domingo, 19 de maio de 2013

Se Paris é uma festa, imagine seus bares

A repórter Mari Campos, em matéria especial para O Globo, publicou no dia 16/05/13 às 09h00 (e depois atualizou às 14h36) uma excelente matéria sobre bares parisienses, que reproduzo e recomendo a leitura, segue a peça:


Os bares de Paris são uma festa

Modernos e elegantes, novos bares de hotéis se juntam aos clássicos e renovam a tradição boêmia da cidade


Le Bar Long dentro do hotel Le Royal Monceau, é frequentado por Robert de Niro e Sarkozy. Foto: divulgação

PARIS - A proliferação de bares e cafés frequentados por moradores e turistas que flanam pela capital francesa é uma constante desde antes dos tempos de Ernest Hemingway, que até batiza o lendário bar do Ritz, passando por reformas a serem concluídas no final de 2014. Paris sempre foi uma festa! Os próprios bares dos mais tradicionais hotéis parisienses são ponto de encontro importante para a sociedade.

Com o passar dos anos, tais bares de hotéis começaram a reunir não apenas escritores e jornalistas em busca de discussão e inspiração como também políticos, celebridades, jetsetters e, é claro, turistas vindos das mais diferentes partes do mundo.

Esse movimento vem ganhando ainda mais força nos últimos anos. Juntar-se ao balcão de um dos excelentes bares de hotel da cidade é certeza de desfrutar de ambiente agradável, boa música, drinques elaborados com esmero por barmen e sommeliers renomados e, é claro, de ouvir também uma torre de babel de distintos idiomas e sotaques. E, na grande maioria dos casos, tudo isso ainda vem acompanhado de comidinhas gourmet.

Faça o seu drinque. O bar do novo hotel W da cidade já cativa de cara pela forma (comprida e um pouco sinuosa) e pela decoração do designer argentino Diego Gronda, o novo queridinho da hotelaria de luxo internacional. A atmosfera do local vai de tranquila a elétrica ao longo do dia, com ótima trilha sonora contemporânea tipo lounge bar. De intelectuais a turistas fazendo hora para ir à Opéra Garnier, o W Lounge reúne todo tipo de gente. O menu bem-humorado e muito colorido dá nomes curiosos aos drinques e tipos de bebidas — a seção de tequilas, por exemplo, foi batizada de “Vamos amigos”, em espanhol mesmo. Até “batida de pera”, com grafia em português, aparece no cardápio.

Alguns dos coquetéis que foram parar ali são resultado da proposta do-it- yourself, que estimula os clientes a orientarem o barman a criar um drinque personalizado, inédito. Para acompanhar os pratinhos elaborados pelo chef espanhol Sergi Arola, aclamado pelo guia Michelin, vale apostar nos excelentes Winter daiquiri (rum, vermute, limão, lavanda e cravos), Kodo (uísque japonês, limão, Creole) e The Herbalist Grasshopper (menta, creme de cacau e água de eucalipto).

Happy hour animada. O imenso bloco de mármore italiano marrom de nove toneladas bem no centro do Bar 8, no Mandarin Oriental (trabalhado ali mesmo, à mão, antes da inauguração) capta no ato a visão de quem entra. A atmosfera intimista e “escurinha” do local, decorado com muito marrom e preto, paredes de madeira escura pontuadas pelos delicados cristais Lalique e mesas baixinhas cor de bronze com tampo de vidro, é bastante convidativa e reúne o pessoal estiloso que circula diariamente pelos arredores da Rue Saint Honoré. A partir das 18h, durante a happy hour, o bar fica lotado de parisienses saindo do trabalho e turistas tomando um drinque pós-compras, acompanhados, ou “esquentando” antes de sair para jantar. Nos dias bonitos ganha ainda mais espaço com o jardim anexo. Para acompanhar os drinques do menu — como o suave Honey Kingston (rum Appleton, limão, Cointreau e mel produzido pelo próprio hotel), que faz tanto sucesso que até ganhou recentemente uma versão sem álcool, para alegria da criançada — é possível pedir pratos e tapas do Camélia, o ótimo restaurante do hotel comandado pelo chef Thierry Marx.

