sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Je ne suis pas Charlie: menino de 8 anos é interrogado após defender os atentados em Paris na escola



Ahmed tem 8 anos e está no segundo ano de uma escola primária em Nice, Sul da França. Uma criança como outra qualquer. Mas nesta quinta, ganhou as páginas dos jornais franceses após vir à tona que ele teria sido convocado para depor numa delegacia por “apologia ao terrorismo”. De acordo com o jornal “Nice Matin”, um dia após o atentado ao jornal “Charlie Hebdo”, o garoto, que é de família muçulmana, teria se recusado a fazer um minuto de silêncio na escola em homenagem aos mortos, além de dizer:

— Eu não sou Charlie. Estou do lado dos terroristas. Os muçulmanos fizeram bem: os jornalistas mereciam a morte.

Em sua conta no Twitter, o advogado da criança, Sefen Guez Guez, disse que o menino e o pai foram convocados à delegacia, após o diretor da escola apresentar queixa, no dia 21 de janeiro. O advogado classificou o episódio como exemplo do “estado de histeria coletiva” vivido no país após os ataques jihadistas em Paris e arredores, que deixaram 17 mortos há três semanas.

Durante o depoimento — que segundo a polícia teria durado meia hora, mas de acordo com o Coletivo Contra a Islamofobia na França (CCIF) levou duas horas — o menino não soube explicar o que significava a palavra “terrorismo”. De acordo com a diretora-adjunta de segurança pública regional, Fabienne Lewandowski, a criança admitiu ter dito algumas coisas.

— Mas, visivelmente, ele não compreende o que está dizendo — disse Fabienne.

Uma das maiores preocupações do governo francês é com a radicalização dos jovens, por isso, resolveu-se investir pesado em propaganda, sobretudo na internet, contra a jihad. Nesta quinta, um vídeo divulgado no site stop-djihadisme.gouv.fr mostrava cenas com homens decapitados sendo crucificados ou jogados de um penhasco, com alertas.

— Eles (jihadistas) te dizem: sacrifique-se ao nosso lado e defenderá uma causa justa. Mas, na realidade, você irá descobrir o inferno na terra e vai morrer longe da sua casa.

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