quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Fãs do Chelsea impedem homem negro de embarcar no metrô de Paris



Um homem negro foi impedido de embarcar no metrô de Paris por torcedores do Chelsea, que cantavam "somos racistas". O incidente, filmado na noite de ontem (17) antes de uma partida da Liga dos Campeões, causou indignação geral e será investigado pela justiça francesa.

O vídeo, publicado no site do jornal inglês The Guardian, foi gravado por Paulo Nolan, cidadão britânico que mora na capital francesa, na noite de terça-feira, 16h30 no horário de Brasília, quando torcedores do clube londrino estavam se dirigindo ao estádio Parque dos Príncipes para assistir ao jogo contra o Paris Saint-Germain.

Nas imagens, é possível ver um grupo de torcedores dos Blues empurrando com força duas vezes um homem negro que tentava subir no vagão de metrô, aos gritos de "somos racistas, somos racistas e gostamos disso."

Poucas horas depois da divulgação do vídeo, o ministério público de Paris abriu uma investigação por "violências intencional por motivos raciais num meio de transporte coletivo", informou uma fonte judicial.

Na Inglaterra, a Scotland Yard ofereceu sua colaboração às autoridades francesas e declarou que pretendia "analisar o vídeo" para avaliar "se teria condições de proibir estas pessoas de acessar a estádios ou se deslocar para jogos fora do país no futuro."

Nas imagens do vídeo, os rostos dos torcedores são claramente identificáveis.

"Não há lugar para o racismo"
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, condenou na sua conta do Twitter "as ações de um pequeno grupo de torcedores do Chelsea", e ressaltou que "não há lugar para o racismo no futebol."

Ele aproveitou para condenar também declarações polêmicas do ex-técnico Arrigo Sacchi, que causou escândalo na terça-feira ao declarar que "há negros demais nas categorias de base" nos clubes do seu país. "Fiquei chocado com os comentários de Arrigo Sacchi", publicou Blatter.

Outro caso de racismo também foi observado recentemente no metrô de Londres, quando uma mulher foi flagrada num vídeo discutindo um homem negro e gritando "você tem um problema porque vocês costumavam ser escravos."

Diante de mais um caso envolvendo cidadãos do seu país, o premiê britânico, David Cameron, considerou as imagens do metrô de Paris "extremamente perturbadoras e preocupantes."

"É claramente um crime potencial e tenho certeza que a polícia francesa vai levar isso muito à sério. Sei que a polícia britânica vai fornecer toda a ajuda possível. São fatos muito, muito graves", lamentou Cameron, em entrevista à rádio londrina LBC.

A classe política francesa também expressou sua indignação. O Partido Socialista, legenda do presidente François Hollande, "condenou" o acidente, e lançou um apelo para que as autoridades do futebol lutem contra o racismo e o antissemitismo, além de elogiar a "rápida reação do ministério público."

Nathalie Kosciusko-Morizet, vice-presidente do partido de direita UMP, de oposição, condenou no Twitter o "comportamento intolerável de torcedores do Chelsea no metrô: racismo e segregação."

"Comportamento vergonhoso"
A ONG SOS racisme considerou o incidente "preocupante" e voltou a pedir a criação de uma "comissão europeia independente de disciplina."

O próprio Chelsea condenou o "comportamento vergonhoso" de parte dos seus torcedores.

O clube londrino, que tem vários jogadores negros no seu elenco, inclusive os brasileiros Willian e Ramires, afirmou que iria "tomar medidas fortes e proibir o acesso ao estádio" caso pessoas envolvidas sejam membros do programa de sócio-torcedor do clube.

Já o presidente do PSG, o catariano Nasser Al-Khelafi "condenou com firmeza este ato intolerável."

A UEFA, que organiza a Liga dos Campeões, também mostrou-se indignada, mas ressaltou que os incidentes não eram da sua responsabilidade por terem acontecido longe do estádio.

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