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sábado, 14 de fevereiro de 2015
Philharmonie de Paris abre suas portas três décadas após sua concepção
O jornalista correspondente Fernando Eichenberg, de O Globo, publicou hoje uma excelente matéria no Globo Online sobre a nova Philharmonie de Paris, cujo espaço projetado por Jean Nouvel e que conta com uma sala de concertos que comporta 17 configurações acústicas. Segue a matéria:
"O projeto de criação de um importante complexo musical no Parc de La Villette, no norte da capital francesa, se tornou realidade mais de três décadas após sua concepção. Recentemente inaugurada, a Philharmonie de Paris surgiu com a pretensão do status de uma sala revolucionária para concertos e atividades paralelas. Desenhado pelo celebrado arquiteto Jean Nouvel e dotado de uma refinada acústica assinada pela prestigiada grife neozelandesa Harshall Day Acoustics, o espaço nasce com a ambição de se ilustrar tanto pela forma como pelo conteúdo.
A ideia germinada em 1981 para figurar entre as grandes realizações do governo François Mitterrand, inspirada pelo compositor Pierre Boulez, se concretizou neste início de 2015 após anos de oscilações entre o andante e o allegro ma non troppo. Com um orçamento inicial de cerca de € 170 milhões, a Philharmonie custou € 386 milhões aos cofres públicos. O concerto de abertura acabou ocorrendo uma semana após os atentados terroristas que abalaram a França, em janeiro, em cerimônia que contou com a presença do presidente François Hollande, mas marcada pela ausência anunciada de Nouvel, insatisfeito com a “precipitada” inauguração da sala que julgava inacabada.
Para o presidente da Philhamornie, Laurent Bayle, nada disso desafina a grandeza da obra, pensada como um espaço conectado à Cité de La Musique (renomeada Philharmonie 2), projeto de Christian de Portzamparc, com a proposta de “colocar o momento mágico do concerto no centro de muitas outras formas de apropriação musical”.
Na parte externa, 340 mil pássaros de alumínio cobrem as sinuosas formas arquitetônicas do prédio. O público poderá de uma certa maneira sobrevoar o entorno, graças à vista panorâmica disponível do topo da torre de 37 metros. Os espectadores motorizados têm a possibilidade de usar o estacionamento de 850 vagas, com acesso à bilheteria por meio de elevadores. No interior, a sala principal, vedete do projeto, é constituída de 2.400 lugares, com o palco ao centro. O espectador mais afastado da orquestra está localizado a uma distância de 32 metros, inferior à média entre 40 e 50 metros em outras salas do gênero.
— Há um efeito muito forte de intimidade musical e uma sensação de fluidez que faz da Philharmonie uma sala excepcional — garante Laurent Bayle. — Temos ao mesmo tempo o volume indispensável para as grandes orquestras e também, graças ao trabalho de Nouvel e do especialista em acústica Harold Marshall, a proximidade do espectador com o palco.
RENOVAÇÃO DE PÚBLICO
O projeto acústico, que contou também com a participação do renomado japonês Yasuhisa Toyota, levou três anos para ser afinado, e foi testado por meio da experimentação informatizada e da construção de uma minuciosa maquete. Em suas possibilidades de modelização de blocos e painéis flutuantes, a sala comporta 17 configurações acústicas.
Na mira da Philharmonie está o rejuvenescimento do público de música clássica, cuja metade ultrapassa os 61 anos de idade, segundo os resultados de uma pesquisa feita entre 2012 e 2014.
— O público não se renova em termos de gerações, é uma constatação feita também em outros países, e essa foi a nossa prioridade. Ofereceremos propostas pedagógicas, traduzidas na forma de cursos de história da música, por exemplo, mas poderá ser tanto na abordagem do clássico, do jazz, do rock... — explica o presidente da sala.
O complexo conta ainda com 17 espaços para ensaios, dez camarins, um estúdio de gravação, um espaço para exposições, um polo educativo de 2 mil m², um auditório para conferências de 200 lugares e dois restaurantes (um café no térreo e outro, mais completo, na área panorâmica). A programação seguirá uma “coluna vertebral histórica”, segundo ele, do fim da Idade Média à jovem criação contemporânea, mesclando com festivais de jazz, de música pop e world music. Nos fins de semana, haverá concertos matinais, vespertinos e noturnos, com a possibilidade de os pais deixarem as crianças em ateliês coletivos.
A Orquestra de Paris, dirigida por Paavo Järvi, e o Ensemble Intercontemporain, de Matthias Pintscher, serão os dois principais residentes da Philharmonie, que terá como hóspedes secundários Les Arts Florissants, a Orquestra de Câmara de Paris e a Orquestra Nacional da Île-de-France. Em janeiro, se apresentaram nomes como Hélène Grimaud, Lang Lang, Daniel Barenboïm e Gustavo Dudamel. Ao longo do semestre, estão previstas atrações como Tindersticks, Berliner Philharmoniker, London Symphony Orchestra, Philippe Découflé e Brad Mehldau.
— Teremos também exposições temporárias. Vamos abrir em março a grande mostra sobre David Bowie. No segundo semestre, haverá uma exposição sobre o pintor Marc Chagall (1887-1985) e sua relação com a música. Nosso espírito é o de maior abertura possível, tanto no meio profissional como no público amador — diz Bayle."
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