"Rive Gauche" passa o dia-a-dia de Paris e da França, com estilo leve, distraindo e levando o leitor à um passeio pela Cidade Luz e seus arredores. Nasceu como uma coluna dominical publicada no Jornal do Brasil e depois migrou para dois sites com atualizações semanais, o www.investimentosenoticias.com.br e o www.annaramalho.com.br e, além disso, conta com atualizações neste blog e no Facebook.
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
Museu das Confluências é inaugurado em Lyon
Joseph Giovannini, do The New York Times nos conta sobre a inauguração do Museu das Confluências - que se chama assim por se encontrar no encontro das águas dos rios que fica entre os rios Rhône e Saône, em Lyon, na segunda maior zona metropolitana da França e que conta com um acervo bem variado, arquitetura ousada, exposições de antropologia e ciências naturais.
A França brinca com a arquitetura da mesma maneira como a Inglaterra joga rúgbi: com a mesma intensidade de um esporte de contato. Quando um grande museu abre em alguma cidade, o evento se torna um acontecimento de grande repercussão. As pessoas opinam e tomam partido. Talvez seja um eco cultural dos tempos de Louis XIV e da glória de Versailles: neste país de monumentos duradouros, a arquitetura realmente importa.
No outono europeu, a temporada cultural francesa foi aberta com a inauguração da Fundação Louis Vuitton, em Paris, um ambiente que agrega arte contemporânea, projetado por Frank Gehry. No outro extremo do espectro cultural, a segunda maior região metropolitana da França, Lyon — indiscutivelmente, a rival histórica de Paris, ou o equivalente a Chicago de Nova York — acaba de inaugurar o igualmente grande Museu das Confluências.
É uma instituição interdisciplinar, que interpreta a antropologia, a etnologia e as ciências naturais, por meio de exposições narrativas que mostram as muitas histórias da humanidade, representando as origens do universo em várias sociedades. Mas a sua arquitetura também ajuda a alavancar a política francesa de longa data de aumentar o acesso do público à cultura.
Predecessor do Museu das Confluências, o Museu de História Natural Guimet funcionava em um prédio de arquitetura neoclássica e foi perdendo, ao longo dos anos, a sua importância. Seus administradores tinham como objetivo abrir psicologicamente e arquitetonicamente um espaço que pudesse abrigar um público mais amplo. O Museu das Confluências trocou o paradigma tradicional de "casa do tesouro" pelo de um ambiente mais extrovertido, alojado em uma estrutura "porosa".
Desenhado pelo empresa austríaca Coop Himmelblau, o edifício de 180 milhões de euros fica na ponta de uma península em um dos locais mais espetaculares da França: a confluência dos majestosos rios Rhône e Saône. A entrada é envolta por paredes de aço e vidro, com formato que lembra uma nuvem ou uma nave espacial. Há dois andares repletos de galerias com paredes negras, dois auditórios, salas de conferências e áreas de serviço.
O projeto da Coop Himmelblau é tanto um plano urbanístico para a península, quanto um marco escultural. A ideia dos arquitetos é convidar o público a caminhadas em frente ao rio e ao parque, que também está sendo projetado pela empresa, com previsão de finalização durante a primavera na Europa. O prédio, o museu, o parque e a península funcionam juntos, atraindo pedestres e ciclistas "para um ímã, um ponto de confluência", conforme explica Wolf D. Prix, principal designer:
— As pessoas podem andar livremente sob o edifício, parar para um café no restaurante ou comprar um livro na loja.
Financiado principalmente pelo governo local, o museu é um catalisador de novos escritórios, prédios de apartamentos e edifícios governamentais.
— Essa zona era negligenciada. Um bairro decadente, ocupado por galpões industriais e áreas de prostituição. — lembra Michel Côté, diretor da empresa em 2001, quando houve uma competição para escolher o desenho do prédio, e atual diretor dos Museus da Civilização, em Quebec.
Em um dos níveis, uma passarela de pedestres leva os visitantes a uma imensa galeria com exposições temporárias e permanentes, que incluem um esqueleto gigantesco de dinossauro. A variedade é grande. Também há mamíferos empalhados, estátuas africanas e esculturas egípcias. As duas "avenidas" dentro do museu oferecem vista panorâmica para a confluência dos rios vizinhos.
Quando pronto, o parque não ficará em um terreno com jardim convencional, pontilhado por bancos. O plano é de uma área ao ar livre, projetada para incentivar atividades diversas, onde artistas e músicos poderão encontrar suas plateias. Um anfiteatro informal está sendo construído e barcos já descansam ao lado do museu.
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