sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Região do Champagne antecipa colheita e prevê safra excelente


O château d’Étoges em Champagne é uma opção de hospedagem para quem quer aproveitar a temporada de safra
Foto: Vivian Oswald / O Globo
O Château d’Étoges em Champagne é uma opção de hospedagem para
quem quer aproveitar a temporada de safra. Foto de Vivian Oswald / O Globo.
O Caderno Boa Viagem do jornal O Globo, publicou em sua edição online neste último dia 10 uma excelente reportagem de Vivian Oswald sobre a região do Champagne, que antecipa sua colheita e se prepara para safra promissora. A seguir reproduzo a peça e recomendo sua leitura:

"REIMS - Este ano, as férias de verão dos produtores de Champagne foram encurtadas. Mas por uma boa causa. A região enfrenta a colheita antecipada das uvas nesta primeira quinzena de setembro. A nova safra promete ser uma das maiores e melhores dos últimos tempos. O inverno ameno e o verão sem excessos beneficiaram a saúde das parreiras carregadas.

Para o turista, isso significa que o movimento anda intenso nesta época do ano, quando a região costuma ficar vazia e quase tristonha, apesar da exuberância das parreiras que tornam os vinhedos ainda mais fotogênicos. Certamente haverá muito mais produtores disponíveis do que de hábito para atender os visitantes que batem de porta em porta atrás de uma boa conversa e das grandes descobertas nas pequenas caves.

O trabalho nas vinhas deve atrair cerca de 120 mil pessoas de outras regiões da França — e até mesmo de outros países — para reforçar os braços que serão usados na colheita artesanal. É isso o que determinam a tradição e as normas da denominação de origem. Nada de máquinas para extrair as uvas dos pés. Esta será a segunda colheita em Champagne em menos de um ano. A de 2013 foi tardia e aconteceu no dia 4 de outubro.

Supersticiosos, os produtores evitam comemorar os bons frutos antes da hora, até porque as intempéries não têm dia nem hora marcada, mas não disfarçam a satisfação com os prognósticos otimistas.

Pode ser que os produtores tenham mais um grande motivo para comemorar este ano. Champagne apresenta como candidatos a patrimônio mundial da Unesco parte de seus vinhedos, as encostas vitivinícolas mais antigas da região, entre Cumières e Mareuil-sur-Aÿ, e construções erguidas pelas caves sobre a colina Saint-Nicaise, em Reims, e na Avenue de Champagne, em Épernay, onde estão instaladas há tanto tempo as grandes casas.

Em Festigny, a casa Gérard Loriot se prepara para um ano atípico.
— Posso dizer que as uvas estão muito saudáveis até agora. Será uma conjunção perfeita de qualidade e quantidade — disse a proprietária Maryse Loriot.

Os Loriot este ano também decidiram ousar: estão prestes a colocar no mercado o seu primeiro millésime, feito a partir da colheita de 2011. A novidade foi ideia do filho Lorent, que há cinco anos, depois de sair da escola de viticultores, voltou para casa para trabalhar com os pais na produção que remonta a quatro gerações da família.

Não faltam opções entre as pequenas caves de Champagne. Elas são as preferidas de belgas e ingleses, que se dispõem a dirigir por algumas horas até a região para buscar diretamente na fonte as borbulhas que pretendem consumir em ocasiões especiais. Os próprios distribuidores entenderam a tendência e vêm tentando incrementar a oferta de rótulos nestes países.

A procura se explica pelo desejo do consumidor de descobrir nomes que associem bons preços a qualidade superior. Salvo algumas exceções, não é algo que se repita no Brasil, embora o consumo de champagne venha crescendo no país.

A dica para quem pretende fazer o trajeto dos pequenos produtores de carro é sempre montar um roteiro racional com antecedência e ligar antes para confirmar os horários para visitas. Entre muitas opções há Rufin & Fils, em Étoges, onde o Château D’Etoges, é uma opção de hospedagem, e Denis Marx, em Cerseuil. De Paris, a viagem até a região de Champagne dura pouco mais de uma hora de carro. De Bruxelas, são duas horas e meia. O TGV também é uma boa opção a partir da capital francesa.

