"Rive Gauche" passa o dia-a-dia de Paris e da França, com estilo leve, distraindo e levando o leitor à um passeio pela Cidade Luz e seus arredores. Nasceu como uma coluna dominical publicada no Jornal do Brasil e depois migrou para dois sites com atualizações semanais, o www.investimentosenoticias.com.br e o www.annaramalho.com.br e, além disso, conta com atualizações neste blog e no Facebook.
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
Hollande bate no fundo do poço
Segundo agências internacionais e o jornal O Globo, a popularidade de François Hollande sofreu uma nova queda ontem (6), alcançando o pior resultado para um presidente francês. O líder socialista, que chega na metade de seu mandato de cinco anos, obteve um índice de aprovação de 12% no levantamento mensal do instituto YouGov, inferior aos 15% registrados no mês passado. Outras pesquisas recentes colocaram a popularidade de Hollande em 13%.
O resultado veio horas antes de o presidente fazer um discurso para defender a sua política econômica. Mais cedo, o chefe-executivo do terceiro maior banco da França, Credit Agricole, fez duras críticas ao governo de Hollande por seus esforços incertos para alavancar a segunda maior economia da zona do euro.
— A ausência de uma visão clara e a falta de coerência nas políticas econômicas estão pesando sobre a confiança e, portanto, sobre os investimentos e a atividade econômica — afirmou o CEO Jean-Paul Chifflet durante uma teleconferência para apresentar os resultados do banco.
Hollande participará mais tarde de uma sessão de perguntas e respostas no horário nobre do canal TF1. Ele provavelmente enfrentará críticas sobre promessas não cumpridas para reverter o aumento do desemprego e o déficit público.
Uma pesquisa da Harris Interactive publicada na segunda-feira mostrou que 92% dos entrevistados disseram que não estão satisfeitos com Hollande, e 96% acreditam que o presidente não cumpriu as suas promessas de campanha feitas antes de chegar ao poder em 2012.
Cada vez mais criticado pela oposição e também contestado no seio de seu próprio Partido Socialista (PS), em meio a índices econômicos desanimadores — crescimento nulo e desemprego em alta —, o presidente atravessa um sombrio período em ternos de credibilidade.
De junho de 2012, um mês após a eleição presidencial, até setembro de 2014, o índice de confiança da população em Hollande, segundo a sondagem TNS/Sopra, havia caído de 55% para 13% — um recorde negativo entre os presidentes da 5ª República, estabelecida pela Constituição de 1958.
Ainda ontem, em entrevista transmitida ao vivo pelo canal TF1, o presidente reconheceu que “pode ter cometido erros”, em especial no caso do desemprego, para o qual propusera uma “inversão de curva” em 2013 e que, se não diminuir, Hollande afirmou que não se candidatará à reeleição em 2017.
— Vocês acham que eu me apresentaria como candidato ao eleitorado francês se eu não conseguisse diminuir o desemprego? Os eleitores seriam implacáveis comigo e teriam razão. Até lá, seguirei reformando e fortalecendo a França.
— Reconheço este erro, especialmente porque dei esperanças a muitos desempregados — lamentou Hollande, que assegurou ter tomado todas as decisões sobre as reformas realizadas na França. — O primeiro-ministro, Manuel Valls, apenas aplica a política que o presidente definiu para a nação.
Valls é acusado pela ala esquerdista do Partido Socialista de ter “inclinações liberais”.
— Não sou presidente da República porque fui sorteado. Sou um ser normal, mas tenho couro duro. Há dois anos e meio que contenho — conta o presidente que também teve que lidar com a publicação de um livro vingativo de sua ex-namorada, Valérie Trierweiler.
Por fim, o presidente anunciou a candidatura da França como sede da Exposição Universal de 2025, e disse que gostaria que Paris se candidatasse a sediar os Jogos Olímpicos de 2024, o que foi descartado hoje pela Prefeita Anne Hidalgo enquanto os esportes e esportistas olímpicos franceses não estiverem melhor preparados.
E, por mais que Hollande tenha tentado dar um novo impulso à segunda metade do seu mandato, sua popularidade atingiu um recorde negativo, e muitos já classificam o ambiente político na França como um “fim de reinado”: na pesquisa Ipsos, 62% dos entrevistados manifestaram o desejo de que Hollande deixasse imediatamente o Palácio do Eliseu.
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