Segundo informações do jornalista Fernando Eichenberg, correspondente do jornal O Globo na França,
Chico Buarque comemorará seu aniversário de 70 anos em Paris com uma ceia em ‘petit comité'. Segue o texto:
"Os 70 anos de Chico Buarque serão comemorados em um jantar num restaurante de Paris com familiares que viajarão do Brasil nesta semana para partilhar o momento especial com o aniversariante. Festejar a data nunca foi sua predileção, mas a coincidência de sua presença em Paris e de integrantes da família estarem em férias promoveu a ocasião para uma ceia privada em petit comité.
Apesar de seu período de autoexílio em Roma, entre 1969 e 70, foi a capital francesa que o compositor e escritor acabou elegendo como refúgio europeu para suas criações musicais e literárias. Chico aprecia passar temporadas em Paris em seu apartamento na ilha de Saint-Louis para, como costuma sublinhar, “produzir”. Normalmente, permanece cerca de 20 dias a cada vez, uma na primavera e outra no outono. Quando está escrevendo um livro, como é o caso, os períodos podem se estender a até dois meses por vez. Seu próximo romance já nasceu com título, mas ainda falta costurar o final. Chico começou a escrever a história em setembro de 2012, e pretende entregar os originais para a sua editora, a Companhia das Letras, em setembro próximo, para publicação ainda neste ano. O tema ele mantém em segredo, sabe-se que para desenvolver a trama foram exigidas algumas viagens a Berlim.
Sua rotina parisiense é bastante metódica. Chico desperta no fim da manhã, lê e escreve até o meio da tarde, quando sai para uma caminhada diária de uma hora, almoça em algum café pelas redondezas, e retorna para o seu tour de force para finalizar o livro, até cerca de 2h da manhã.
Peladas em Paris
Atleta-fundador do Politheama, não abdica de uma pelada eventual na capital francesa, atualmente disputada nos arredores de Porte de La Chapelle. Os jogos do Brasil na Copa do Mundo, obviamente, não vai perder nenhum. À estreia da seleção ele assistiu no telão da casa do amigo e fotógrafo Sebastião Salgado, em meio a interjeições angustiadas e gritos de vibração. Desapontado com o desempenho de alguns jogadores na partida inaugural, ele acredita que a equipe nacional ainda depende em demasia do talento e da boa estrela do camisa 10 Neymar.
Sebastião Salgado conheceu Chico pessoalmente nos anos 1990, quando o compositor gravou o CD “Terra” para o lançamento do livro homônimo do fotógrafo. Com 70 anos recém-feitos, Salgado diz que não tem conselhos para dar ao amigo:
— Na verdade, não muda nada. Por vezes fico surpreso de ver esse número. Quando era jovem e via pessoas de 70 anos, achava velho, mas eu hoje ainda tenho tantos projetos. E vejo o Chico também com tanta coisa na cabeça, com agilidade, jogando futebol. Por enquanto, para mim, não vejo muita diferença, e acho que o Chico também não — diz.
O fotógrafo acha “difícil” definir Chico como artista:
— Só o vi cantando uma vez, num show há muitos anos aqui em Paris. Ele é de uma qualidade ética e humana imensa. Vejo a amizade que ele tem pelo meu filho Rodrigo, o Digo, que tem síndrome de Down. Eles se adoram. É uma pessoa doce e agradável. Tenho um grande respeito pelo artista, mas sempre o conheci como um dos meus amigos, vendo futebol juntos, indo ao restaurante, batendo papo.
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