No coração do vale do rio Marne, a cave Denis Marx, em Cerseuil, é uma boa pedida para incluir na lista das descobertas. A cuvée spéciale Nicolas Marx, 100% composta por chardonnay, é uma das novidades mais recentes da família Marx, que produz champagne há três gerações.

No vilarejo de Troissy, também no Marne, a casa Hervé Mathelin, é outra que está há três gerações no ramo. A sala de degustação foi redecorada (com certos exageros modernosos) para receber os clientes com mais conforto individualmente ou em grupo. O champagne rosé — feito em três chardonnay, pinot noir e pinot meunier — merece atenção. Mas os proprietários só recebem com visitas marcadas.

Como os negócios são feitos em família, as rotinas se adaptam ao ritmo das casas e no trabalho nas vinhas. Em geral, eles não recebem no horário do almoço, nem aos domingos. Há quem só atenda com hora marcada nos sábados. Evite escolher mais de três visitas no mesmo dia. Mais do que isso não dá para aproveitar a conversa com os produtores, se perder na Rota Turística do Champagne.

Tampouco sobra tempo para almoçar com calma em um dos ótimos restaurantes da região. As opções vão desde o estrelado Les Crayères, em Reims, aos mais simples Le Lys du Roy e Cheval Blanc.

As visitas às grandes caves em Épernay e Reims são sempre interessantes, mesmo para os entendidos.
Diz-se que elas fazem do subsolo destas cidades um verdadeiro queijo suíço. Podem ser pré-agendadas e várias têm tradução em outros idiomas além do francês.

RÓTULOS ATÉ € 15
Não é preciso estar em guias para ser um bom champagne. Há casas que optam por não mandar amostras dos seus produtos para a seleção dos guias em um determinado ano para não ficarem desabastecidas e não ter como atender os pedidos dos clientes cativos. Embora alguns minimizem a importância das menções, todos reconhecem que elas têm, sim, efeito sobre as encomendas. Esta é mais uma razão para se explorar as caves e experimentar os seus diversos tipos de champagne sem preconceito. Há ótimas opções por até € 15 euros.

O champagne Gérard Loriot não apresentou para o Guia Hachette o seu rosé este ano. O mesmo aconteceu no ano passado com o o champagne Huot Fils. Este ano, eles ganharam uma estrela no Brut Zero, sem adição de açúcar. Este é um tipo de champagne que entrou na moda em alguns bares e restaurantes da Europa. Faz sucesso entre os que querem manter a linha. Mas o extra brut ou brut zero também são calóricos. Menos, é verdade, mas engordam.

SERVIÇO

Visitas

Denis Marx, em Cerseuil, telefone 03 26 52 71 96
Gérard Loriot, em Festigny, telefone 03 26 58 35 32
Hervé Mathelin, em Troissy, telefone 03 26 52 74 42
Ruffin & Fils, em Étoges, telefone 03 26 59 30 14
Moët & Chandon, em Épernay, site www.moet.com
Mumm, em Reims, site www.mumm.com
Piper-Heidsieck, em Reims, site www.piper-heidsieck.com
Pommery, em Reims, site www.pommery.com
Taittinger, em Reims, site www.taittinger.com
Veuve-Clicquot Ponsardin, em Reims, site www.veuve-clicquot.com
Champagnes de Vignerons, site www.champagnesdevignerons.com

Onde ficar

Château d'Étoges, diárias a € 138, sire www.chateau-etoges.com
Château de Fères, com diárias a € 150, em Fère-en-Tardenois, site www.ila-chateau.com/fere
Le Cheval Blanc, com diárias de € 35 a € 80, em Montmort Lucy, site www.hotelrestaurantlechevalblanc.com"

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