"Rive Gauche" passa o dia-a-dia de Paris e da França, com estilo leve, distraindo e levando o leitor à um passeio pela Cidade Luz e seus arredores. Nasceu como uma coluna dominical publicada no Jornal do Brasil e depois migrou para dois sites com atualizações semanais, o www.investimentosenoticias.com.br e o www.annaramalho.com.br e, além disso, conta com atualizações neste blog e no Facebook.
terça-feira, 24 de março de 2015
Lições aprendidas pelo Brasil no Salão do Livro de Paris
Segundo o repórter Bolívar Torres, enviado especial do jornal o Globo, o encerramento do 35º Salão do Livro de Paris, ontem (23), marcou o fechamento de um ciclo para o Brasil. Nos últimos dois anos, o país foi homenageado em três das quatro principais feiras do mundo — Frankfurt, em 2013, Bolonha, em 2014, e agora Paris. Para o diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB) do Ministério da Cultura, Jéferson Assumção, a meta agora é continuar investindo nesses eventos de forma permanente, seguindo algumas lições aprendidas nos quatro dias da feira.
— O Brasil passou por um período de homenagens, com visibilidade grande — diz Assumção. — Ao mesmo tempo, fomos aprendendo a melhor maneira de participar. Agora a ideia é ter delegações mais enxutas e visão mais estratégica de curadoria. Em Paris foi muito importante selecionar somente autores já traduzidos para a língua do país. Eles têm algo para mostrar ao público e acabam puxando a venda de outros.
LINS E HATOUM VENDERAM BEM
Nos quatro dias de evento, o Brasil recebeu forte atenção da mídia francesa, com reportagens sobre seus autores nos principais veículos do país. Na sexta, o escritor Paulo Lins declarou ao GLOBO que a presença dos autores em debates em nada influenciava a venda dos livros. Mas os números divulgados pela Fnac, responsável por comercializar títulos no estande brasileiro, provam o contrário. Autores convidados foram o carro-chefe das cerca de oito mil obras vendidas no espaço. Por ironia, o escritor mais vendido — depois de Machado de Assis — foi o próprio Lins, seguido por Milton Hatoum. Apesar da promessa, Paulo Coelho acabou não aparecendo.
Entre os visitantes do salão, calcula-se que 60 mil circularam pelo pavilhão nacional. Em sua maior parte brasileiro, o público lotou as mesas-redondas e as sessões de autógrafos, ajudando a bater a meta de vendas de livros esperada pela Câmara Brasileira do Livro. Mas os bons números não esconderam preocupações para o futuro, como a falta de bons tradutores de português na França — o que é visto como entrave para uma maior e mais constante penetração da literatura nacional por lá.
— O Brasil é o único país a ter sido homenageado duas vezes no Salão do Livro de Paris. O evento vai nos trazer mais estudantes, e isso deve repercutir na formação dos tradutores — prevê Leonardo Tonus, professor da Universidade de Paris-Sorbonne (Paris IV) e um dos curadores da delegação brasileira. — Há uma ausência de tradutores no mercado francês, é urgente formar novos profissionais. Isso passará por uma estabilização do ensino do português e da penetração da literatura brasileira na França.
*O repórter viajou a convite do Consultado da França no RJ
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