segunda-feira, 29 de junho de 2015

O mundo é nylon – e daí? Um conceito revisitado.

O mundo é “nylon”. Há muitos anos escutei essa frase que resume e que fecha a questão de um embate entre as duas cidades – Nova York e Londres – que lançam e definem as tendências mundiais em diversos campos da cultura e da moda do planeta.

É verdade que Paris, Milano, Tókio e Shanghai têm seu peso, mas sem a ressonância do tambor de “nylon”, seria bem mais difícil alcançar resultados globais.

Sempre me questionam porque escolhi morar em Paris e não em Nova York ou Londres. A resposta é mais óbvia em questão à NY: naquele ano de 2009 a Europa era mais indicada por ter um maior campo para a minha atuação profissional. Mas hoje em dia, infelizmente – ou felizmente – esse campo está dividido com os EUA.

Já para não ter escolhido Londres tenho que suar um pouco mais para explicar, afinal Londres é mais limpa, com transporte e facilidades melhores, as pessoas são mais gentis e, para completar, há muitas empresas e veículos de comunicação no segmento da Dance Music, que é o meu negócio.

Posso tentar dizer que Paris é mais central no continente, que por ser 15 vezes menor em área é mais charmosa, que por ter 4 vezes menos habitantes é mais acolhedora, que a língua já me era conhecida e por aí vamos.

Mas o que mais gosto de dizer é que Paris é mais calma, apesar de tantos milhões de turistas e que Londres (assim como NY) é muito agitada e que tem uma infinidade de coisas novas e eventos acontecendo.

Hoje procuro o contrário, viver com paz, com tranquilidade e com simplicidade e, por comparação, seria como morar no Rio (Paris) e curtir São Paulo (Londres) de vez em quando, com tudo que lá tem de bom.

Ou, a que mais gosto de dizer, morar em Petrópolis e curtir o Rio de vez em quando.

Admito que o mundo é mesmo “nylon” ou, melhor dizendo, é NY-LON. Mas e daí?

Afinal morar em Paris é meu sonho realizado e, desde que estive aqui pela primeira vez em 1978, sempre pensei como poderia voltar para morar e trabalhar na Cidade Luz que tanto gosto.

E sonhos não se trocam, apesar de serem duas outras cidades encantadoras.





segunda-feira, 22 de junho de 2015

O 62º Cannes Lions Festival



Situada ao Sul da França, Cannes é um balneário de ricos e famosos (e também de classe média) às margens do sempre vivo azul do Mediterrâneo, é uma “Hollywood” europeia, temperada com a crème de la crème da França: discreta, culta, menos óbvia, mais chique e bem mais sofisticada que a Meca do cinema norte-americano.

Junto da exclusiva Saint Tropez, Cannes forma o extrato do melhor da Riviera Francesa, também chamada de Côte d’Azur: um lugar para curtir a vida, tomar champanhe, comer peixes e frutos do mar, ver, ser visto e lançar tendências.

Cannes reserva em cada esquina um potencial encontro com famosos do porte de Catherine Deneuve, Victoria Abril ou Gérard Depardieu e, a cada Ferrari que passa, pode-se reconhecer alguém que é ou que será famoso.

Dois grandes eventos se destacam em Cannes: o badalado Festival International du Film, que acontece em maio, quando o balneário transborda de artistas, paparazzi e, claro, de muitos fãs que infelizmente não têm acesso a nenhuma das 350 salas de cinema do festival que não ficam abertas para os mortais comuns, apenas para convidados e VIP’s.

O outro é o Cannes Lions, o festival internacional da criatividade e de publicidade, conta com a nata mundial - é considerado como o único local de encontro verdadeiramente global para os profissionais da indústria da comunicação - desta indústria e que na sua 62º Edição tem recorde de categorias e inscrições: recebeu mais de 35 mil inscrições de 94 países sendo que o Brasil é o segundo maior participante em quantidade de peças inscritas.

Além de seus hotéis e das suas praias, Cannes ainda tem três cassinos para divertir os ricos e famosos, sendo o mais acessível deles o Croisette, bem próximo ao Palais des Festivals, onde acontecem os dois eventos acima.

O 62º Lions International Advertising Festival - que começou ontem (21) e que terminará no dia 27, com duração de sete dias - será o maior e mais grandioso do que todas as edições anteriores e conta com cerimônias de premiação, seminários, workshops, exposições, master-classes e muito, mas muito networking mesmo.

