sábado, 8 de fevereiro de 2014

George Clooney retrata o resgate da Arte após a Segunda Guerra

George Clooney, diretor do filme "Os caçadores de obras-primas", num cenário que inclui réplica de "A última ceia", de Da Vinci. Convento onde ficava o afresco foi bombardeado e paredes tiveram de ser sustentadas por sacos de areia Foto: Claudette Barius / AP/Divulgação

De acordo com informações da AP há, por toda a Europa, há prédios e obras de arte acessíveis ao público em geral que representam um pouco do trabalho heroico que fez durante a Segunda Guerra Mundial o grupo retratado no filme “Os caçadores de obras-primas”, dirigido por George Clooney.

A missão da equipe retratada no longa era resgatar obras-primas roubadas pelos nazistas. Assim como os feitos do grupo passaram anos sem destaque, muitos objetos que foram salvos ficaram décadas “escondidos à luz do dia”, segundo Robert Edsel, autor do livro “Caçadores de obras-primas - Salvando a arte ocidental da pilhagem nazista” (ed. Rocco). A obra inspirou o roteiro do filme estrelado por George Clooney, Matt Damon, Bill Murray, Cate Blanchett e outros.

Edsel falou sobre alguns dos lugares e obras de arte na Europa que contam a história do trabalho de 350 homens e mulheres dos países aliados - muitos arquitetos, artistas, curadores e diretores de museus quando se alistaram. Aos poucos, eles recuperaram mais de cinco milhões de bens culturais roubados pelos nazistas em roubos sistemáticos.

Por exemplo, quando os nazistas invadiram o museu Jeu de Paume, em Paris, tornando-o a base da operação de pilhagem das obras de arte, a especialista em arte francês Rose Valland obteve permissão para ficar. Mas Rose sabia falar alemão, fato que os nazistas desconheciam, e assim conseguiu descobrir onde as obras - a maioria roubada de famílias judias na França - seriam escondidas.

Ela passou as informações para o caçador de obras-primas James Rorimer após a libertação de Paris, direcionando-o para o castelo alemão de Neuschwanstein. Hoje, uma plaquinha na esquina sudoeste do Jeu de Paume, perto da Place de la Concorde, reconhece a bravura de Rose.

Para observar uma obra de arte com uma história que resume a máquina de pilhagens nazista, Edsel diz, basta olhar para o quadro de Jan Vermeer, “O astrônomo”, no Museu do Louvre.

- Se pudéssemos tirá-lo da parede, veríamos um código do inventório nazista atrás da tela - conta. - Esse quadro foi roubado da família Rothschild, levado ao Jeu de Paume. Foi selecionado para o museu de Hitler, acabou na mina de sal de Altaussee e foi encontrado pelos caçadores de obras-primas, devolvido à família e depois doado ao Louvre.

Quem visita a cidade de Bruges, que parece ter saído de um livro de História medieval, se impressiona com a escultura de mármore de Michelangelo, Virgem com o Menino Jesus, na Igreja de Nossa Senhora. Poucos, porém, conhecem a horrível jornada da obra de arte durante a guerra. Roubada da igreja por oficiais alemães em 1944, a escultura foi descoberta pelos Caçadores de Obras-Primas em um colchão sujo em uma mina de sal perto de Altausse, na Áustria.

Na cidade de Ghent, perto de Bruges, os turistas podem se observar outra obra que teve história semelhante na guerra: o retábulo de Ghent. Composto por painéis de Jan van Eyck em 1432, foi confiscado por alemães em 1940 da Catedral de Saint Bavo na mesma cidade. Também acabou descoberta após a guerra na mina de Altausse.

Na Áustria, é possível visitar a mina onde essas obras de arte mais 6.600 quadros, 140 esculturas e outras peças encheram mais de cem túneis. A mina de Altausse, a 45 minutos da cidade de Salzburgo, abrigava os tesouros com que Adolf Hitler queria exibir no museu planejado para abrir em Linz, na Áustria.

Hoje, o castelo do rei Lugwig “Maluco” nos Alpes Bávaros na Alemanha recebe milhares de turistas. Mas, durante a guerra, o castelo serviu de esconderijo para cerca de 21 mil itens roubados de colecionadores franceses e também os registros da pilhagem.

O caçador de obras-primas John Davis Skilton chegou à cidade alemã de Wurzburg com a esperança de salvar o afresco no teto de Giovanni Battista Tiepolo, “Alegoria sobre planetas e continentes”. O afresco do palácio Residenz, original da década de 1750, estava em perigo: o telhado que protegia a obra fora derrubado por bombardeios dos Aliados, deixando a obra exposta. Edsel conta que Skilton tentava de alguma forma recolocar um telhado ali para proteger o afresco.

- Ele percebe como a obra está numa situação precária, então ele conseguiu encontrar um marceneiro, o que foi nada fácil - narra o autor. - Hoje, quando você entra no palácio Residenz, no último dos cômodos da visita, há um pequeno relicário em homenagem a John Skilton.

Na Itália, as pontes de Florença de hoje representam os tesouros culturais que não sobreviveram à guerra. Com exceção da Ponte Vecchio - a famosa ponte coberta da cidade -, as outras pontes sobre o Rio Arno foram destruídas pelos nazistas na retirada da Itália em 1944. Fotos da guerra mostram as pessoas atravessando os destroços. Edsel afirma que as pontes reconstruídas são “parte do legado transformado com que convivemos hoje”.

O trabalho do caçador de obras-primas Deane Keller para restaurar o prédio Camposanto, que estava seriamente deteriorado, era tão importante para ele que lá Keller foi enterrado quando morreu, em 1992. Durante a guerra, foram afetados os afrescos em um antigo cemitério, perto da Torre de Pisa, durante um incêndio numa das batalhas pela cidade. Keller trabalhou com uma equipe para resgatá-los e salvar o que era possível.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Normas para publicação: acusações insultuosas, palavrões e comentários em desacordo com o tema da notícia ou do post serão despublicados e seus autores poderão ter o envio de comentários bloqueado.