Catedral do gim. Com pouco mais de um ano de existência, o bar, que fica no térreo do casarão parisiense ocupado pelo hotel Renaissance Le Parc Trocadero a poucas quadras da Torre Eiffel, foi o primeiro gin bar de toda a França — ideia ousada que deu certo numa cidade (e país) de loucos por champanhes e vinhos. Com decoração contemporânea, com muito branco e peças de impacto em verde intenso, o G’Bar tem mais de 30 rótulos diferentes de gim no menu e 25 drinques preparados com a bebida, além de aperitivos, coquetéis clássicos e vinhos. Dentre as opções mais populares entre os adeptos do local estão a clássica Gin Tonic (mas ali servida com uvas verdes amassadas no fundo do copo, criando um sabor refrescante surpreendente) e o Flower Power (gin G’Vine, jasmin, Saint German, xarope de rosas e limão). A música ambiente é discreta, em estilo lounge, compatível com o tamanho diminuto do bar, que ganha espaço nos dias quentes, quando se abre para o belo jardim no interior da propriedade. Nas noites de quinta-feira, a mais cheia, tem jazz fusion ao vivo. Um must have: macarons de gim para acompanhar o drinque.

O drinque do George Clooney. O hotel Le Royal Monceau, perto do Arco do Triunfo, parece ser mesmo o local perfeito, com sua galeria de arte contemporânea própria e o décor sempre surpreendente de Philippe Starck, para hospedar o excelente Bar Long. Em uma tarde qualquer podem estar sentados ali degustando seus drinques, lado a lado, Robert de Niro, Marion Cotillard, Nicolas Sarkozy e turistas anônimos dando uma pausa nas andanças pela cidade, entre as imensas cortinas brancas que descem do teto ao chão e as obras de arte que permeiam o local. O menu é bastante didático e bem dividido entre os clássicos e as criações próprias do hotel — como o delicioso Passion, o drinque à base de champanhe e maracujá que o ator George Clooney e o barman do hotel Cipriani de Veneza criaram para o hotel — e ali é possível tanto pedir tapas e entradinhas ao longo do dia quanto o clássico high tea ou as pâtisseries irretocáveis de Pierre Hermé durante a tarde. O som varia do piano ao vivo à tarde a sessões de DJs na madrugada.

“O bar”. Não foi à toa que o bar do icônico hotel George V foi batizado de “Le bar” pelos próprios ricos e famosos que originalmente o frequentavam. Até hoje, eis um dos mais significativos pontos de encontro da sociedade parisiense. A diferença é que o ambiente clássico mantido pela rede Four Seasons, com direito a garçons de luvas brancas e tudo, virou também ponto de encontro de turistas de todo o mundo, estejam eles hospedados ali ou fazendo uma pausa entre as compras nas badaladas avenidas Champs-Elysées e Montaigne. Apesar do champanhe e do conhaque continuarem jorrando, o novo menu do bar oferece toques modernosos aos coquetéis clássicos que sempre foram servidos no aconchegante lounge de cadeiras de couro à la Bellle Époque, como martinis frutados nas mais diversas composições que acompanham petiscos estilo finger food. As novas criações da equipe de barmen têm nomes quase tão gostosos quanto os próprios drinques: Bye Bye Baby (suco de limão, vodca de framboesa), Road To Heaven (açúcar mascavo, chocolate amargo, Barcardi), Just My Imagination (limão, açúcar, cachaça, baunilha) e Confide In Me (gim, coentro, Saint Germain, dry martini, ginger beer). O exclusivo George Fizz (morangos e framboesas frescos, suco de laranja, suco de goiaba e champanhe) é imperdível.

Chamando pelo nome. Os painéis de madeira escura, veludos e a lareira evidente criam uma atmosfera que remete imediatamente aos anos 1920 e 1930 parisienses e agradam em cheio aos fãs do filme “Meia-noite em Paris”, de Woody Allen, por exemplo — e também aos fashionistas que se encontram com frequência no Bar 30, no Sofitel, ao som de lounge music. O público ligado à moda tem razão de ser: o hotel está no no bairro de Faubourg Saint-Honoré, coração da alta-costura parisiense. Os mojitos — são vários, de distintas frutas e ervas, com destaque especial para o de frutas vermelhas — são os pedidos mais frequentes de seus visitantes e também de clientes assíduos, chamados pelo nome pelos garçons que parecem conhecê-los há décadas. O bar fica anexo ao restaurante homônimo e serve ali, em seu balcão e suas mesas, comidinhas fusion preparadas pelo chef criativo Keigo Kimura para acompanhar as bebidas. No menu, mais de cem rótulos de uísques e outros destilados são oferecidos puros, em coquetéis clássicos ou inovações feitas na hora, a pedido do freguês. A carta de vinhos também é louvável.