Suas categorias são julgadas por júris selecionados com o maior rigor e sempre compreendidos dos melhores profissionais mundiais do setor e poucos lugares no planeta reúnem, a um só tempo, tantos grandes formadores de opinião em cada um de seus respectivos países quanto o Cannes Lions.

Em 2011, para se adaptar aos novos tempos, o festival trocou de “Festival Internacional de Publicidade” para “Festival Internacional de Criatividade” e, desde então, vem agregando novas categorias e consolidando uma tendência que reflete a excelência criativa em todas as formas de comunicação.

O Cannes Lions em números, tomando como base a 61º Edição, de 2014:
  • 37.500 inscrições
  • 18 categorias de competição
  • 2 grandes Galas (festas), com 3.600 participantes em cada (média)
  • 4 cerimônias de premiação
  • 61 seminários
  • 36 workshops
  • 10 aulas magnas
  • 12.000 participantes
  • 2.200 profissionais de marketing
  • 139 países inscreveram peças
  • 94 diferentes nacionalidades presentes
Veja aqui um vídeo sobre o evento de 2014: https://youtu.be/7Nas_1D0-l8

segunda-feira, 15 de junho de 2015

O outro Musée Rodin: revisitamos o local em Meudon


O Musée Rodin de Meudon, pequena cidade ao sudoeste de Paris, no Departament des Hauts-de-Seine, fica num pavilhão que o escultor vinha alugou por dois anos, a Villa des Brillants, e que acabou por comprar em leilão no ano de 1895, quando tinha 55 anos.

O artista lá se estabeleceu depois com sua ruptura com Camille Claudel e foi nesta casa que viveu até o fim da sua vida, com sua eterna companheira, Rose Beuret, com quem casou no início de 1917, poucas semanas antes do seu falecimento até que, no inverno do mesmo ano, Rodin também falecerá.

O casal repousa no parque da mansão, em um local timidamente iluminado pelos raios de sol e onde reina a tranquilidade do Olimpo, diretamente debaixo de uma das suas mais famosas esculturas: O Pensador.

Aqui Rodin encontrou a calma, o espaço e a natureza que o fez aperfeiçoar ainda mais a sua obra e é também o local onde costumava expor a sua grande coleção de antiguidades nos jardins, transformando-o em um museu ao ar livre.

Hoje, a ampla oficina ao lado da mansão abriga ainda noventa obras antigas e, a partir de fotografias de época, apresenta o quadro de vida e de trabalho do Mestre, como se o tempo ali tivesse parado.

No centro do ateliê, reinam esculturas e ensaios de gesso que, iluminadas pela luz das imensas portas de vidro, parecem estar secando ainda, esperando serem derretidos no bronze. Contudo, é na pate inferior da mansão que penetramos um pouco mais na intimidade da obra de Rodin.

Mais de duzentas esculturas de gesso ou de mármore parecem estar dançando sob os raios do sol e, sobre estrado, o movimento se revela: L'âge d'airan, Les Bourgeois de Calais, Le Baiser: todas as obras que fizeram sua glória estão aí, em seu estado primitivo e bruto e que conta até com uma série de Balzac, mais ou menos despido, ilustra as primeiras etapas do processo criativo do escultor.

Em 1908, seguindo conselhos do poeta alemão Rainer Maria Rilke, então seu secretário, Rodin se instala no Hôtel Biron, na Rue de Varenne, no 7ème arrondissement de Paris mas, mesmo assim, ele volta toda noite para dormir em Meudon, seja por trem ou por barco, pelo Sena.

Musée Rodin de Meudon, Villa des Brillants
19, Avenue Auguste-Rodin – 92120 Meudon

RER C linha (estação Meudon-Val-Fleury)
Ônibus linha n°169 (parada Paul-Bert)

Telefone: 01 44 18 61 24
www.musee-rodin.fr
www.musee-rodin.fr/fr/le-musee/le-musee-rodin-meudon

 









segunda-feira, 8 de junho de 2015

O Château de Pierrefonds


O Château de Pierrefonds, que fica na cidade homônima, a cerca de 15km de Compiègne, no Departamento de l’Oise e mantém suas características de uma fortaleza e das suas defesas da Idade Média e, desde 1848 o Château de Pierrefonds está classificado como Monumento Histórico francês.

Sua história começa no Século XII quando, conhecido como "le Rocher" de Pierrefonds já havia um castelo e, quase três séculos depois, em 1392, Charles VI, eleva o Condado de Valois (do qual Pierrefonds fazia parte) a Ducado, doando-o a seu irmão Louis de Valois, Duc de Orléans.

