Ele sempre me levava ao Maqui Mundi, um antigo kartódromo na Barra da Tijuca, onde também iam outros amigos dele como o Pedro (pai de uma atriz famosa), o Paulinho (hoje um bem sucedido construtor de barcos) e o Tonka (amigo do colégio Brasileiro de Almeida, que ficava na Lagoa onde funciona hoje uma unidade da UniverCidade) e todos eles conseguiam dar voltas nos karts, enquanto que eu, com bem menos de dez anos nesse tempo, só olhava.
O tempo passou e passei a curtir uma outra onda: os campeonatos cariocas de moto-cross, em uma barrenta pista construída bem ao lado do mesmo Maqui Mundi, onde era levado pelo Rafael, meu antigo cunhado.
Minha paixão por este esporte levou o Rafael a me dar em 1978, quando tinha apenas treze anos, uma raridade: um raro exemplar das seis Husqvarna WR 250cc existentes no Brasil – que eram iguais a motocicleta que ganhara, em 1976, o Rally Paris-Dakar.
Um pouco mais velho – no equivalente hoje ao 8º ano do ensino médio – um amigo mais ousado, o João, começou a correr no Autódromo de Jacarepaguá, em uma categoria que se chamava nesta época, 1980, de Força-Livre.
Éramos vizinhos e íamos para o Andrews, colégio no qual estudávamos, de Dodge Charger e lembro bem de um azul, de um amarelo e de outro branco e que neles não existiam bancos, a não ser o do motorista: o carona sentava em um caixote de madeira ou no assoalho do carro que aliás, era muito quente já que os escapamentos eram abertos.
Resumindo, adoro corridas mas vamos a um pano rápido, mudando o foco para a grande paixão nacional: o futebol.
Meus amigos, mesmo os mais chegados sempre estranham quando eu afirmo que torço, em proporções iguais, para o Flamengo e para o Botafogo – não necessariamente nesta ordem – e sempre me pedem para explicar como isso aconteceu.
Então vamos lá: o Aroldo, meu irmão lá de cima – do texto e do céu – era Flamenguista doente, daqueles que sabiam a escalação de todos os times, de todos os campeonatos e a ponto de ficar amigo de um atacante argentino chamado Doval, que chegou ao clube em 1969, saírem de noite juntos e tomar café da manhã em um bar da Rua Dias da Rocha – onde morávamos – quase todos os dias.
Esse tipo de farra fez com que ele deixasse o clube em 1971 mas, voltando ao Aroldo, o ponto era simples: eu detestava futebol e ele me forçava a ser Flamengo, senão me dava uns cascudos.
De outra parte, meu primo Ricardo, descendente de uma linhagem de botafoguenses ilustres, e que morava com minha avó Marta (seus pais moravam em SP) a que eu sempre ia visitar em seu apartamento na Praia do Flamengo.
Muitas vezes chegava lá e o Ricardo, antigamente bem maior do que eu, estava jogando futebol de botões com outros primos como o Marquito ou mesmo com seu pai, que vinha visitá-lo e quando perguntavam meu time e eu respondia Flamengo, era uma chuva de cascudos.
Então com o passar do tempo e dos cascudos do Aroldo e os do Ricardo, fui aprendendo a gostar dos dois times e, hoje em dia morando na França, olho para traz e vejo quanta coisa bacana pude acompanhar e viver e sinto saudades até do Galvão Bueno.
Calma, vou explicar: como vocês sabem, o Campeonato de Fórmula 1 começou ontem e, como eu adoro, fui assistir na televisão. Mais precisamente na TF1 – nome apropriado para uma emissora que transmite a F1.
Lá estava eu diante de minha TV ligada, escutando atentamente aos comentaristas, com a largada, minha preocupação virou um verdadeiro desespero que vocês não vão acreditar: há intervalos comerciais durante a transmissão, a cada dez ou quinze minutos.
Definitivamente, quero o Galvão de volta na minha vida, ainda não sei bem como, mas quero.
Em tempo: e se um dos Felipe ganhasse? Como iria escutar o “Tema da Vitória”?
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