Para conhecer gente nova. O Island Bar, do despojado hotel Mama Shelter, um dos responsáveis pela revitalização da área no entorno do cemitério de Père-Lachaise, na Rue de Bagnolet, no 20º arrondissement, é o queridinho dos mais jovens e descolados: sem frescuras, colorido, com paredes e teto grafitados, uma imensa mesa de totó no centro e DJ todas as noites, não seria de se esperar o contrário. O bar tem formato quadrado inclusive no balcão (e é daí que vem seu nome “ilha”) a fim mesmo de facilitar o entrosamento dos clientes — eis aí também um bom lugar para quem viaja sozinho conhecer gente nova. Um enorme terraço amplia seu espaço durante a primavera e nos meses de verão (e faz a alegria dos franceses e turistas que fumam). A trilha sonora vai de rap a R&B e os fins de semana têm performances de artistas internacionais. O coquetel por excelência da casa é o Mama loves you (vodca, licor de pêssego, suco de cranberry) mas o Gin Bramble, com frutas vermelhas, também já virou um clássico da vez.

Filme de época. Esse bar conquista por sua localização pouco usual: está no coração de Montmartre, bem entre a Avenue Junot e a Rue Lepic, e já valeria a visita também pela atmosfera peculiar. A decoração do The Bar, no Hôtel Particulier, é tão original quanto à do hotel, uma mansão do século XIX repleta de boudoirs, com iluminação baixa e salões que parecem saídos de um filme de época — ou um clipe de Dita von Teese. A trilha sonora é estilo lounge-sexy e cortinas de veludo, cadeiras em plush, sofás bordô e luminárias de todo tipo se espalham por três andares avermelhados — mas o clima é aconchegante e você simplesmente não se dá conta do tamanho do local. O barman, o nova-iorquino David, é craque nos drinques convencionais e se arrisca em seu Cointreau Prive (vodca, Cointreau, ginger beer), além de eventualmente criar uma ou outra mistura a pedido do cliente.

SERVIÇO:

W Lounge, do Hotel W
Diárias a partir de € 259.
4, Rue Meyerbeer
2ème arrondissement
Telefone: 01 77 48 94 94
www.wparisopera.com

Bar 8, do Hôtel Mandarin Oriental
Diárias a partir de € 875.
251, Rue Saint-Honoré
1er arrondissement
Telefone: 01 70 98 78 88
www.mandarinoriental.com

G’Bar, do Hôtel Renaissance
Diárias a partir de € 419.
55-57, Avenue Raymond Poincare
16ème arrondissment
Telefone: 01 44 05 66 66
www.marriott.com

Bar Long, do Hôtel Le Royal Monceau
Diárias a partir de € 750.
37, Avenue Hoche
8ème arrondissment
Telefone: 01 42 99 88 00
www.leroyalmonceau.com

Le Bar, do Hôtel George V
Diárias a partir de € 865.
31 Avenue George V
8ème arrondissment
Telefone: 01 49 52 70 00
www.fourseasons.com

Bar 30, do Hôtel Sofitel Le Faubourg
Diárias a partir de € 380.
15, Rue Boissy d’Anglas
8ème arrondissment
Telefone: 01 44 94 14 14
www.sofitel.com

Island Bar, do Hôtel Mama Shelter
Diárias a partir de € 89.
109, Rue de Bagnolet
20ème arrondissment
Telefone: 01 43 48 48 48
www.mamashelter.com

The Bar, do Hôtel Particulier
Diárias a partir de € 390.
23, Avenue Junot, Pavillon D
20ème arrondissment
Telefone: 01 53 41 8140
www.hotel-particulier-montmartre.com
 

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