quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Paris segundo Ignácio de Loyola Brandão


Em matéria publicada ontem (11) em O Globo, o jornalista Fernando Eichenberg apresenta a Paris do escritor Ignácio de Loyola Brandão, hoje com 76 anos e que aqui esteve pela primeira vez em 1963, quando tinha apenas 27 anos.

Segundo o escritor, sua geração estudou tudo sobre a França e que durante sua juventude havia os filmes e um lugar-comum que os encantava: em Paris você pode beijar a mulher na boca na rua. “Era a cidade libertária” conta.

Segue a entrevista que, como sempre, cita lugares que também já postamos:

“Uma lembrança?
Manhã límpida e gelada, eu descendo na estação de metrô Alésia, em busca da casa onde tinha morado Henry Miller, a Villa Seurat, número 18. Encontrei, e fiquei uma hora diante dela imaginando que ali tinha sido escrito “Trópico de Câncer”.

Uma paisagem ?
Ainda conservo e busco a visão que tive da cidade a partir do alto da igreja de Sacré Coeur, em Montmartre. Eu vinha imbuído de todo o ideal romântico e de minha paixão pela cidade. Volto lá, os clichês me alimentam de tempos em tempos.

Um passeio?
Andar a pé debaixo do metrô Passy, revendo os lugares onde Marlon Brando e Maria Schneider se encontraram em “O último tango em Paris”. Caminhar a pé vindo pelo Louvre, Tuilleries, Champs-Elysées, repetindo o que fiz na primeira vez que cheguei na cidade e meus pés sangraram de tanto andar.

Seus programas?
A missa das 10h aos domingos em Notre-Dame, com os cantos gregorianos. Os concertos de domingo à tarde na igrejinha de Saint-Julien-Le-Pauvre, uma das mais antigas da cidade. Hospedar-me no Hotel Esmeralda, velho, sem elevador, mas com charme, todos os descolados vão ali. Ir à Cité de la Musique para ouvir os instrumentos mais inusitados de todas as épocas.

Um desejo?
Comer no Grand Véfour. Conhecer os cômodos fechados de Versailles. Visitar a casa onde morou Anaïs Nin, em Louveciennes, 2 bis Rue de Montbuisson, anexa à casa que foi de Madame du Barry.

Um bistrô, restaurante?
Le Petit Pontoise e o Balzar. Au Petit Riche, com sua decoração de 1880 e comida mais do que honesta.

Um prato?
O risoto de lagosta do Balzar.

Um vinho?
O Savigny-les-Beaune, 1er Cru, Bourgogne, que tomei recentemente no Chez René. Tem em São Paulo, mas fora do meu alcance no dia a dia.

Um museu?
Maison de Balzac, rua Raynouard 47, metrô Passy. Aqui Balzac escreveu “A comédia humana”. Quando adolescente, meu pai comprou toda a coleção editada pela Globo e encadernou. Herdei os livros, e minha filha de 28 anos leu todos.

Um escritor, um livro?
Stendhal, “O vermelho e o negro”.

Um pensador francês?
Albert Camus.

Paris de manhã, à tarde ou à noite?
De manhã, quando a cidade acorda e é autêntica, o comércio abre, as pessoas vão ao trabalho. O cotidiano prosaico.

Uma frase?
“Dubo, dubon, Dubonnet” (slogan de um vermute francês).”

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