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sábado, 21 de fevereiro de 2015
Vítima de racismo de torcedores do Chelsea no metrô de Paris diz que se sentiu "perdido"
Souleymane, vítima do incidente racista protagonizado por torcedores do Chelsea no metrô de Paris, disse ontem (20) em entrevista à AFP que estava "orgulhoso" da repercussão do caso e esperava uma "conscientização" da sociedade.
"Muitas pessoas de cor enfrentam este tipo de incidentes. Isso precisa parar", sentenciou o franco-mauritano de 33 anos, que não quer divulgar o sobrenome para evitar expor sua família.
O incidente foi flagrado em um vídeo gravado na última terça-feira, poucas horas antes da partida do Chelsea contra o Paris Saint-Germain, pelas oitavas de final da Liga dos Campeões.
Nas imagens, divulgadas no site do jornal "The Guardian", é possível ver um grupo de torcedores dos "Blues" empurrando com força duas vezes um homem negro que tentava subir no vagão de metrô, aos gritos de "Somos racistas, somos racistas e gostamos disso".
A vítima já prestou queixa numa delegacia da capital francesa, e o ministério público de Paris abriu uma investigação, recebendo logo em seguida o apoio de Scotland Yard.
"Espero que um caso como esse ajude a sensibilizar as pessoas, para que haja uma verdadeira conscientização", afirmou Souleymane.
'Perdido'
"Quando fui empurrado para fora do metrô, me senti perdido, estava totalmente perdido. Entendi na hora que tratava-se de um ato racista, mas o que poderia fazer?", lamentou.
"Hoje, ainda estou com raiva. Já fui vítima de várias ofensas racistas nos últimos anos, mas, felizmente, desta vez, alguém filmou a cena", lembrou o pai de família, que tem três filhos e mora no Val D'Oise, distrito do subúrbio de Paris.
"Se o vídeo não tivesse sido divulgado, eu teria que engolir minha raiva, como sempre. Agora, quero que justiça seja feita", completou.
"Queremos que o caso seja julgado na França. Precisa virar um exemplo, para que as pessoas comecem a refletir sobre suas atitudes e o impacto de suas declarações", pediu Jim Michel-Gabriel, advogado da vítima.
O Chelsea já identificou cinco suspeitos de ter participado do ato racista. Eles foram proibidos de entrar no estádio Stamford Bridge por tempo indeterminado, e correm risco de serem banidos para sempre.
O incidente gerou inúmeras reações de repúdio no mundo do futebol e da política, sendo condenado, entre outros, pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter, ou o premiê britânico, James Cameron.
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