Ontem pela manhã o ator Gérard Depardieu declarou sua renúncia à cidadania francesa, entregando às autoridades seu passaporte sua "carte vitale", o que equivale ao comprovante de contribuição e de direitos à seguridade social.
O auto-exílio de Depardieu, que se mudou para Néchin, na Bélgica, é o mais novo revés do Presidente francês, François Hollande, hoje o mais impopular chefe de governo de toda a Quinta República, iniciada em 1958.
O ponto de partida desta batalha entre acionistas de grandes grupos, executivos de primeira linha, artistas e esportistas de diversos segmentos foi a imposição de uma taxa de 75% sobre rendimentos superiores a € 1 milhão/ano que vigorará por dois anos, dentro do quadro do aumento de impostos sobre as grandes fortunas, adotado por Hollande.
A atitude de Depardieu - apenas mais uma entre muitas outras semelhantes - reabriu a controvérsia sobre o atual sistema de tributação francês a constante evasão de ricos para países dotados de uma legislação mais suave.
No governo as reações foram duas, o Primeiro-Ministro Jean-Marc Ayrault qualificou a decisão do ator de “deplorável” e Ministra da Cultura, Aurélie Filippetti, se disse “escandalizada” com a decisão do ator de renunciar ao seu passaporte francês: "A nacionalidade francesa é uma honra, são direitos e deveres também, entre os quais o fato de poder pagar impostos",
Foram imediatamente rebatidos pelo ator através de uma carta aberta: “Eu, infelizmente, não tenho mais nada a fazer aqui. Parto porque vocês consideram que o sucesso, a criação, o talento, na verdade, a diferença, devem ser punidos. Devolvo meu passaporte e meu Seguro Social, do qual nunca me servi. Não temos mais a mesma pátria, sou um verdadeiro europeu, um cidadão do mundo, como meu pai me inculcou.”
De certo é que Depardieu não será o último a partir.
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