domingo, 9 de novembro de 2014

Paris vai ter 1350km de ciclovias até 2020



Segundo informações do jornal O Globo, o movimento pelo uso da bicicleta, que cresce no Brasil, está longe do que é visto em países desenvolvidos. O Rio, que ostenta a maior extensão de ciclovias — são 380 quilômetros — não chega perto de Paris. Na capital francesa, são 650 quilômetros instalados, e os deslocamentos para o trabalho feitos por bicicletas já são 5% do total. Para chegar a 15% em 2020, ou 1.350 quilômetros, as ciclovias terão acréscimo de 700 quilômetros.

Em São Paulo, as bicicletas invadiram as ruas. São 149 quilômetros, e o objetivo é chegar a 400 até o fim do ano que vem.

Mesmo com o avanço das ciclovias em metrópoles, governos e empresas ainda enxergam as bikes como meio de lazer. No Rio, a responsabilidade pela gestão das ciclovias é da Secretaria do Meio Ambiente e não da pasta dos Transportes. Os BRTs não contam com vias para as “magrelas”.

— No Rio, muitas pessoas usam os corredores de ônibus dos BRTs para andar de bicicleta, com a ilusão de que são mais seguros. Isso prova que há demanda e que não é atendida — afirma Willian Cruz, editor do site Vá de Bike e especialista no tema.

Ele compara com São Paulo: os 150 quilômetros de corredores de ônibus que serão instalados até o fim de 2015 contarão com ciclovias ou ciclofaixas.

Além de faltar bicicletários e locais para banho nos locais de trabalho, mesmo as fábricas de bicicleta estão desconectadas:

— Nas lojas, o que mais vemos são modelos de mountain bike, não há bons modelos de bicicletas de transporte, com para-lamas, bagageiro e protetor de correntes para evitar graxa nas calças — diz Cruz.

NO FIM DE 2015, RIO PODERÁ TER 450 KM

A Secretaria do Meio Ambiente do Rio afirmou que toma conta das ciclovias pela redução de emissão de gás de efeito estufa, o CO2. A secretaria explica ainda que não há ciclovias junto aos BRTs pois a prefeitura entende que as bicicletas são alimentadoras dos grandes corredores logísticos. O governo quer ter 450 quilômetros até o fim do ano que vem, quando a cidade completa 450 anos.

— Já temos uma solução de transporte de muito boa qualidade, que é o BRT, e as ciclovias serão vias alimentadoras — disse Carlos Alberto Muniz, secretário Municipal de Meio Ambiente.

Em São Paulo, o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, afirma que as bicicletas, que ganharam evidência na atual gestão do prefeito Fernando Haddad, ajudam nos trajetos de curta distância. A cidade adicionou 96 quilômetros aos 53 já existentes. Em São Paulo, apenas 3% da população usam a bicicleta em seus deslocamentos.

Para especialistas, é preciso que haja mais integração entre ciclovias e terminais de ônibus e metrô, com local para guardar as bicicletas, já que o transporte alternativo não é visto como solução de mobilidade.

— Não dá para ser contra a bicicleta. Ciclovia é civilizatória. Ela é uma delicadeza no trânsito, mas colabora pouco para a mobilidade — opina o arquiteto e urbanista Cândido Malta

LONDRES: ALTA DE 720% NO USO

Na Cidade Luz, duas palavras passaram a fazer parte do vocabulário cotidiano: Vélib e Autolib, respectivamente os sistemas de aluguel de bicicletas e de carros elétricos em livre serviço. Inaugurado em 2007, o Vélib tem frota de 24 mil bicicletas em 1.700 estações e o sistema tem batido recordes sucessivos de uso. No dia 3 do mês passado, foi registrado o equivalente a duas Vélib alugadas a cada segundo em Paris.

Outro eixo do plano de expansão das ciclovias será o de facilitar o estacionamento de bicicletas. E para acostumar as crianças à cultura da bicicleta, a Prefeitura implantou há quatro meses o Petit Vélib, que oferece a locação de 300 bicicletas, de quatro modelos diferentes, para crianças entre 2 e 8 anos de idade, com a possibilidade de sessões de aprendizado em diferente locais da cidade.

No Reino Unido, o movimento se repete. O censo de 2011 mostra que 740 mil pessoas na Inglaterra e no País de Gales admitem usar bicicletas como principal meio de transporte. Isso significa um aumento de 720% em dez anos. Londres cobra uma taxa diária de 10 libras (cerca de R$ 40) para quem entrar no centro de carro. Em um mês de trabalho, o “pedágio verde” sairia a R$ 880.

— Trago a minha bicicleta dobrável comigo. Saio da estação de trem de Marylebone e sigo para o trabalho. Economizo o dinheiro do metrô pelo menos — disse o engenheiro Sam Hughes, enquanto prendia o capacete.

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