamos lá: o Aroldo, meu irmão lá de cima – do texto e do céu – era Flamenguista doente, daqueles que sabiam a escalação de todos os times, de todos os campeonatos e a ponto de ficar amigo de um atacante argentino chamado Doval, que chegou ao clube em 1969, saírem de noite juntos e tomar café da manhã em um bar da Rua Dias da Rocha – onde morávamos – quase todos os dias.

Esse tipo de farra fez com que ele deixasse o clube em 1971 mas, voltando ao Aroldo, o ponto era simples: eu detestava futebol e ele me forçava a ser Flamengo, senão me dava uns cascudos.

De outra parte, meu primo Ricardo, descendente de uma linhagem de botafoguenses ilustres, e que morava com minha avó Marta (seus pais moravam em SP) a que eu sempre ia visitar em seu apartamento na Praia do Flamengo.

Muitas vezes chegava lá e o Ricardo, antigamente bem maior do que eu, estava jogando futebol de botões com outros primos como o Marquito ou mesmo com seu pai, que vinha visitá-lo e quando perguntavam meu time e eu respondia Flamengo, era uma chuva de cascudos.

Então com o passar do tempo e dos cascudos do Aroldo e os do Ricardo, fui aprendendo a gostar dos dois times e, hoje em dia morando na França, olho para traz e vejo quanta coisa bacana pude acompanhar e viver e sinto saudades até do Galvão Bueno.

Calma, vou explicar: como vocês sabem, o Campeonato de Fórmula 1 começou ontem e, como eu adoro, fui assistir na televisão. Mais precisamente na TF1 – nome apropriado para uma emissora que transmite a F1.

Lá estava eu diante de minha TV ligada, escutando atentamente aos comentaristas, com a largada, minha preocupação virou um verdadeiro desespero que vocês não vão acreditar: há intervalos comerciais durante a transmissão, a cada dez ou quinze minutos.

Definitivamente, quero o Galvão de volta na minha vida, ainda não sei bem como, mas quero.

Em tempo: e se um dos Felipe ganhasse? Como iria escutar o “Tema da Vitória”?

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