sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Louis Vuitton e Hermès encerram a guerra das bolsas







Segundo informações do Financial Times, a LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy) abriu mão da batalha pela Hermès, pondo fim a uma amarga guerra de quatro anos entre o Golias do setor de luxo e a rival, uma empresa sob controle familiar.

A trégua, anunciada na quarta-feira, parece ser uma vitória para a família Hermès, que prometeu remover a LVMH de sua estrutura de capital e construiu complexas defesas para manter sua independência.

O acordo oferece a Bernard Arnault, o homem mais rico da França e presidente da LVMH, uma maneira não comprometedora de reduzir a participação acionária de 23,2% que ele construiu na Hermès desde 2010, e de manter um bloco de 8,5% das ações.

O proprietário da Guerlain, Céline, Fendi e Bulgari pode apontar também para o grande lucro propiciado pela controversa participação acionária. A LVMH terminou multada em oito milhões de euros pelas autoridades regulatórias do mercado de ações por seu modo de empregar derivativos para abocanhar 17% da Hermès em outubro de 2010.

A Hermès, comandada por Axel Dumas, a sexta geração de sua família a comandar o grupo famoso por suas bolsas de couro ultrachiques, concordou, em troca, em abandonar todas as disputas judiciais ainda pendentes.

Os dois lados se declararam "deliciados por as relações entre os dois grupos, representantes do savoir-faire francês, terem agora sido restauradas".


ALVMH declarou, quando foi revelada sua formação de uma participação acionária na rival, que ela representava apenas um investimento financeiro. Arnault elogiou a Hermès como uma "companhia magnífica", para a qual ele tinha apenas "boas intenções".

Mas a Hermès via o magnata como predador interessado em dividir os cerca de 70 acionistas familiares que controlam o grupo, e lançou uma campanha feroz contra ele. Patrick Thomas, então presidente-executivo da Hermès, disse que "se você deseja seduzir uma bela mulher, não começa estuprando-a por trás".

Na França, a batalha era vista como confronto entre dois completos opostos no setor de moda, que movimenta 217 bilhões de euros ao ano.

A LVMH ganhou reputação por sua ousadia e ambição, graças à aquisição aparentemente incansável de marcas de luxo.

As malas, bolsas e acessórios repletas de logotipos da Louis Vuitton, de longe a maior geradora de faturamento no portfólio da LVMH, são muitas vezes vistas como o equivalente às joias exageradas dos rappers, no mundo dos acessórios de luxo.

A Hermès se orgulha de suas raízes familiares e de sua abordagem artesanal. Sua capacidade de produção mais baixa elevou seus dois mais famosos modelos, as bolsas Kelly e Birkin, ao status de produtos cult entre as mais ricas consumidoras do planeta.

O acordo verá os investidores da LVMH recebendo uma ação da Hermès para cada 21 ações da LVMH que detenham. Os principais investidores do grupo incluem a Christian Dior, que detém 42% da LVMH, e o grupo Arnault, que detém 5%. A operação deve acontecer antes de 20 de dezembro.

Para a LVMH e seus investidores, o investimento produziu alta de 130% no valor das ações. Pessoas próximas à transação dizem que apesar das perspectivas favoráveis da Hermès para os próximos anos, é improvável que suas ações continuem a subir com o mesmo ímpeto.

As ações da Hermès, empresa sob controle familiar, caíram em 3,4%, ou nove euros, fechando a 2353,75 euros na quarta-feira.

Luca Solca, analista de produtos de luxo no Exane BNP Paribas, disse que "a solução dos conflitos entre as duas partes tem uma consequência direta - uma redução no apelo especulativo da Hermès, que volta agora a ser uma companhia de capital aberto normal".

"Deve-se esperar uma redução no múltiplo - ainda que mais ações de flutuação livre (ou seja, que podem ser negociadas livremente) também possam significar maior interesse da parte dos acionistas, mais adiante".
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