"Rive Gauche" passa o dia-a-dia de Paris e da França, com estilo leve, distraindo e levando o leitor à um passeio pela Cidade Luz e seus arredores. Nasceu como uma coluna dominical publicada no Jornal do Brasil e depois migrou para dois sites com atualizações semanais, o www.investimentosenoticias.com.br e o www.annaramalho.com.br e, além disso, conta com atualizações neste blog e no Facebook.
terça-feira, 1 de julho de 2014
Piscine Molitor reabre como clube e hotel de luxo
Luiza Barros, publicou no Caderno Ela Online, do jornal O Globo, uma excelente história sobre o projeto de renovação da Piscine Molitor - no 16ème, fundada em 1929, foi onde o biquíni foi apresentado pela primeira vez - e do prédio ao seu redor. Segue a peça:
"O carioca que se prepara para curtir as férias na capital francesa talvez não pense que valha a pena acrescentar uma roupa de banho na mala. Porém, para quem já está de passagem comprada, talvez seja melhor rever a decisão. Recém-inaugurado, o Molitor, no 16ème, é a nova joia a ser descoberta na cidade-luz. Misto de clube e hotel cinco estrelas, o empreendimento marca uma nova fase na vida do local histórico, que abrigava uma famosa piscina pública em art déco e estava fechado desde 1989, à espera de um projeto que pudesse trazer de volta o brilho dos tempos de ouro da construção.
Agora, o hotel e clube, que ainda conta com um spa da Clarins, promete ser o ponto de encontro entre os parisienses endinheirados que vivem no tranquilo bairro de Auteuil, próximo ao Bois de Boulogne, e entre turistas que buscam uma experiência nova na mais visitada de todas as cidades.
— O Molitor precisava recuperar a sua população parisiense, ao mesmo tempo em que atende a turistas que buscam algo original, fora do comum — diz Vincent Mézard, diretor-geral do hotel, que trabalhou por três anos no projeto de recuperação do Molitor antes de assumir as rédeas do estabelecimento.
Um passeio por lá realmente comprova que este não é um lugar que chame a atenção apenas dos turistas. Nas mesas do restaurante (cujo menu é assinado pelo chef Yannick Alléno, três vezes agraciado com a estrela Michelin), ou no aprazível terraço com vista para a Torre Eiffel, é sobretudo o francês que se escuta. O interesse dos locais se explica devido à história do prédio, que entrou para a memória afetiva de mais de uma geração como lugar de encontros, namoricos e divertimento.
Inaugurada em 1929, a Piscina Molitor surgiu da mente de um investidor local que buscava usufruir do potencial da região para a prática esportiva — apenas um ano antes, o estádio de Roland Garros, hoje palco de uma das mais importantes competições do tênis, fora construído num terreno próximo. Para dar o primeiro mergulho na piscina, foram convidados dois campeões olímpicos: Aileen Riggin e Johnny Weissmuller, o último também conhecido mais tarde por encarnar Tarzan em uma infinidade de filmes das décadas de 1930 e 1940.
Nos anos seguintes, o local, com sua lendária fachada amarela e azul, seria o destino favorito da juventude de classe média alta de Paris e redondezas, seja no verão ou no inverno, quando a piscina se transformava em pista de patinação. A popularidade do local conseguiu mesmo resistir ao terror da Segunda Guerra Mundial: o Molitor teve o seu momento mais memorável imediatamente após o conflito, em 1946, quando o engenheiro de carros transformado em estilista Louis Reárd apresentou ao mundo o que seria a sua maior invenção: o biquíni.
— Nenhuma modelo aceitou vestir a peça, então ele teve que convidar Micheline Bernadini, que era uma dançarina do Cassino de Paris — explica Mézard, que detalha as dificuldades para resgatar a história do local.
— O prédio estava em um estado péssimo demais para poder ser aproveitado, e tivemos que derrubá-lo e construir tudo do zero. O desafio foi ser fiel ao que Lucien Pollet (o arquiteto responsável pelo projeto de 1929) havia idealizado, mas também adequando-o às novas necessidades do hotel.
Mesmo em seu tempo de abandono, o Molitor não deixou de ser frequentado. Ao ver a decadência do seu negócio, o investidor privado que administrava a piscina a devolveu ao poder público em 1989. A decisão do Ministério da Cultura francês de tombar o prédio, no entanto, impediu sua demolição. Enquanto políticos brigavam sobre qual seria o destino ideal do prédio, grafiteiros o invadiam. Em pouco tempo, o Molitor tornou-se uma espécie de templo da arte de rua, completamente tomado pelas cores urbanas do grafite. Festinhas ilegais se tornaram comuns por lá, até que investidores da Capital Colony e da gigante hoteleira Accor ganharam o direito de explorar o local, sob a condição de que arcassem completamente com a sua reconstrução. Os preços para conferir o resultado: a diária custa, em média, €300; a anuidade do clube, €3.300, e quem quiser dar um mergulho sem compromisso na piscina deve desembolsar €180. Seja como for, o fato é que a nova fase do Molitor promete render boas e novas histórias."
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