Em seu testamento, Valois deixa o castelo original às Irmãs do Santo Suplício e, de 1393 até a sua morte em 1407, construiu um novo castelo – este que está em sua localização atual.

Em 1617, no reinado de Louis XIII, o castelo era propriedade do Prince de Condé e foi sitiado e invadido pelas tropas de Richelieu, que o conquista e inicia o seu desmantelamento, mas por conta do tamanho da empreitada, não chega ao seu fim.

O castelo permanecerá em ruínas durante dois séculos, até que Napoleão Bonaparte o resgata em 1810 por menos de 3.000 francos e, em 1857, Napoleão III ordena ao arquiteto Eugène Viollet-le-Duc que inicie as obras de restauração do castelo.

Hoje, quase inteiramente restaurado, já foi parte de filmagens de longametragens e de séries de televisão, como por exemplo: Les Visiteurs, a série de TV Merlin e Jeanne d'Arc de Luc Bresson.





segunda-feira, 1 de junho de 2015

A França que o Brasil ama


Por conta de seu tamanho, o Brasil apresenta um maravilhoso mundo de contrastes entre sua beleza, clima, habitantes, culturas e hábitos.

E, apesar da França ocupar uma área (543.965 km²) equivalente à da Região Sul do Brasil, a menor do Brasil (575.316 km² - 6,8% do território nacional) há no país uma grande diversidade entre seus departamentos (estados) e suas regiões.

Até algum tempo atrás, a maioria dos turistas brasileiros tinham em Paris e sua “vizinhança”, como Versailles, Reims – e suas caves, Chartres, Fontainebleu, Compiègne, Chantilly, Giverny, Provins etc o seu destino.

Hoje o Brasil tem visitado muitas outras regiões, como:
  • Côte D’Azur e suas cidades como Cannes, Antibes, Cagnes-sur-Mer, Cap d'Antibes, Juan-les-Pins, Nice, Saint-Tropez, Toulon, Villefranche-sur-Mer e até Mônaco, ali ao lado;
  • Provence, com suas plantações de lavanda e onde ainda se fala o dialeto provençal e as cidades com Aix-en-Provence, Avignon – a cidade do Papas e seu castelo e Marseille e seu porto;
  • Vale do Loire e seus vinhedos e cidades como Amboise, Angers, Blois, Chinon, Orléans, Saumur, Tours e seus castelos mundialmente famosos castelos, como os castelos de Amboise, Chambord, Villandry e Chenonceau;
  • Bordeaux e seus arredores, com produtores como Château Margaux, Château Latour, Château Lafite-Rothschild, Château Haut-Brion e Château Mouton-Rothschild e com a cidade balneário de Biarritz mais ao sul;
  • Alsace-Lorraine com cidades maravilhosas como Strasbourg – sede do Parlamento Europeu, Metz e Nancy, além de uma culinária de primeira;
  • Rhône-Alpes com ícones da gastronomia mundial como a Maison Troisgros em Roanne, as famosas brasseries de Paul Bocuse em Lyon e bem pertinho dali o seu maravilhoso L'Auberge du Pont de Collonges e, subindo os Alpes, as estações de ski Chamonix, Couchevel e Megève;
  • Bourgogne, com a cidade de Dijon e seus vinhedos da Côte-d'Or, Nièvre, Saône-et-Loire e Yonne, onde se produzem vinhos internacionalmente reconhecidos;
  • Bretagne, com Saint-Malô, Brest, Rennes, Nantes e o departamento de Finistère, que é onde se encontra o ponto mais ocidental de toda a França, o fim das terras e seu maior produtor de leite, couve-flor, alcachofras, porcos e frangos de todo o país;
  • Normandie, que conta com o Mont Saint-Michel e as cidades de Rouen, Caen, Le Havre e Cherbourg, além de ser produtora de queijos como Camembert, Livarot, Pont l'Évêque, Brillat-Savarin, Neufchâtel, Petit Suisse e Boursin e também bebidas como Cidras e Calvados. 
A cada ano que passa, mais e mais brasileiros vêm para a França a fim de conhecer essas – e outras, ainda – diferentes regiões, histórias, culturas, povos e, é claro, sua diferente gastronomia local e arrisco dizer que talvez seja o país da Europa mais explorado por nossos compatriotas, de cima à baixo, de um lado ao outro.